Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 12 de dezembro de 2010

Pastorando estrelas na cidade - Luz - Por Xico Bizerra

Enganaram-me a vida toda dizendo ser Paris a cidade-luz. Que mentira mais deslavada! Descobri a verdadeira cidade-luz num passeio às Minas Gerais, tão bela quanto seus montes, tão generosa quanto seu povo. Estávamos na casa de Branco, num lugarzinho escondido no mapa e chamado de Dores de Indaiá. Chegamos à tarde e faltava luz. De dia a falta de energia não faz tanta falta, a não ser pelo fato de a cerveja, desguarnecida do freezer, ficar um pouco mais quente do que deveria. Com a chegada da noite, chegou também a hora de dar graças a Deus pela falta de luz, ou melhor, de energia, pois luz não faltava naquele lugar. Nunca tinha visto um céu tão bonito, tão enfeitado de estrelas. Fiquei a pastorá-las torcendo para que a CEMIG fosse incompetente e que a escuridão das ruas se prolongasse por muito mais tempo, não nos roubando a felicidade daquele festival inesquecível. Sabia da aflição da moçoila da cidade que comemoraria naquele dia seus 15 anos e dependia essencialmente da claridade no clube para os festejos. Mal sabia a moça que seu maior presente estava ali, ao seu alcance, bastava espiar pra cima, bastava olhar o céu. Depois, lá pras 10 horas, a rua iluminou-se ao mesmo tempo em que o céu se tornava um céu igual aos céus comuns. No clube da cidade, dançou-se a valsa dos 15 anos, sem estrelas a brilhar. De Dores, restou a saudade de seu povo bom e das cores de seu céu, ao mesmo tempo lindo e fugaz.

5 comentários:

  1. Xico Bizerra.

    Mais uma vez obrigado pela bela cronica.

    Abraços.

    ResponderExcluir
  2. Xico,

    A luz elétrica apagou a lua, as estrelas e o romantismo contido nelas. Mas que presente, o seu! Tomou a cerveja ainda fria, admirou o céu e ouviu a graciosa valsa da luz.

    Um abraço.

    ResponderExcluir
  3. obrigado a morais e a sávio pela leitura e pelos comentários. viva a lua e a cerveja gelada.

    ResponderExcluir
  4. Gostei demais do seu relato, Xico. Bonito, atento, ligado nas coisas boas do mundo.

    Que as Luzes do Natal se acendam no seu coração juntamente aos seus familiares. Abraço em Dulce.

    Claude

    ResponderExcluir
  5. Xico,não sei o relevo dessa cidade,mas o céu plano de estrelas lhe convidou para abraçar a maravilha da natureza.UM abraço.Rolim

    ResponderExcluir