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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

É O RETRATO DO PAI - Por Mundim do Vale

No dia da inauguração do campo de pouso de Várzea Alegre, foi feita uma grande festa. Joaquim Diniz disponibilizou dois caminhões da usina, para o transporte do pessoal. Tinha ainda os automóveis, animais, bicicletas e muita gente de pé. A meninada era a mais eufórica.
Demontiê Batista foi até a mercearia do seu pai e pediu:
- Pai. deixe eu ir olhar o avião baixar.
- Não!
- Mas pai.
- Não! E se você teimar, vai levar uma piza sem precisar nem de sorteio.
O garoto saiu contrariado mas quando viu os outros meninos subindo no caminhão, não resistiu e foi também. Logo depois André encontrou-se com Noberto Rolim e perguntou:
- Noberto tu viu Demontiê por aí?
- Eu vi. Ele tava amorcegado no bigu do do caminhão da usina.
- Pois quando ele chegar vai apanhar.
Dizendo isso foi para a mercearia já com o cinto na mão.
Enquanto isto Demontiê tava no campo de pouso na maior alegria. Mas já pensando em desenvolver um plano, para se livrar da piza de André. Vendo aquela multidão ele teve a excelente idéia de vender goiabas. Foi na casa de Paraíba tomou emprestado um balaio e desceu para o sítio dos seus tios. Colheu as frutas e vendeu todas, apurando um bom dinheiro.
Quando chegou na cidade, que desceu do caminhão, a primeira pessoa que viu, foi Noberto, que foi logo dizendo:
- Tié tu se cuida que teu pai tá te esperando com um cinto na mão. E ele disse que a cuíca vai roncar.
- Deixe comigo que eu já sei o que fazer pra desdobrar ele.
Pegou o pacote do dinheiro tirou 50% botou no bolso da bunda e levou o restante na mão. Quando chegou na mercearia, André estava na porta com uma mão na ponta e outra na fivela do cinto Demontiê apresou o passo com muita firmeza e falou:
- Taqui. Oh pai! Esse dinheiro foi eu que apurei vendendo goiaba lá no campo de aviação. Eu trouxe para o Senhor.
André mudou a expressão, enrolou o cinto e pegou o dinheiro dizendo:
- Eita menino esperto! É O RETRATO DO PAI.
Mundim do Vale.

4 comentários:

  1. Mundim, menino esperto o Demontiê. Esse foi um dia glorioso pra toda criançada de Varzea Alegre: e até para os idosos; eu estava lá,fui a pé, com minha Avó Júlia; nada tinha de especial, só a terra revolvida a perder de vista, de uma criança, e um campinho no meio, muita poeira; e depois um teco-teco aterrisou, decolando logo em seguida. Um fiasco. Pra falar a verdade, só que lucrou mesmo, foram os protagonista desta historia, rsrsrs. Abraço com carinho Fatima Gibão

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  2. Mundim.

    Hoje o Demontier não teria essa facilidade toda. Não existe mais campo de avião nem goiabeiras no Sitio Mocotó.

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  3. Eu condordo com o André. meu amigo Demontiê foi muito esperto.
    Primeiro porque foi um bom empreendedor,desenvolvendo um negócio onde tinha muito mercado e nenhum custo. E depois por ter conseguido mudar a opinião do seu rígido pai.
    Abraços a todos do blog.
    Mundim do vale.

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  4. Desculpem o atropelo na palavra
    concordo.
    Mundim.

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