Página em Branco
- Claude Bloc -
Mais uma vez uma página em branco. Branca e indiferente. Por um momento a mão começa a arte. Não sei se maior ou menor. Um esboço apenas a lápis. Um rabisco... e as palavras escondidas vão surgindo na brancura do papel, escapando em linhas.
De início, meros pensamentos esfumaçados. Vestígios de algum sonho dobrado em versos que corta a página ao meio sem piedade. Aos poucos o poema vai crescendo, rindo à toa e o sonho afiado vai se perdendo nos descaminhos da imagem refletida na transparência dos sentimentos.
Palavras farfalham no papel..dançam uma valsa, dedilham um violão. Representam apenas a (des)memória amarelando o passado. E os versos vão surgindo, um a um - unidos e ao mesmo tempo tão (des)iguais...
Palavras buscam a brancura do papel e se estendem preguiçosamente... A mão que escreve já nem desenha as letras, as palavras sequer existem nesse ajuntamento de verdades.
Palavras ficarão inscritas na alma até que a noite as apague na escuridão reciclando o fluxo da vida. A marca do sonho.
Claude Bloc
Não seria o poeta um ilusionista do pensamento? Diz falar de sonhos, mas na verdade fala de seus segredos.
ResponderExcluirAssirius.
É isso mesmo, Morais e "finge que é dor/ a dor que deveras sente" - segundo Camões.
ResponderExcluirMas todo mundo sente a emoção de quem escreve... A alegria, a vibração, a melancolia e a saudade...
Abraço,
Claude
Presada Claude.
ResponderExcluirClaude é nome de origem francesa, mesmo nome do genio da pintura francesa, Claude Monet que faria 170 anos esse mês. Monet pintava como se estivesse escrevendo um texto poético. A Claude parece ter essa mesma leveza quando escreve. Seu texto é como uma prosa poética ou um poema lírico. É sempre um prazer ler seus trabalhos publicados aqui no blog.
Mais uma vez parabéns.
Claude,
ResponderExcluirA nossa existência é uma folha de papel em branco onde nós rabiscamos diariamente os nossos tons e os nossos rabiscos tendo a certeza de jamais poder vislumbrar a arte final.
Bela prosa.