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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 15 de junho de 2011

HISTORIAS DE JOÃO DINO - O SÓSIA DO PRESIDENTE.

Quando falo ou escrevo alguma coisa sobre o serviço público do Brasil o faço com muito conhecimento de causa porque dos meus 55 anos de idade eu trabalhei 01 ano como datilógrafo no extinto Projeto Sertanejo, 05 anos como contabilista na Cooperativa do DNOCS de Icó-Ce, 14 anos como funcionário da carreira administrativa do Banco do Brasil e mais 04 anos prestando serviços à Prefeitura de Juazeiro do Norte, durante a Administração Dr. Mauro Sampaio.

Não posso afirmar que eu era um homem feliz como servidor público, sobretudo pelo clima de disputa por cargos existente em todos os escalões.
Entretanto, desempenhei com muita dedicação todas as tarefas exigidas pelos diversos cargos que ocupei. E tem mais, por diversas vezes recebi diplomas de “bancário do ano”, “bancário destak” etc.

Aprendi a gostar de tudo que sou obrigado a fazer. Eu precisava trabalhar para sustentar minha família. Por isso sempre mantive o meu sorriso largo e os meus dentes no quarador para todos os clientes, colegas e superiores hierárquicos.

A receita para manter sempre o bom humor: Eu sempre fui o banco de dados de todas as fofocas das cidades por onde andei – Seguindo o bom exemplo de minha mãe, meu pai, minha vó, minhas tias, e finalmente de quase todos os meus familiares. Todos nós temos esse pequeno defeito de fabricação.

Fazendo o cadastro dos clientes do Banco do Brasil eu conquistei tantas amizades que vocês nem imaginam. Fiquei todo besta certa vez porque um senhor de uns 70 anos de idade comentou com o Gerente do Banco: Sr. Luiz, vá o senhor e João Dino comer uma galinhazinha de capoeira lá na minha casa. Luiz perguntou: O Sr. Conhece João Dino? O velho disse: João Dino é mais conhecido nessa região do que batata. A qualquer hora do dia ou da noite, se João Dino bater numa porta, com certeza a porta se abrirar. Fiquei muito feliz quando o Gerente do Banco me falou sobre essa prosa.

E digo mais, todo servidor público deveria ser assim. Aproveitar-se de cargos públicos para construir amizades e servir. Quem muda de telefone, de endereço e troca os verdadeiros amigos por babões inúteis e idiotas, na minha modesta opinião, não passa de um besta. Conheço um bocado desses que estão confundindo 4 anos com 4 décadas.

1984, eu estava na Gerência do recém inaugurado Posto Avançado de Crédito Rural do BB na Cidade de Santa Helena (PB). Logo cedinho eu distribuí senhas para todos os agricultores que estavam na fila, e anunciei: Vou atender pelo número dessas senhas. Podem resolver outros negócios e só venham quando o guarda for chamando.

Chegou a vez do Sr.Francisco Queiroz. Apareceu um cidadão de quase dois metros de altura, moreno, muito conversador, muito simpático, muito sorridente, um dos maiores agropecuaristas do Distrito de Melancias.

Enquanto eu examinava o cadastro dele que estava desatualizado, ele não parava de falar. Comentou que o cafezinho estava muito gostoso. Que o guarda Hernane tinha sido uma boa escolha do Banco, que o caixa do Banco, meu colega Eusébio de Josias formava uma parelha certa comigo, porque os dois eram trabalhadores e desenrolados etc.

Estou eu digitando as alterações do cadastro dele numa máquina de datilografia muito barulhenta. Ele ficou calado por uns 5 minutos.

E eu até achei bom porque muitos agricultores esperavam lá fora para serem atendidos. Afinal, no Posto Avançado só trabalhavam dois funcionários e o guarda.

De repente o Sr. Francisco Queiroz quebrou o silêncio e me perguntou: É o pai do senhor?

Eu não entendí a razão daquela indagação. Era o meu primeiro contato com aquele cidadão. Na cidade ele tinha uma fama de ser muito brincalhão, metido a humorista, cheio de prosas como dizem os matutos sertanejos etc. Mas eu ainda não o conhecia. E muito educadamente eu respondi: Sr. Francisco, meu pai é de saudosa memória. Faleceu em 1979. Porque o Sr.está me fazendo essa pergunta?

Ele apontou para uma foto que estava num quadro, por trás da cadeira da gerência, uma super moldura, a coisa mais linda, e refez a pergunta: Essa foto nesse quadro aí em cima, é o pai do Senhor?

Eu girei a cadeira em 180 graus para ver que quadro era esse. Por um momento eu pensei: ou esse cidadão é muito desinformado, muito abestado, ou ele está fazendo hora com a minha cara.

Mesmo com essa dúvida na cabeça, ainda mais educadamente, com a voz bem serena, eu fui tentar dar uma aula de OSPB para ele: Sr. Francisco, a foto nesse quadro é do General João Baptista de Figueiredo, nosso Presidente da República.

Você deve estar pensando que ele perdeu o rebolado e ficou calado. Que nada. Aí foi que ele engrossou a voz.. Com a maior cara de pau ele ainda teve a coragem de dizer: Ave Maria Sr. João Dino... Parece demais... É o Senhor cagado e cuspido...

Nessa hora os outros clientes do banco ficaram sorrindo com as bocas fechadas, só resmungando. Eu fiquei meio desconsertado. Sem querer soltei uma gargalhada, peguei a mão dele e apertei, e pensei: Essa vai para o meu livro.

Dessa prosa surgiu mais uma grande amizade. Chico Queiroz atualmente é Vereador pelo Município de Santa Helena (PB) – 5º mandato. Grande líder político. E essa história ainda hoje é badalada na região porque eu contei numa rádio do Alto Piranhas, o locutor copiou o áudio da entrevista numa fita cassete. Hoje ele já está presenteando os eleitores com CD. Pense num matuto sabido.

5 comentários:

  1. Prezado João Dino.


    Conhecendo bem como te conheço eu acho que, depois desta, o cadastro do Senhor Francisco Queiroz foi reavaliado para baixo. Voce sempre disse não ao puxa saquismo.

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  2. João Dino

    Você, que já demonstrou aqui, que gosta mesmo é de gente, deve ter ficado constrangido em parecer com alguém que disse gostar mais do cheiro do cavalo que o cheiro do povo! Esse era um fanfarrão!

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  3. Mas durante os seis anos do governo de João Figueiredo (podem até chamar de ditadura) não se ouviu falar em corrupção escancarada, como ocorreu no governo Lula, que empurrou pela barriga – dentre tantos – as seguintes denúncias de corrupção, no mais corrupto governo da história republicana:

    Caso Celso Danie;
    Caso Toninho do PT;
    Escândalo da Suposta Ligação do PT com a FARC;
    Escândalo do DNIT (envolvendo os ministros Anderson Adauto e Sérgio Pimentel;
    Escândalo dos Gafanhotos (ou Máfia dos Gafanhotos);
    Escândalo das propinas de Waldomiro Diniz;
    Escândalo de Cartões de Crédito Corporativos da Presidência;
    Escândalo do Mensalão;
    Escândalo dos Dólares na Cueca;
    Caso dos Dólares de Cuba (doação da ditadura cubana para ajudar a eleição de Lula);
    CPI do Apagão Aéreo;
    CPI das ambulâncias:
    Etc.etc...

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  4. João Dino.
    Até que vc não é muito diferente do ex-presidente Figueiredo, principalmente quando esta de paletó. Rssss.Brincadeira

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