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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 4 de março de 2010

A humanista Paula Costa - Por Dra Linda Bitu Lemos.


Num registro de pessoas que contribuíram para o desenvolvimento econômico, político e social do nosso município vamos encontrar Paula Francinete Costa, uma espécie de estilista de moda e embaixadora da alegria.

Nasceu em Várzea Alegre, em 06.02.1935, filha de José Alves Costa e Raimunda Bitu Costa (Didinha), vinda de uma prole de dez filhos: Maria Dilma, Toinho, Joãozinho, Linda (Irmã Sara), Socorrinha, Raimundo, Risomar, Rita de Cássia e Laís Iolanda. Teve como avós paternos Maria Linda do Amor Divino (Mariinha) e João Alves da Costa, que moravam no Sítio São Cosme e avós maternos: Antonio Alves Feitosa Bitu e Maria Madalena Bitu, residentes no Sítio Sanharol.
Quando criança, Paula muito viajou para a casa dos avós. Aliás, viajar era uma de suas predileções, que levou para a vida adulta. Uma vez, fez uma viagem a São Paulo e só retornou seis meses depois, decisão que lhe garantiu o carinhoso cognome de “Paulista”. Seguindo o mesmo raciocínio, poderíamos chamá-la de “Cratense”, pois numa de suas visitas a Dona Otília, no Crato, para provar um vestido, demorou quatro meses. De Gramado, no Rio Grande do Sul, onde passamos a virada do ano de 2007 para 2008, Paula já me convidava para o carnaval de Olinda, com a grande amiga Francinete Batista Moreno, e semana santa em Várzea Alegre.
Uma outra característica marcante era a elegância. Prezava pela aparência. Sempre bem vestida e alinhada, usava, regularmente, meias finas e sapatos altos. Os cuidados com os cabelos eram constantes, embora os usasse bem curtos. Semanalmente, ia ao cabeleireiro. Caminhava elegantemente, de cabeça bem erguida. Usava roupas bem cortadas, às vezes, feitas por costureiras que eram também boas amigas: Dona Otília, Zaíra Teixeira, Áurea, Mirian Leite... etc. Adorava colaborar para que as outras pessoas também se vestissem bem, opinando no que deviam usar. Era uma espécie de estilista. Lançou a moda da mini-saia em Várzea Alegre, fazendo um desfile que marcou época: “As Moderninhas de 1969”. Até os jornais da capital noticiaram o evento. Desfilaram na época: Francisca Isle, Linda Lemos, Mundinha de Dolores, Silvana de Dr. Colares, Jussy de “Seu” Totô, entre tantas outras.
Um belo dia, depois de perder a mãe, Paula despertou para a importância de continuar os estudos e resolveu mudar-se para Fortaleza. A elegante mulher passou a morar num pensionato de estudantes e enfrentou um vestibular, já em idade madura. Determinada e perseverante, graduou-se em administração, na UNIFOR, tendo como colegas: Aparecida Cabral, Moema Bezerra (filha do governador Adauto Bezerra), Ednardo da Loja Pirineus, dentre tantos outros que costumava falar com carinho. Uma vez, me disse: eu vou tão chique para a faculdade que preciso dizer aos colegas que me vesti daquele jeito porque tinha um compromisso depois da aula. Balela! Era chique porque podia e sabia ser. Não ia a lugar algum depois daquela aula.
Teríamos muito a dizer sobre Paula, especialmente, sobre sua marcante personalidade. Muito religiosa, amiga de todos, costumava conversar com crianças ou adultos, conhecidos ou estranhos e assim curtia a vida. Circulava entre gerações de forma confortável. Funcionária do IPEC – Instituto de Previdência do Estado do Ceará, alí fez muitos amigos. Dr.Edval Távora era nome presente nas suas conversas. Fez muitos favores, facilitando uma consulta para quem a procurasse. Tinha a capacidade de enxergar grandeza e beleza na simplicidade das coisas: plantas, animais, alimentos, peça de decoração, orvalho,...enfim, curtia a vida de forma plena.
Sempre bem humorada, sei que está dando risadas lá do céu, contando os mais variados episódios: um jantar em época de plano cruzado, no governo de Collor de Melo; algo que aconteceu na festa de agosto; uma visita a Valdeliz Correia; uma prosa com a amiga Zenaide ou Ilka Moreno; a notícia de que viu uma gota d´água num dia de chuva, enfim, deve estar cantando um hino qualquer de louvor à vida! Será se eu disse o suficiente sobre você minha amiga? Com certeza, não. Esqueci dos longos telefonemas... mas, tudo que eu disser sobre você é pouco.
Paulinha não avisou aos familiares e amigos que estava doente. Quis nos poupar do sofrimento? Ao partir, em 13.02.2009, deixou muitas saudades, pois levou consigo parte da alegria das nossas festas. Paula Costa faleceu no Hospital do Câncer, em Fortaleza-CE e enterrou-se em Várzea Alegre.

Dra Linda Bitu Lemos.

3 comentários:

  1. A Paula Costa contagiava de alegria por onde passava semeava a felicidade. Convivi com a Paula em Crato, quando ela se preparava para fazer vestibular na antiga Faculdade de Ciencias Economicas de Crato, preparei uma aulas para ela. Uma pessoa do bem. Que Deus a tenha em sua morada celeste.

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  2. Bela homenagem que a Dra. Linda Bitu Lemos presta à sua amiga Paula Costa.
    Estou achando que essa foto foi feita em Holambra. Cidade que fica a menos de duas horas de São Paulo, fundada por uma colônia de holandeses que cultivam flores. No mês de setembro tem a Explo-Flora este ano vou querer dar uma passada por lá. Vale a pena!

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  3. Parabéns, Dra. Linda por esta merecida homenagem 'a esta pessoa fabulosa que contagiava a todos com sua simpatia e alegria, nossa prima, paula Costa, desejo aproveitar para dizer que foi muito feliz nosso encontro neste carnaval, porque simplesmente adorei te conhecer mais de perto. Um grande abraço e até a próxima oportunidade!

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