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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Pão Diario - Por Wanderley de Matos Jr.

Deus deu ao homem o poder de dominar a terra e de servir-se dela, mas a ação humana extrapolou as possibilidades de sustentabilidade e administração sadia dos recursos naturais e hoje colhemos as consequências disto. Tudo porque o homem quer cada vez mais: mais dinheiro, mais poder, mais conforto, mais lucro, mais vantagens, mais bens de consumo, mais, mais, mais...

Imagine como seria um mundo em que o “menos” sobrepujasse o “mais”. Um estilo de vida menos dispendioso teria menos: luxo, futilidade, consumismo desnecessário, desperdício de água, lixo, poluentes. As pessoas seriam menos egocêntricas e haveria menos palavras ríspidas no trânsito, correria, horas de trabalho, dinheiro no bolso, neurose, prestações para pagar, estresse, passividade diante das injustiças sociais, descompromisso com o próximo, sonegação do amor, mania de grandeza, superficialidade, mediocridade, mentira, tempo perdido com inutilidades, menos, menos, menos. 

Acho que pouca gente quer ter menos. Afinal, nosso mundo nos conclama diariamente à ditadura do mais. E gostamos disso. Gostamos porque o “mais” nos diferencia dos outros e nos coloca acima deles, e com esta situação nos sentimos melhor. Tudo ilusão, diria o autor de Eclesiastes: é correr atrás do vento.

Jesus chamaria isso de tolice. Quando entendermos que podemos viver longe da opressão do “mais” e encararmos o desafio libertador do “menos”, descobriremos o real poder do evangelho de Jesus e almejaremos ser o último em vez do primeiro, servir no lugar de sermos servidos, perder no lugar de ganhar, dar mais e reter menos, enfim, fazer morrer o velho para deixar brotar o novo - que nasce do Espírito e contraria nossos maus desejos, o sistema e o mal vigente - para finalmente revelar o Cristo vivo, Senhor da vida e razão de nossa existência. 
Mais? Sim: santidade, tempo com Deus, maturidade espiritual... Menos de nós mesmos, mais de Cristo em nós.
Enviado por Rogeanny Santana.

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