Há 185 anos – no dia 2 de dezembro de 1825 – nascia no Rio de Janeiro o Imperador Dom Pedro II. Para homenagear este ilustre brasileiro, na data que lembra o seu nascimento, publico abaixo uma crônica escrita por Monteiro Lobato, anos depois do golpe militar que implantou a República. Bom lembrar que Monteiro Lobato fora ardoroso republicano nos tempos da Monarquia.
(Armando Lopes Rafael)
(Armando Lopes Rafael)
Ignorávamos isso na monarquia.
Foi preciso que viesse a republica, e que alijasse do trono a Força Catalítica para patentear-se bem claro o curioso fenômeno.
A mesma gente, o mesmo juiz, o mesmo político, o mesmo soldado, o mesmo funcionário até 15 de novembro honesto, bem intencionado, bravo e cumpridor dos deveres, percebendo, na ausência do imperial freio, ordem de soltura, desaçamaram a alcatéia dos maus instintos mantidos em quarentena. Daí, o contraste dia a dia mais frisante entre a vida nacional sob Pedro II e a vida nacional sob qualquer das boas intenções quadrienais que se revezam na curul republicana.
Pedro II era a luz do baile.
Muita harmonia, respeito ás damas, polidez de maneiras, jóias d’arte sobre os consolos, dando o conjunto uma impressão genérica de apuradíssima cultura social.
Extingue-se a luz. As senhoras sentem-se logo apalpadas, trocam-se tabefes, ouvem-se palavreados de tarimba, desaparecem as jóias..."
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Monteiro Lobato chegara à conclusão -- ao escrever a crônica acima -- de que, no Brasil, a seriedade nos negócios deixara de ser uma virtude, passando a ser considerada uma coisa do passado. O civismo desaparecera por completo. Os bons costumes haviam sido esquecidos. Alguma força misteriosa havia transformado um povo sério numa turba de pândegos? É claro que não. Só havia uma diferença: havíamos perdido o Imperador.
Postado por Armando Lopes Rafael
Postado por Armando Lopes Rafael
Prezado Armando.
ResponderExcluirComo muitos se calam diante de tão razoados argumentos.
Belo texto.
Armando,
ResponderExcluirCerta vez,vendo o meu filho caçula realizando mais uma peraltice, assisti a um interessante diálogo entre um tio do garoto e o meu falecido pai:
- Esse memino deve ter "puchado" ao pai, quando criança! Falou o tio.
- É... Só que o Sávio tinha freio! Retrucou o meu pai.
Utilizo essa metáfora para comentar o bem traçado e bem lembrado texto.
Muito bonito a obra de Monteiro Lobato. Vendo o que a república se tornou só nos resta a restauração da Monarquia, para assim, a luz voltar a brilhar em solo pátrio.
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