Outro dia, vi num desses programas rurais que passam nas manhãs de domingo nas nossas tevês, uma inacreditável reportagem mostrando um vaqueiro tangendo o gado montando uma moto e vestido com calças gins e camisa polo. Confesso que fiquei com saudades dos tempos em que os nossos vaqueiros não se separavam de seus cavalos e do gibão. Bons tempos aqueles! Ah que falta do João Bentivi, Raimundo Manezim, e Pedro Mandú! Aqueles sim, eram vaqueiros de verdade! Não como esses janotas, que montados em cavalos mangas-largas, derrubam bois maltratados em um campo aberto. Ao lado de uma faixa de corridas, uma turba de idiotas a ovacionar seus tristes feitos. O vaqueiro de verdade enfrentava a caatinga e seus perigos com muita coragem. Ele e o cavalo eram criaturas que somente se separavam para dormir. Parece que nossos autênticos vaqueiros foram sepultados por essa coisa idiota chamada vaquejada, promovida por empresários de barulhentas e intoleráveis bandas de ruídos, que eles pensam ser forró. O verdadeiro vaqueiro jamais era visto andando em carros, motos ou mesmo a pé. Para qualquer lugar que ele fosse era montado em seu cavalo.
A propósito de vaqueiros, lembrei-me de uma pequena historinha da tia Esmeraldina, a irmã mais velha da minha mãe. Ela era professora e com quase 80 anos, continuava sendo a única catequista do Sítio São José. Morava com o seu irmão, meu tio Zeco Esmeraldo e sua mulher Hélia Abath. Toda tardinha, um monte de crianças se reunia num calçadão existente na casa do tio Zeco para as aulas de catecismo. Certo dia, entre indagações de “o Pai é Deus?” “Sim o Pai é Deus”, repetiam as crianças. De repente, ouviu-se a voz da tia Esmeraldina, interrompendo seus ensinamentos, e exclamando com muita admiração, apontando para a estrada que passava a cerca de uns cem metros: “Olhem meninos, que coisa interessante, um vaqueiro andando a pé!” As crianças olharam e uma delas mais desinibida ousou discordar: “Dona Esmeraldina, aquilo lá não é vaqueiro coisa nenhuma. É um doido nu.” “Para dentro de casa todo mundo!” Falou minha tia, cortando deste modo a natural curiosidade das crianças.
Carlos Eduardo Esmeraldo
Prezado Carlos Esmeraldo.
ResponderExcluirO Sertão está mudado. Quer queiram quer não. Outro dia eu passava no sitio Chico em Varzea-Alegre e ouvir um aboio, tratei de parar o carro na beira da estrada numa sombra de um juazeiro, quando surgiram treis vaquinhas e um vaqueiro. O tangedor montado numa bicicleta, trajava bermuda, calçava sandalia japonesa, vestia camisa do flamengo, Boné do mesmo time, ao tempo em que consultava por celular sobre o sumiço de uma das vacas. Isso é que era um vaqueiro desvaqueirado.
Um grande abraço.
Vaqueiro de moto Várze Alegre também tem. Certa vez indo abrir a Radio Cultura ouvi badalos de chocalhos e aboios que vinham da rua que dar acesso da Igreja de São Raimundo a CE-060 de fronte a lagoa. Por curiosidade fui ver a boiada passar quando vi um único vaqueiro em uma moto XLR a tocar o gado. Era o nosso amigo Josué Diniz. Mas uma tradiçao ajuda era mantida. A dom e velho amigo do vaqueiro o cachorro.
ResponderExcluirCaro Morais
ResponderExcluirGrato pela memória. Jamais teremos vaqueiros como antigamente. Até celeular para tocar o gado! Que coisa!
Um grande abraço!
MAS QUEM QUISER VER UMA VERDADEIRA PEGA DE BOI NA CAATINGA, COMPRE O DVD 2010 DO POETA EXPEDITO PINHEIRO NA HOMENAGEM AO VAQUEIRO ZUZA BENICIO AS IMAGENS FORAM FEITAS NO SITIO CAPAO CONTATO DO POETA 88 9957 4496
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