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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Palavras atuais – por Armando Lopes Rafael


Atentem para a declaração a seguir transcrita:
" No Brasil, a República, desde seus primórdios, tem mostrado a mais assombrosa ausência do senso de justiça, e no seio do nosso mundo político está hoje quase inteiramente apagada a consciência do direito. A desgraça da República, o seu mais grave mal desde o seu começo foi a invasão das questões financeiras pelas paixões políticas. A República não precisa fazer-se terrível, mas de ser amável; não deve perseguir, mas conciliar; não carece de vingar-se, mas de esquecer; não tem que se coser na pele das antigas reações, mas que alargar e consolidar a liberdade".
Isso foi dito por Rui Barbosa, ministro da República, no longícuo 1890, poucos meses após o golpe militar que derrubou a Monarquia no Brasil. O que surpreende é a atualidade da frase, 119 anos após ser proferida.
Provalvelmente o leitor tomou conhecimento do ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) divulgado esta semana pela ONU, no qual o Brasil se manteve em 2008 na 70º posição, abaixo da Argentina, Uruguai, Costa Rica, Líbia, Panamá e de minúsculos países como Eslovênia, Brunei, Cingapura, Kwuait, Chipre, Portugal, Barbados, Lituânia, Letônia, Croácia, Trinidad e Tobago, Montenegro, Sérvia, Macedônia e outras nações menores do que o Cariri...
Se partirmos para analisar a nossa segurança pública dá para envergonhar qualquer cidadão que tenha o mínimo de vergonha. E a educação pública? E a lepra de corrupção que se alastra em todas as camadas da população? E nossa distribuição de renda, a mais perversa do planeta? Onde o aposentado, humilhado e exposto nas filas dos bancos sob chuva e sol, no fim da vida, ganha R$ 15,50 reais por dia, insuficiente para se alimentar, vestir, comprar remédios para os achaques da idade, pagar o aluguel e outras despesas indispensáveis a uma criatura humana. Depois de trabalharem a vida inteira ganham por dia menos que um ajudante de pedreiro...
E o atual governo ainda vive alardeando que repôs o poder de compra do salário mínimo, que, a partir de 1º de fevereiro último, passou para R$ 465,00 (dividido pelos 30 dias do mês, dá R$ 15,50)
É por essas e outras razões que o brasileiro perdeu o orgulho que tinha pela pátria. Não tem mais saco para campanhas eleitorais, nem perde mais tempo com a desacreditada classe política.
Texto e postagem: Armando Lopes Rafael

2 comentários:

  1. Armando.

    Li ontem o resultado de uma pesquisa do IPEA sobre educação. Os estados do nordeste apresentam um indice de 20% de analfabetos. Pelo visto o bolsa familia criado por FHC e aparalhado como arma de aleição/campanha por Lula não tem surtido efeito. O governo não fiscaliza, não exige a presença do aluno na sala de aula e o pai anda com dois, tres, quatro cartoes no bolso sacando o dinheiro e bebendo de pinga. O Pior é que mais da metade dos atuais beneficiados não se enquadram as exigencias, são fraudes.

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  2. Morais:
    Você sintetizou muito bem os resultados do antigo "Bolsa Escola" di início, hoje mudado para "Bolsa-Família"...

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