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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 20 de agosto de 2010

MUSEU ESPALHADO - Por Mundim do Vale

Várzea Alegre tem guardado
Nas mãos de conservadores,
Objetos do passado
Que hoje tem seus valores.
Peças de estimações,
Ou mesmo de profissões
Que marcaram a cidade.

Eu sei que ainda tem lá
O moinho de Tetê,
O fuso de mãe Lalá
E os bilros de Lelê.
O cachimbo de Bogim,
A navalha de Pacim
E o violão de Serginho.
A vassoura de Hermínia,
De Seu Souza a consertina
E a seringa de Nelinho.

O ferro de engomar
Que era de Armerinda,
Não sei onde foi parar
Mas sei que existe ainda.
O motor de Zé Silvino,
Que no tempo de menino
Eu andei de garupeiro.
Parece até que estou vendo,
Aquele motor tremendo
Na rua do juazeiro.

Dr. Leandro ao morrer
Parece até que sabia,
Que podia acontecer
Esse resgate algum dia.
Ele quis contribuir,
Antes mesmo de partir
Para sua sepultura.
Um bem de valor deixou,
Edilmo foi quem guardou
Seu anel de formatura.

Aquela espreguiçadeira
Deixada por Salviano,
Merece ser a primeira
Mesmo que esteja sem pano.
Vamos também resgatar,
O ganzá onde encontrar
Que foi de Manoel Tetê.
Os livros de Seu Ribeiro,
Que talvez algum herdeiro
Possa ofertar a você.

Batuta de Mestre Antônio
Gamão de Cândido Diniz,
Tudo aquilo é patrimônio
Nossa cultura é que diz.
Eu vou lá no Sanharol,
Faça chuva ou faça sol
Completar minha tarefa.
Faço esse itinerário,
Pra pedir o santuário
Que foi de Madrinha Zefa.

A caneta de Dudal
Banco de Papai Raimundo,
Todo esse material
Tem valor muito profundo.
O bule de Mariinha
Que até pouco tempo tinha,
Se o espírito não me engana.
Vou também acrescentar,
Se seu filho concordar
Os ferros de Zé de Ana.

O Padre Otávio deixou
Um gramofone também,
Eu não sei com quem ficou
Se é Marconi que tem,
Ou com ele ou com Homero,
Se souberem que eu quero
Eu sei que eles vão doar.
Só assim nossa cidade,
Faz história de verdade
Sem deixar nada faltar.

Os nossos vereadores
Conservando a tradição,
Devem salvar os valores
Requerendo uma seção.
Uma lei municipal
Que tombe o material
Tudo com muito cuidado.
Para todo mundo ver
E eu nunca mais dizer
QUE O MUSEU É ESPALHADO.

Mundim do Vale
Várzea Alegre, 31-07-96

9 comentários:

  1. Mundim do vale.

    Parabens. O Banco dde Jose Raimundo do Sanharol, herdado por Ze de Pedro André, meu pai, foi emprestado para uma solenidade da prefeitura e não retornou mais ao Sanharol. Não se sabe que fim levou. Mas, o de Minini Bitu, que cuja historia conta que foi extraido do mesmo pau darco, este está no Sanharol e bem conservado.

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  2. Mundim...saudades do blog, tenho tido pouco tempo e infelizmente não tem visto muito, mas estou aqui para lhe dizer q meu pai(Renato Bitu), disse se lembrar muito bem do Louro Jose.Abraço

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  3. Cporrigindo a primeira estrofe.

    Trocar;
    Que marcaram a cidade.
    Por:
    Dos nossos antecessores.

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  4. Renata.
    Pergunte ao primo Renato, se ele lembra que o Louro José tomou meia carteira de cigarros mistral, que ele tinha no bolso.
    Abraço para a família.
    Raimundinho.

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  5. Amigo Mundim do Vale,

    A seringa de Vô Nelinho está la em casa, no sanharol...

    abraços, Neto Aquino

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  6. Tá vendo aí. Cláudio Souza. Já começou a aparecer as coisas, como eu disse no verso, nosso povo é conservador.
    Neto Aquino tem a seringa de Seu Nelim e eu acho que Nicolau Inácio tem o ganzá de Manoel Tetê.

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  7. Uma poesia maravilhosa, Mundin.
    Além de citar a peças históricas espalhadas nos faz lembrar de personagens muito interessantes de nossa cidade.
    Adorei...

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  8. Mundim, pai disse que além de se lembrar do roubo do cigarro lembra-se também de um dia ir passando com Derau pela rua do Louro e oe mesmo disse: _Ei Renato pra onde tu vai mas o marinheiro Popeye?

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  9. Foi verdade, Renata. E o Louro
    José ainda disse; - Arre égua!
    deral é mesmo que tá vendo Zé de Abel.
    Abraço para a pequena Melyne. A Flor do Sanharol.

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