Inegavelmente o que sobrou do patriotismo coletivo do povo brasileiro só aflora – nos tempos atuais – em anos de realização da Copa do Mundo de Futebol. Pelos próximos dias, além da bandeira verde-amarela – herança do Império Brasileiro, como já escrevi em artigo anterior – também o nosso Hino Nacional (igualmente oriundo dos tempos imperiais) será ouvido, com todo respeito, por milhões de brasileiros, em frente às telinhas dos televisores, antecedendo os jogos do nosso selecionado, nos estádios da África do Sul.
Nos seus primórdios, que remonta ao Primeiro Reinado de Dom Pedro I, o Hino Nacional Brasileiro era executado sem ter ainda uma letra. Conhecida apenas como “Marcha Imperial”, foi muito tocada nos campos de batalhas da Guerra do Paraguai. Depois desse conflito foi popularizada na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil.
Com o advento do golpe militar que implantou a República dos Estados Unidos do Brasil, no chamado “Governo Provisório” – dirigido pelo Marechal Deodoro da Fonseca – foi instituído um concurso para a adoção de um novo hino nacional. A ordem era (tentar) apagar tudo que restasse do Brasil-Império. Vivia-se os novos tempos republicanos e a propaganda oficial dizia que tudo vinha melhorando e o Brasil iria trilhar a senda do progresso e do bem estar do seu povo.
Quantas vezes, nos últimos cem anos, vimos esse filme...
Quantas vezes, nos últimos cem anos, vimos esse filme...
Pois bem, na noite de 20 de janeiro de 1890, o Teatro Lírico do Rio de Janeiro estava superlotado, reunindo as mais destacadas personalidades da então capital brasileira, para conhecer o novo Hino Nacional. No camarote de honra, o velho Marechal Deodoro, àquela época já bastante decepcionado com alguns companheiros do golpe militar de 15 de novembro de 1889. O hino que obteve o primeiro lugar no concurso foi composto pelo maestro Leopoldo Miguez, com letra de Medeiros e Albuquerque. Na verdade, uma bonita peça (hoje chamada de “Hino da República”, que começa com o refrão: “Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós”.
Ao final da execução do hino, o Marechal Deodoro bateu o martelo e impôs:
– Prefiro o velho!
– Prefiro o velho!
Foi quando ficou preservada para as gerações vindouras, a bela “Marcha Imperial”, o mesmo Hino Nacional Brasileiro de hoje, cujos primeiros acordes (“Ouviram do Ipiranga às margens plácidas/ De um povo heróico o brado retumbante”) nos enche de orgulho e nos faz reviver o pouco de patriotismo que ainda resta à “brava gente brasileira”...
Texto e postagem de Armando Lopes Rafael
Texto e postagem de Armando Lopes Rafael
Prezado Armando Rafael.
ResponderExcluirPelo visto o Marechal Deodoro não era de todo sem juizo. Sabia preservar o belo, o bonito e o divino. Nosso hino é tudo isto, embora exista hoje, "neste pais" gente com ideias para modifica-lo.
Em São Paulo, antes de solenidades como partidas de fotebol é obrigado a execução do Hino Nacional. Outro dia o Galvão Bueno da Rede Globo reclamava do hino, ele não sabe que os comentarios dele durante a narração irritam muito mais o telespectador..