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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 5 de setembro de 2013

SOU XICO - POR XICO BIZERRA.

Sou Xico, adjetivo, verbo e substantivo, próprio ou comum, no espaço de um tempo qualquer. Vim do Crato e trouxe meu coração pra se banhar no Capibaribe, por sob as pontes, brincando com os caranguejos e siris, dançando frevo com o sol da Guararapes, adoçando os pés no areal das praias de Candeias. 

Quando me canso, ligo a vitrola da saudade e ouço o Rei cantando a Letra I ou os cantadores em versos direitos e esquerdos, centrados ou escorrendo pelas pontas da emoção. Vim do aboio e da cantoria do cego de feira, dos fazedores de brinquedos de barro, das redes em que se deita toda a solidão, mas em que também se balança a alegria maior de ser do sertão, ninando sonhos de poesia. Sou Xico, hoje do Recife e de Pernambuco, de papel passado, pela vontade do seu povo, mas do Crato pela vontade de Deus. 

O bandolim de minha mãe se fez acompanhar dos versos do meu avô e entraram, juntos, por um ouvido e pelo outro não mais saíram. Dali foram direto pras veias em que corre um sangue que se mistura ao som dos pífanos, da sanfona e do zabumba.

Sou Xico. Daqui e dali e de outros cantos também, dos chãos que pisei e pisarei pela força da música, guiado pelas asas dos deuses da arte. Se eles assim permitirem. Tomara que sim!
Sou Xico. Só isso!

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