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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

010 - Historias de varzealegrenses - Por Antonio Morais

José Vicente da Lagoa do Arroz era o tipo do cidadão pacato, calma, medroso e mole. Tinha todas as qualidades de uma pessoa de paz. Morava na propriedade de José Vitorino Bezerra e Dona Emília Correia, cuja casa se localizava entre as residencias do Major Cirilo e do Senhor Joaquim Piau.

Casado com Madalena, dos Joaquim da Unha de Gato, uma santa em pessoa. Próximo da cidade, hoje em dia, um bairro. Os larápios se tornaram sócios comuns nas galinhas do José Vicente. Um belo dia José Vicente perdeu a paciência e se preparou para reagir. Carregou a espingarda soca-soca e fez tocaia na porta da cozinha. Noite de escuridão, no primeiro movimento para o lado do poleiro José Vicente apertou o dedo.

Voltando ao quarto falou para mulher: acertei em cheio, o cabra caiu em cima da bucha. Amanha cedo, antes da historia se espalhar, eu capo a gato para Unha de Gato, me escondo até passar o flagrante. No outro dia nada de vestígio de sangue, nada de defunto. Três dias depois José Vicente precisou pilar arroz e foi procurar o jumentinho Cabano para levar a carga. Os urubus estavam fazendo a festa. Mortinho danado com o tiro que José Vicente pensava ter acertado o gatuno.

A conversa se espalhou e José Vicente virava a cão se alguém fizesse sinal de tiro ou coisa parecida próximo da sua casa. Um belo dia, Mascote Teté e outros amigos passavam pela estrada, em frente a casa de José Vicente e, gritaram: " Pol ". José Vicente apanhou a espingarda e atirou de verdade. O Mascote respondeu de lá: Matou Estevam de Joaquim de Sátiro! José Vicente respondeu de cá: Mentira: que eu atirei foi pra riba!

 O Mascote subiu com os amigos para o Serrote e José Vicente ficou com suas duvidas e pensamentos: Agora se quando os chumbos desceram acertaram mesmo o filho de seu Joaquim de Sátiro. Eu vou é me esconder na Unha de Gato. Partiu, fez bunda de ema. Quando chegou à Cruz de Maria de Bil, pensou melhor: homem seu Joaquim de Sátiro é o maior amigo dos Zé Joaquim da Unha de Gato, eles vão é me entregar. Eu vou é voltar e me apresentar a Zé Cardoso no Gravié. Desceu por dentro das mangas para a casa do José Cardoso.

No outro dia, quando José Cardoso voltou da feira José Vicente perguntou: Seu José Cardoso é verdade que mataram um dos filhos de seu Joaquim de Sátiro ontem de madrugada? Não senhor, que historia mais besta é essa rapaz. José Vicente retornou para casa depois de todo esse pesadelo mesmo tendo certeza absoluta que tinha atirado pra cima.

3 comentários:

  1. Toda vez que se manifestasse o gesto ou sinal de tiro Jose Vicente perdio o resto do Juizo.

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  2. Boa Tarde Morais. Sou Pedro Cunha de Caririaçu, trabalhamos juntos quando você foi gerente do Bancesa. Tenho acompanhado o Blog do Sanharol com entusiasmo.É um veículo de grande valor no resgate da cultura local. Parabéns.

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  3. Pedrinho.

    Quanto tempo amigo. Foi um prazer enorme ter noticias suas, saber que estas bem e que ler o nosso blog. Qualquer dia estarei postando a estoria que voce contava da comadre Jaqueline lembra? Agradeço pela importante visita, continui acessando, comentando e fazendo sugestões. Um forte abraço
    Até outro dia.
    A.Morais

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