Da esquerda para direita: Ilka Bitu, Maria Bitu, Julio Bitu, Dr. Luis Bitu, Assis Bitu e a matriarca Dona Biluca na comemoração dos seus 92 anos. Clic na foto para ampliar.
Cronica do Dr. Jose Bitu Moreno.
Numa bela manhã de primavera, sento-me para sonhar. Abril se aproxima rápido, trazendo na sacola, mais um aniversário. Ah, esse tempo poderia ser mais lento!! Como na infância, em que as horas se espreguiçam na divertida vida, e assim demoram a passar. Talvez também seja assim na velhice, tal qual a idosa senhora que mora sozinha no andar de cima, que impossibilitada de vencer as escadas, escolheu a cozinha para passar os dias, e sua janela como o relógio da vida.
Numa bela manhã de primavera, sento-me para sonhar. Abril se aproxima rápido, trazendo na sacola, mais um aniversário. Ah, esse tempo poderia ser mais lento!! Como na infância, em que as horas se espreguiçam na divertida vida, e assim demoram a passar. Talvez também seja assim na velhice, tal qual a idosa senhora que mora sozinha no andar de cima, que impossibilitada de vencer as escadas, escolheu a cozinha para passar os dias, e sua janela como o relógio da vida.
Mas nessa manhã, quero escolher as doces lembranças como um travesseiro, onde vou me afundar e sonhar de novo, como se a vida que já foi, pudesse novamente vir a ser. A vida que foi boa, posso contar pelas manhãs. As manhãs da infância com Vovó Biluca na sua casa branca. Após as noites de chuva, as manhãs claras e límpidas de Várzea-Alegre, com suas ruas de pedras, que o sol ajudava a polir. As manhãs de domingo em Fortaleza, onde a praia do Futuro nos preenchia de sol e mar, alimentando a alma de energia e beleza. A manhã em que cheguei em Marília, a cidade que do alto do espigão ainda se enrolava na névoa, espreguiçando-se...Bela Marília, linda menina, formosa senhora. Por suas ruas silenciosas, puxando as cortinas das tantas manhãs, eu e Natha nos dirigíamos para a FAMEMA, ouvindo no rádio os lamentos apaixonados das músicas de raízes. O Hospital de Clínicas aparecia muitas vezes como se assentado em nuvens, da névoa que subia dos vales, embranquecendo a cidade em clima de sonho.
Veneza se me surgiu numa manhã clara, após uma cansativa noite de trem, como a súbita revelação de um paraíso terreno, como uma bela jovem saída de um quadro renascentista, mostrando sua virginal nudez, e eu parasse estupefado frente a tanta beleza. Na ilha de Capri sentado no alto de uma escarpa, mirando o azul profundo do mar, sentindo as fragâncias de limões nos pomares, senti pela primeira vez que minha mulher era aquela ilha, era o meu sonho do distante, do belo, do indefinido... A poesia de meus melhores dias. E para que as manhãs se fizessem, foram necessários os galos e os pássaros. No tempo da casa branca, no Inharé, os galos se esgoelavam festejando o dia e espalhando orvalho. Mas aqui, na Alemanha, têm sido os pássaros...Fui com Anna Carolina para a escola e no caminho lhe lembrei de silenciar os outros barulhos do dia, para que ouvisse a algazarra dos pássaros. Quando levei André lhe falei baixinho de um passarinho que entre os galhos de uma árvore se escondia, chamando-o pelo nome. Meus dois filhos são dois pequenos passarinhos que enfeitam e fazem todas as manhãs dos meu dias.
E se apenas uma foto houvesse que recordasse ou resumisse todas as manhãs que tive, as minhas manhãs, uma existe em que estamos reunidos no clube recreativo de Várzea-Alegre, minha família, papai de chapéu de feltro, mamãe em vestido estampado de seda, as irmãs de saias brancas plinçadas e blusas azul-marinho, e os filhos homens em roupa domingueira, mas de calças curtas, botas e meias até metade das canelas . Estamos felizes e paira certa ingenuidade no ar, razões porque se tornou muito antiga a foto, utópica, etérea, totalmente deslocada pelo tempo. Mirávamos um futuro que nos desmentiria. Sonhávamos uma vida que jamais existiria. Fomos naquele instante, o que jamais tornaríamos a ser. Aquela manhã, jamais se repetiria. Mas o instantâneo do retrato, ficou para sempre.
Grande abraço,
José Bitu
É prazeroso iniciar uma semana lendo um texto da qualidade deste do Dr. Jose Bitu. Aqui descobrimos os valores da vida que muitas vezes deixamos passar e não percebemos. Pequenos detalhes que compoem um todo, uma existencia. Esta foto é uma marca da união desta familia exemplar do Jose Bitu Filho do Inharé ou melhor do Sanharol.
ResponderExcluirParabens aos seus descendentes, que nunca esqueçam as suas raizes e os belos exemplos de Jose Bitu e Biluca.
Abraços.
Fransquinha minha irmã é muito estimada da família de madrinha Biluca porque fez muito companhia a ela quando vinha de fortaleza passar uns dias em seu chalé no Inharé. Certz vez, na despedida , quinha disse: D. Biluca, desculpe alguma coisa.
ResponderExcluir_Não tem o que desculpar minha filha, mas se você tiver errado em alguma coisa, dessa vez tá perdoado, de outra, procure não errar mais.Saudades de D. biluca, madrinha d eminha mãe. A manga (terrenos) dela no Inharé era de todo mundo, serviu muito 'a pobreza.
é eu era muito criança, mas por eu ter parte na familia bitu a minha avó falava muito bem da dona biluca, que era uma mulher boa e muito caridosa, hoje ela está descansando das lutas dessas vidas. e velando por todos que foram caros a ela. e o dr josé bitu esse talento, pegou o sangue batista nas veias por isso é esse genio parabéns por nos lembrar de dona biluca
ResponderExcluirNesta foto estão faltando Clara Bitu, que mora no Rio de Janeiro, Oci Bitu, que mora em Itapetim, Pernambuco e Moacir, que faleceu há mais tempo. Quanto as crônicas do José Bitu, temos que incentivá-lo que lance logo o seu livro. Por curiosidade, vejam nesta página "http://www.flickr.com/photos/raimundowilton/4421327878/" a casa branca do Inharé, que ele tanto fala.
ResponderExcluirParabéns à aniversariante!
ResponderExcluirMuita saúde e muitos anos ainda pela frente.
Quero também parabenizar Dr. José Bitu pela linda crônica onde aflora uma linguagem poética de primeira qualidade.
Foi uma leitura agradável e leve. Acho que hoje eu estava precisando ler algo assim.
Abraço à linda família
Claude
Orgulho-me de fazer parte dessa família. Nascemos e se criamos juntos, origens do patriarca José Alves Feitosa Bitu e sua esposa Bilinha. Somos primos pelas duas partes, José Bitu, irmão do Meu Pai, tia Biluca, irmã de minha avó, tia legítima de minha mãe.
ResponderExcluirNo momento me faltam palavras para dizer o quando amo essa família, pessoas simples, amigos fraternos, humildes, que sempre valorizaram os parentes, as pessoas mais próximas e os vizinhos que compartilharam desse convívio prazeroso por conseqüência dos tempos.
Aproveito para mandar um abraço para Clara, no Rio, Ocí em Pernambuco, Ilca, essa cidadã cosmopolita que sempre esteve ao nosso lado, pessoa de alta estimação por parte do meu pai e de todos os seus filhos que, são verdadeiros irmão dos filhos de Cotinha e Raimundo Bitu. Um forte abraço em todos e parabéns Dr. José Bitu pela belíssima postagem.
Era muito comum vê Dona Biluca passando na casa do Sanharol na companhia de um neto ou de uma neta na direção da cidade e voltando para o Inharé. A missa era o destino habitual.
ResponderExcluirMuito mais comum era vê Dona Ilka, nos fins de semana, passar acompanhada de uma ninhada de filhos, cada qual o mais disciplinado e tão bons quanto os pais. Desse tempo eu tenho saudades.
Do Assis Bitu fui mais que um conterrâneo ou parente. Fui seu amigo. Morávamos no Crato e sempre compartilhemos um ambiente de muito confiança e respeito.
Uma excelente postagem. Vale a pena "ler" de novo. Um texto repleto de sensibilidade, emoções, lembranças, poesia pura...
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