Amanhã se der o carneiro
O carneiro
Vou m'imbora daqui pro Rio de Janeiro
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As coisas vem de lá
Eu mesmo vou buscar
E vou voltar em vídeo tapes
E revistas supercoloridas
Pra menina meio distraída
Repetir a minha voz
Que Deus salve todos nós
E Deus guarde todos vós ( Carneiro, 1974)
EDNARDO
Por Zé Nilton
O ilustre professor Marcondes Rosa, inteligência brilhante desse nosso Siará Grande, louco por música, conhecedor profundo do movimento renovador da Música Popular Brasileira made in lá de nós, o chamado “Pessoal do Ceará”, traduzia muito bem os versos de “Carneiro”, de Ednardo e Augusto Pontes. Dizia haver chegado novos tempos no Ceará, e doravante cessava ali o nosso secular destino de “ave de arribação”, não raro sob o humilhante rito de passagem: primeiro tentar a sorte no bicho pra garantir tentar a sorte no Sul.
Ainda não havia chegado os novos tempos cridos por Marcondes por isso, e foi só por isso ? fui “m´imbora daqui pro Rio de Janeiro”. Pra variar houve sorte pelo meio! Não joguei no bicho, mas o bicho homem fez a minha fezinha. E que homem! O inesquecível e educado empresário Waldir Silva, que administrava suas empresas com o coração, disse pro rapazinho:
- Já que o Sr. (tratava todo mundo por Sr.) quer ir, que vá. Mas taqui, duas passagens, uma de ida e outra de volta, caso não dê certo...
Fui. Deu certo seu Waldir, minha eterna gratidão.
O assunto aqui é música ou melhor, a música do conterrâneo Ednardo. Então eu tenho pra mim que musicalmente falando, foi preciso estar lá na cidade maravilhosa, precisamente naqueles ainda românticos anos 70, para encher-me de orgulho da música cearense embalando os dias e as noites do Rio. Nas ambiências em que circulei, descendo e subindo a velha Matacavalos (celebrizada por Machado de Assis) a rua Riachuelo, idem a Mem de Sá, rua de Ataúlfo Alves, depois a Bambina, a Dois de Dezembro, a Correia Dutra, eu pisava distraído ( ainda se podia) e me distraía ao som de Belchior, Fagner, Ednardo e o Pessoal do Ceará, no radinho de pilha que ainda hoje mora comigo.
Em 1976, quando retornava, à noite, da universidade, desde o Maracanã, ouvia, de dentro do coletivo, ao longo de suas paradas, o “Pavão Mysteriozo”, cujo som saltava dalguma janela, a música de abertura da novela “Saramandaia”, da Rede Globo.
O Ceará ajudou a criar a via de mão dupla com o centro cultural do Brasil em termos musicais a partir daqueles idos. As coisas vinham mas também saiam daqui pra lá.
E a música cearense que sai hoje nas mídias ? Bom, que “Deus salve todos nós”!
Nesta quinta-feira, a voz penitente e a música denunciadora e cheia de encanto de nosso Ednardo, no programa Compositores do Brasil, de 14 as 15 horas, na Rádio Educadora do Cariri.
E para os infelizes que não crem na música de qualidade e não permitem que ela chegue também às massas deste país, rogo-lhes uma praga pegando carona no brado do excelente Belchior: “eu quero é que este canto torto feito faca corte a carne de vocês”!
E para a resistência dos crentes, com a palavra, Ednardo à sua moda: merci bocu, merci bocu não há de quê.
Uma sequencia da música de e com Ednardo:
01.TERRAL
02. AVIÃO DE PAPEL
03. ARTIGO 26
04. TREM DO INTERIOR, em parceria com Belchior
05. PASTORIL, participação de Amelinha e Belchior
06. A MANGA ROSA
07. SOMOS UNS COMPOSITORES BRASILEIROS
08. VAILA, em parceria com Brandão
09. CARNEIRO, em parceria com Augusto Pontes
10. BEIRA MAR
11. INGAZEIRAS
12. ENQUANTO ENGOMO A CALÇA, em parceria com Climério
13. PAVÃO MYSTERIOZO.
Quem ouvir verá.
Programa: Compositores do Brasil
Rádio Educadora do Cariri (www.radioeducaroradocariri.com)
Telefone: (88)3523-2705
Todas as quintas de 14 as 15 horas
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Operador high tech: Iderval Dias
Direção Geral: Dr. Geraldo Correia Braga
Beleza, Magnólia!
ResponderExcluirBeira Mar Ednardo E O Pessoal Do Ceará
ResponderExcluirNa Beiramar
Entre luzes que lhe escondem
Só sorrisos me respondem
Que eu me perco de você ( Bis )
Você nem viu
A lua cheia que eu guardei
A lua cheia que eu esperei
Você nem viu, você nem viu ( Bis )
Viva o som, velocidade
Forte, praia, minha cidade
Só o meu grito nega aos quatro ventos }
A verdade que eu não quero ver } ( Bis )
Na Beiramar
Entre luzes que lhe escondem
Só sorrisos me respondem
Que eu me perco de você
E o seu gosto
Que ficando em minha boca
Vai calando a voz já rouca
Sem mais nada pra dizer ( Bis )
E eu fugindo de você
Outra vez me desculpando
É a vida, é a vida }
Simplesmente e nada mais } ( Bis )
E um gosto
De você que foi ficando
E a noite enfim findando
Igual a todas as demais
E nada mais ( Bis )
Valeu Ze Nilton.
ResponderExcluirEstarei no pé do radinho esta quinta-feira.
Abraços.
Morais, bendito seja o seu blog. Mostra as gentes e os modos de ser Varzealegre. Olha só, que lindo, essas meninas cantando...
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