NOS arredores de uma grande cidade, havia um casal com três filhos o mais velho com quatro anos e o mais novo com três meses de idade. Habitavam em uma palhoça no subúrbio afastado, por favorecimento de um senhor que não lhe cobrava aluguel de tão singelo casebre.
A pobreza cobria seus dias. A necessidade envolvia aquele casal como se não desejasse largá-lo. Nada possuíam que se pudesse identificar como patrimônio, com exceção da sua prole composta pelos três filhos.
Na pequena palhoça não havia cama, improvisavam esteiras, forravam com velhos e carcomidos lençóis doados pelas criaturas sensíveis a dor alheia. O fogão improvisado ficava em um canto da casa que não possuía quartos, era composto de três pedras que formavam uma trempe e sobre elas uma pequena panela de barro com água. Algumas rachas de lenha apagadas ornavam a trempe e uma caixa de fósforos com meia dúzia de palitos estava sempre ali por perto, para, dizia ela: quando Deus mandar a comida, já terei tudo preparado para cozinhar.
Não viviam da mendicância, pois o pai era muito esforçado e onde houvesse a possibilidade de ganhar o sustento de cada dia, lá estava ele rogando trabalho. Enquanto isso a mãe se dedicava ao cuidado materno dos filhos e não podia sair de casa para procurar trabalho por que havia o pequenino, que estava requerendo extremados cuidados.
O tempo ia passando lentamente e a necessidade do casal só aumentava. Eles juntos oravam todas as noites, rogando ao Senhor Deus para não deixar seus filhinhos morrer de fome. Todas as manhãs o pai saía em busca de trabalho, e sempre voltava com o necessário, mas certo dia retornou de mãos vazias, e chorando abraçou a esposa e falou: Mulher, eu sei que Deus não nos abandonou, mas está muito difícil arranjar trabalho. Hoje não teremos comida para nossos filhos e me dói ver o nosso neném sofrer por causa da nossa pobreza. Você já esgotou o leite materno pela ausência de com que se alimentar. Amanhã vamos pegar nossos filhos e procurar casais que queiram criá-los, assim eles terão o alimento de que precisam. A nossa dor será grandiosa, pois nunca mais os veremos, mas, prefiro assim a para eles não morrer de fome.
Naquele dia, a ausência do que comer tirou o sono do casal e dos filhos que famintos, choramingavam silenciosamente lá no cantinho do casebre, enquanto o pequenino nos braços da mãe, olhava para ela com muita ternura, sem nada entender e sem saber que aquela poderia ser a última noite juntos.
E a noite foi se aprofundando até que os animais noturnos silenciaram. Ai os pequeninos finalmente adormeceram, o casal, carinhosamente consternado, colocou-os sobre suas esteiras em sua volta e se ajoelharam para orar pela última vez na presença dos filhos, pois sabiam que no dia seguinte, iriam procurar alguém que os aceitasse.
Foi a noite mais longa de suas vidas, mesmo assim oraram com mais fervor e finalmente também adormeceram.
No dia seguinte ao acordar a esposa contou para seu marido que em sonho uma senhora havia lhe dito que aquela seria a sua última noite de pobreza extrema. Disse mais, que eles haviam passado na prova.
A mesma senhora disse que ela fosse a um grande supermercado que existia na cidade e lá fizesse uma grande feira de tudo que realmente precisasse para alimentar sua família durante um mês, mas, procurasse passar a feira no caixa 3 e se houvesse grande fila mesmo assim esperasse lá a sua vez.
O seu marido ouviu tudo atentamente e disse: Mulher, a tua fome está te transtornando e eu não vou fazer isto para não ser preso, imagine chegar ao caixa de um mercado de homens ricos e quando a moça somar tudo eu disser que não tenho com que pagar. Pense no vexame, A gente é pobre e se formos presos, ai é que nossos filhos vão sofrer.
A mulher disse: A senhora que falou comigo no sonho, foi como se eu tivesse acordada e vendo mesmo ela, e ela falou para eu não ter medo. Vamos fazer assim, - disse a mulher: Você fica com nossos filhos lá fora, se eu for presa, você volta pra casa e faz que nem me conhece. Assim ele aceitou e lá se foram para o supermercado, cheios de medo.
A mulher entrou, pegou um carrinho e foi olhando nas prateleiras o que era mais barato e necessário para alimentar a família e nele foi colocando. Quando já estava superlotado com tudo que ela de fato precisava. Entre temerosa e confiante se dirigiu ao caixa 3.
Havia uma grande fila, mas, aguardou pacientemente, enquanto lá fora o marido fazia o que podia para controlar as crianças. Ao chegar sua vez, seu coração disparou, quis sair correndo e abandonar tudo, mas, olhou lá fora e viu seus pequeninos com o olhar voltado para ela que já estava passando a mercadoria no caixa. Ai ela se lembrou da senhora do sonho e falou consigo mesmo, tenha fé!
Quando a moça do caixa somou tudo e ia dizer o valor total da feira, uma voz surgiu de repente nos alto falantes da loja “PAREM TODOS OS CAIXAS E ATENÇÃO, QUEREMOS FAZER UM COMUNICADO IMPORTANTE, NOSSO PATRÃO ESTÁ PRESENTE E VAI FALAR!
Naquele momento, silenciosamente a mulher do caixa 3 começou a derramar lágrimas e pensou “É agora, eles vão me prender”!.
Mas, o proprietário do supermercado que havia chegado de viagem, ao assumir o microfone, informou que aquele supermercado estava completando 25 anos naquele dia, e ia presentear um cliente com a feira que estava passando no caixa, e mais um ano de supermercado grátis, tudo isto em virtude do sucesso obtido nos seus negócios. Pediu que aguardassem que ia fazer o sorteio entre os 8 caixas existentes.
Em seguida anunciou: “O cliente sorteado é o do caixa 3. Peço que zerem a conta dele e o encaminhem a Diretoria para completarmos o que foi anunciado”.
A moça do caixa 3 então se dirigiu a mulher que estava a tremer de medo e falou “A senhora ouviu, não vai pagar nada!”.
Caro leitor - Não posso descrever o que o casal sentiu, precisaria de muitas páginas para falar da sua emoção e de quão grande era a sua fé, deixo que você imagine conforme as definições de sua sensibilidade.
Posso dizer apenas que ela chamou o seu marido e os filhos e se ajoelharam ali mesmo e deram Graças a Deus. E todos se surpreenderam quando ela contou por que estava ali e queriam ajudá-la e nada mais lhes faltou.
Para resumir, ela e o seu marido foram contratados para trabalhar na empresa e passaram a residir em uma modesta e confortável casa pertencente ao dono do supermercado.
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Dedico este conto aos escritores e comentaristas do Blog do Sanharol: Fafá, Magnólia, Klébia, Fideralina, Morais, Mundim do Vale, Sávio, Thays, João Pedro, Rolim, João Bitu, Fco. Gonçalves, Armando Rafael, Carlos Esmeraldo e Magali, Claude Bloc, Xico Bezerra, Zé Nilton, Dihelson, Iris-(Arcoiris) e Manoel Severo. Se esqueci alguém, peço perdão, mas, sintam-se prestigiados.
Escrito por: Vicente Almeida
Parabéns por historia tão bonita e comovente.
ResponderExcluirAbraços!
Vicente, seu texto me comoveu muito do início ao fim. DEUS EXISTE! A emoção dessa senhora me fez lembrar uma outra emoção.Até os 18 anos eu praticamente não caminhava e um dia minha irmã resolveu me trazer a Fortaleza. Um ortopedista viu meu caso com carinho e me garantiu: " SE VOCÊ TIVER CORAGEM A GENTE FAZ UMA CIRURGIA, DOLOROSA, DELICADÍSSIMA MAS VC VAI CAMINHAR." Eu acreditei, passei um ano entre hospitais e clínicas de fisioterapia, o tempo todo sem estudar, mas fui à luta e hoje caminho quase normal, graças à bravura desse médico e a minha coragem. Minha mãe chorou de emoção ao me ver caminhando de aparelho ortopédico aos 18 anos. Dedico essa postagem aos colegas colaboradores incluindo vc. Abraço Fafá
ResponderExcluirPrezado Vicente Almeida.
ResponderExcluirPrimeiro obrigado pela dedicatória. Realmente é uma comovente história que envolve perseverança e fé. Muitos não acreditam na força que tem a fé. Mas, Deus sempre está presente nos momentos mais insólitos que possamos imaginar. Até parece que digo isso apenas por dizer, mas já fui muitas vezes contemplado pelos desígnio de Deus e dou como exemplo minha propria vida.
Parabéns Vicente.
Caro Vicente,
ResponderExcluirTuas linhas scabam por confortar muitos corações, às vezes tão cheios de dúvidas e incertezas.
Deus manifesta-Se de forma Maravilhosa e através de cada momento de nossa existência.
Basta isso para nos tornar pessoas especias e privilegiadas.
Parabens pro nos trazer tão belo relato.
Manoel Severo
Não há como desacreditar que Deus não existe. ELE está dentro de cada um de nós.Muito comovente. Agradeço a sua delicadeza.
ResponderExcluirBoa Noite.
Caro Vicente,
ResponderExcluirSeu conto reconstrói o mundo. Todos se comoveram. Eu lhe confesso que tenho uma dificuldade muito grande (que seja um defeito meu) em falar de Deus. Não nego a sua existência, sou nada diante do que os meus olhos vêem, do que todos os meus sentidos me estimulam. Infelizmente sou um homem de pouca ou de nenhuma fé para além do mundo físico. Sempre me espantou essa fé cristã, dita de "fé cega e de faca amolada" propalada pelos que dizem terem fé.
Gostaria demais de orar nas procisões, de rezar no terço dos homens, de ser um cristão...
Mas tem uma coisa que trago comigo e acho que sem ela não sobreviveremos nesta terra. E seu conto a revelou em toda a sua plenitude: A fé,a esperança e a caridade.
Ora, mas não disse que não tinha fé!
Que o Criador se compadeça de minha pequenez para me explicar diante de sua absoluta grandeza.
Texto comovente, Vicente. Belíssima história.
ResponderExcluirEmocionou-me e confortou-me.
Abraço,
Claude
Parabens Vicente.
ResponderExcluirA Minha avó saía todo dia do sitio para assistir a missa na sede do municipio. Aos 75 anos fazia esse percurso diariamente. Um dia deu uma queda e quebro a perna. Chorava na cama, não pela dor, mas porque não podia ir a igreja assistir a missa. Um dia o meu avô disse: Acaba com isso Zefa, tu ia todo dia, caiu e quebro a perna, se tivesse em casa não tinha se acidentado e ainda fica chorando? Ela respondeu: Pedro, esse meu acidente foi Deus testando a minha fé. Parabens pelo texto.
Vicente.
ResponderExcluirObrigado pela decicatoria de tão belo texto.
Thays Mamedio.
Vicentim.
ResponderExcluirParabens pelo texto e obrigado pela dedicatoria.
Vicente, muito lindo esse texto. Quase não conseguia ler, pois as lágrimas embaçavam minha visão. Obrigada por lembrar do meu nome na dedicatória.
ResponderExcluirAbraços
Magali
Vicente,belo texto que você presentiou todos nós.Obrigado.Posso lhe dizer que Deus, joga em nossas mãos provações, para que purifiquemos nossas almas,e a fé, esse sentimento sublime,faz a gente acreditar que ele existe.Belo texto
ResponderExcluirVicente,
ResponderExcluirEu me considero um profissional compulsivamente responsável, a ponto de não perder um dia de trabalho. Certo dia, a minha filha Sâmia convoca-me para jantar com ela, em Fortaleza, numa segunda-feira. Eu não poderia estar ali naquele dia. Tive que deixar de atender dezenas de doentes necessitados, no meio rural, naquele momento.
Pois bem, logo após chegar ao meu destino senti uma enorme dor no peito. Eu estava há duas quadras de um centro cardiológico importante. Em cinco minutos fui atendido e medicado. Em trinta minutos realizei um cateterismo, que me colocou de imediato no CTI. Abriram o meu peito e me colocaram uma ponte mamária. Eu estava salvo.
Deus permitiu que eu faltasse ao trabalho naquele dia. ELE existe!
Um Abraço.
É...
ResponderExcluirCarlos Eduardo Esmeraldo, Fafá, Fco Gonçalves, Manoel Severo, Fideralina, Zé Nilton, Claude Bloc, A. Morais, Thays, João Pedro, Magali, Rolim, Sávio:
Agradeço a todos vocês pelo conceito que fizeram do meu singelo conto, pois, cada palavra escrita o enriqueceu ainda mais.
DEUS EXISTE! Foi só puxar o tema e os exemplos apareceram confirmando o conteúdo do meu despretensioso conto.
É impossível alguém não ter fé, mesmo que assim o afirme. É impossível DEUS nos esquecer, e sabendo o que nos aguarda, passa a nos mostrar o caminho que devemos seguir, mas, às vezes, endurecidos não compreendemos e pela nossa invigilância, tombamos no caminho.
Nossas enfermidades e necessidades duram apenas o tempo necessário ao aprendizado. Para Ele somos todos iguais e irmãos, queiramos ou não. O conceito humano é que nos distancia uns dos outros.
Entendo que o problema vem sempre acompanhado de solução, mas, passamos a nos preocupar tanto com a enfermidade em si que nos esquecemos de buscar o remédio. E aí me lembro da máxima que diz: “Deus não dá carga maior do que podemos carregar”.
Produzi de fato este conto, na tentativa de lhes passar uma mensagem de fraternidade, e parece que consegui. Queria lhe apresentar o que já aprendi sobre Deus e o quanto sou feliz.
Nunca desejei subir a montanha sozinho, olhar para baixo e ver a multidão que ficou para trás. Quero subir com todos de mãos dadas, e lá do alto, todos olharmos para baixo e verificar que não ficou ninguém.
Assim nos ensina o Evangelho!
Com o coração radiante, abraço todos vocês
Vicente Almeida
Nilton,
ResponderExcluirSuas palavras me tocaram profundamente. Não tome sua dificuldade como um defeito, faz parte de sua personalidade.Ninguém vai mudar isso mas se você admite a dificuldade já é um bom sinal. Notei que você não gosta das demonstrações em público.Não veja isso como pequenez, apenas você não gosta de se expor. Confesso que sou muito apresentada, como diz meu irmão. Ele é mais ou menos como você e diante de uma dificuldade que passou uma vez me pediu para ir até o Canindé, visitar São Francisco. Perguntei a razão e ele disse: " Vá e faça sua parte, eu ficarei por aqui" Claro que sua fé andava abalada e ele pediu para eu ir no seu lugar. Senti-me muito bem e até hoje orgulho-me de ter atendido ao seu pedido. Ninguém é obrigado a fazer o que os outros fazem, cada pessoa tem sua maneira de ser. Fiquei sua fã depois do relato. Abraço,
Fafá
Vicente, será que seu conto é tão despretensioso assim? Parece que você tem uma missão aqui no blog talvez despretensiosa mas tem. Abraço Fafá
ResponderExcluirVicente, não contive as lágrimas ao ler tão comovente e bela história. Não tenho nenhuma dúvida da existência de Deus, sinto-O muito presente em minha vida. E digo meu amigo, se não fosse a fé que tenho nesse Deus, já teria desistido de tudo.
ResponderExcluirUm grande beijo de agradecimento e Deus o abençõe!
Vicente, seu texto traz uma mensagem tão linda de fé que quis partilhar com meus amigos e enviei por email, mesmo sem sua autorização... DESCULPA. Quis divulgar a maravilhosa manisfestação de Deus em nossas vidas. O Seu poder, o Seu amor e a Sua misericórdia por cada um de nós.. Como você disse: tentar subir a montanha de mãos dadas com todos.
ResponderExcluirBeijos e Deus continue nos abençoando!!
Zé Nilton.
ResponderExcluirTenho a mesma fé que você. Escrevestes um texto que certamente não veio de ti, mas de algo mais poderoso que você. Que algo mais poderoso é esse eu não sei. A verdade é que quando vejo artigos tão bem enredados como esse do Vicente Almeida e comentário tão bem feito como o seu, penso que deve ter alguém mais poderoso por trás. Um mestre competentíssimo que sabe explorar bem seu aluno. E esse mestre da arte e da beleza, só pode ser Deus.
Recebi por email uma história que falava de Deus...
Aconteceu em Servilha.
Um barbeiro cortava o cabelo de um cliente e comentava a respeito de Deus.
- Deus não existe! Veja quanta coisas erradas existem no mundo, quanta pobreza! Onde está Deus que não ver isso! O cliente, que ouvia tudo calado, após cortar o cabelo sai da babearia encontra um homem bem na calçada da com a barba por fazer. Voltando-se para o barbeiro diz:
Aqui não tem barbeiro! pois se tivesse esse homem não estaria com a barba por fazer. E o barbeiro responde: Ele nunca me pediu para que eu cortasse seu cabelo, se ele pedisse eu o cortaria! Diante de tais palavras o cliente diz:
Da mesma forma é Deus, se você não o procura, ele não te ajuda, pois para que não fossemos como marionetes em suas mãos ele nos deu o livre arbítrio.
É...
ResponderExcluirMagnólia, Klébia e Fco Gonçalves:
Todo depoimento é um acréscimo a nossa postagem.
Eu não sabia que ela ia causar tão boa impressão e tanta ternura em tantas palavras amigas e estimulantes como as de todos estes comentários que vocês estão fazendo.
DEUS EXISTE! Há dias pensava e planejava escrever um texto para postar aqui neste blog em homenagem a todos os colaboradores, mas não me surgia tema apropriado.
Ontem pela manhã estava na cidade, andando pela rua e senti como um estalo em minha mente, e vi se configurar todo o roteiro da história que narrei.
Chegando em casa, corri para o computador e comecei a digitar, formatando e apagando excessos. Foram cerca de três horas.
Concluído o trabalho, solicitei a crítica da minha esposa. Ela leu e sugeriu uma única alteração.
Estava concluído o texto, procurei ver que título daria. Não demorou muito, e foi este: DEUS EXISTE!
Klébia: Divulgue a vontade, distribua para quem quiser, ficarei feliz.
Francisco Gonçalves: realmente há uma força poderosa dirigindo tudo e todos e você tem razão: Esse mestre da arte e da beleza é DEUS.
Abraço a todos
Vicente Almeida