Tinha a calçada e as cadeiras na calçada. Ainda menino, Bilico gostava de ficar ouvindo as histórias dos mais velhos, logo que a lua aparecia. Ali ouvia motes desembrulhados por Louro do Pajeú e Pinto de Monteiro, sabia-se das histórias de Lampião mas também descobria-se que a mulher da farmácia, que ‘tava separa-não-separa do dono do armazém, passara um calote em Emilinha, a manicure da Cidade; e que o médico recém-chegado era um homem bom, um doutor do bem que fazia consultas sem cobrar de quem não pudesse pagar-lhe. Estaria querendo ser Prefeito, no futuro? Bilico cresceu, estudou e tornou-se Dr. Bilico na cidade grande sem nunca esquecer as conversas/poesia que ouvia de seus pais, tios e avós.
Na casa em que foi morar havia uma calçada logo em seguida ao portão. E toda noite, ele colocava cadeiras e esperava, em vão, um vizinho sequer para, iluminados pela lua, prosearem uma conversa, escutarem um verso bonito. Desistiu. O portão era marrom, da mesma cor da sua tristeza.
Pois é Xico. Tá dificil, hoje em dia, encontrar um Zelo para prozear, dar gargalhadas e ser feliz.
ResponderExcluirAbraços.
Realmente, essa é a nossa triste realidade. E não é apenas na cidade grande, não! A televisão, a internet e o desrespeito pelo ser humano vingou e maculou de marron a mais pura beleza do luar.
ResponderExcluirBelo texto.