Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 31 de março de 2011

JUSTIFICATIVA - Por Mndim do Vale

Estamos reprisando alguns dos nossos trabalhos, mas não é por falta de matérias não.
Pois como vocês todos são sabedores, Várzea Alegre é uma cidade rica em cultura popular. É só ativar a memória que ela vem como cacimba de areia.
A verdade é que estão chegando alguns conterrâneos aqui no Sanharol e
todos eles são merecedores de dividir conosco esses valores.
Reprisamos hoje um trabalho da nossa autoria, que classificamos como o melhor de todos.

Dedicamos aos recém-chegados e aqueles que retornaram.
Sejam todos bem vindos.
Raimundinho Piau.

FUNCIONÁRIOS DE DEUS

TEMA = Raimundo Diniz
COMPOSIÇÃO POÉTICA = Raimundinho Piau.


Neste verso eu vou lembrar
De dois conterrâneos meus
Que no título vou chamar
Funcionários de Deus.
Mãe Antônia Cabeleira
A nossa boa parteira
Tinha o trabalho primeiro.
E Alexandre seu filho
Abraçou com muito brilho
O ofício derradeiro.

As gestantes da cidade
Mãe Antonia assistia,
Pois uma maternidade
Na época não existia.
Fosse dia ou madrugada
Quando ela fosse chamada
Cumpria bem seu dever.
Com carinho e atenção,
Toda a minha geração
Ela ajudou a nascer.

Alexandre um cidadão
Versátil e trabalhador,
Chegou a ser artesão
Foi também agricultor.
Negociou no mercado,
Pioneiro em sal pilado
E também foi enfermeiro.
Trabalhou como cambista
E pra completar a lista
Terminou como coveiro.

Mãe Antônia só fazia
Os ´partos com segurança
Era muito raro o dia
Pra morrer uma criança.
Era o parto natural
Sem recurso de hospital
Como Deus tinha previsto.
A parteira auxiliava,
A criancinha chorava
Como nasceu Jesus Cristo.

Alexandre no final
Fez a vez de mensageiro,
Cuidava do funeral
E também era coveiro.
Aquele irmão que morria,
Alexandre remetia
Para a casa verdadeira.
Quem sabe um dia a cegonha
Traz de volta mãe Antônia
E Alexandre Cabeleira.

Deus colocou neles dois
O poder da caridade
Pois na terra do arroz
Viveram de irmandade.
Não pouparam sacrifícios
Cumpriram bem seus ofícios
Fizera os trabalhos seus.
Mãe Antônia recebia,
E Alexandre devolvia
Novamente para Deus.

10 comentários:

  1. Prezado Mundim.

    Parabens.

    Voce resgata hoje fatos que vão do nascimento com Antonia Cabileira ao sepultamento com o Alexandre. Não se sabe qual atitude mais nobre: começo e fim de uma vida, de uma historia. Voce fala com a propriedade de quem conheceu de perto a importancia dos dois para nossa gente e nossa terra.

    Receba o meu abraço e agradecimento.

    ResponderExcluir
  2. É pra dizer o que? só agradecer a Deus, por você existir: meu amor, meu poeta mais querido! Buaaaaaaaaaa

    ResponderExcluir
  3. Realmente, Mundim, é muito bem feito. Rima precisa. Perfeito, amigo. Grande abraço.

    ResponderExcluir
  4. Os poemas do Mundim encantam de tal forma, que não temos tempo de observar a poesia, a rima. A historia basta, supera nossa espectativa.

    ResponderExcluir
  5. Mundim, esses textos precisam ser reprisados e a saudade precisa ser (re)pisada...

    Sua produção tem uma qualidade ímpar. Merece ser vista e apreciada.

    Abraço de saudade.

    Claude - Flor da Serra Verde

    ResponderExcluir
  6. Mundim, não me canso de ler sua " JUSTIFICATIVA" Como disse Claude: qualidade IMPAR, tenho orgulho desse baixinho arretado.
    Francesinha

    ResponderExcluir
  7. Recebo todos os comentários com alegria. Os dos varzealegrenses se encacham muito bem no verso.
    E o da Flor da Serra Verde, fica muito parecido que ela também conheceu auqles funcionários de Deus.
    Também podera, ela é vizinha lá de nós.

    ResponderExcluir
  8. E verdade Mundim. No inicio tanto eu como voce fizemos postagens valorosas, e os leitores eram bem menos. Precisamos reprisar para os novatos.

    ResponderExcluir
  9. Raimundinho,

    Bonito poema retratando a nossa vida do começo ao fim. Felizmente, eu só utilizei o trabalho dessa dupla no início, pois foi Antônia Cabeleira que fez o parto da minha mãe quando eu nasci. Excelente enredo.


    Um abraço.

    ResponderExcluir
  10. Que legal estava pesquisando sobre minha família, e acabo de ler esse belo poema. Alexandre era bisavô é dona Antonia Cabeleira minha tataravó 😊

    ResponderExcluir