Haviam-lhe dito que todos os alunos teriam seu apartamento e, nele, uma bicicleta para uso individual e privativo. E ele acreditou. Um mês depois estava interno e os sonhos começavam a caminhar para a realidade: o da mãe, de ter um filho padre; o dele, de ter uma bicicleta egoisticamente sua, só sua. À noite, dormitório coletivo e, dia seguinte, nenhuma bicicleta. Rezas, missas, orações, estudos. Nos sábados jogava bola e depois da Ave-Maria e do café das seis e meia, tinha ao seu dispor uma mesa de pingue-pongue, até a hora de dormir. Num domingo, depois das rezas, missas, orações e estudos vibrou com o gol de Amarildo contra a Espanha, abrindo o caminho para o bi. Quase não deu para ouvir, mais ruídos que gritos de gol no radinho do salão de jogos. Alegria maior porque o bedel era espanhol. Nos corredores, apenas Padres e Seminaristas. Hoje, nos fins-de-semana, passeia de bicicleta com a mulher e os três filhos. Faltou-lhe vocação para o sacerdócio. Sobrou-lhe o amor pelo ciclismo.
Prezado Xico.
ResponderExcluirEsta sua historia ocorrida por volta de 1962 parece ser a repetição de outra acontecida anteriormente.
Dona Isabel botou o filho Jose no Seminario. Era seu grande desejo ter um filho padre. Jose não queria ser padre e deixou o seminario sob a jura da mãe em deserdá-lo. No final todos viveram felizes. O jose era Zuza - Bizerra como o seu com I.
Abraços.
Xico Bizerra,
ResponderExcluirCada família possuía o grande desejo de ter um sacerdote no seu seio. Era quase uma obscessão. Para se conseguir o escolhido muitas promessas eram feitas de forma extravagante. Naquele tempo, de vacas magras, o sacerdócio chegava a ser uma redenção familiar. Por vezes, dava certo. Outras, não.
Um abraço.