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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 21 de setembro de 2012

POESIAS - POR RAIMUNDA DE MORAIS REGO


Maria Alves de Morais, Maria de Mané de Vó ditou este poema de Mundinha do Sanharol para Luiz Lisboa. Feito, segunda ela, em referencia a seca de 1952. São 4 décimas onde cada uma tem seu próprio mote. Raimunda de Morais Rego, Mundinha do Sanharol era analfabeta, juntava as palavras em versos e estrofes, memorizava e quando encontrava alguem interessado em ouvir transmitia. Assim encontramos  muito de suas poesias.

Primeiro - "Tempo de suspiro e dor"

Esse tempo é de bondade
Esse é que é tempo feliz
Que assim foi que Deus quiz
Faça-se sua vontade
Deus tem de nós piedade
Que ele é bom pastor
Deu essa seca de horror
E podem ficar ciente
Que isso foi um presente
Tempo de suspiro e dor.


Segundo - "Vivendo sem alegria"

Que o mundo estava sem luz
E o povo muito enganado
Vendo os nossos pecados
O coração de Jesus
Ele é quem nos conduz
Toda noite e todo dia
Ele é o nosso guia
Que nos vale quando quer
E não com nossa pouca fé
Vivendo sem alegria.

Terceiro - "Pensando no coração"

Só se ver pelas estradas
Até mesmo nos caminhos
Os pais com os seus filhinhos
Naquelas grandes retiradas
Estamos com a vida arriscada
Deus tem de nós compaixão
A nossa consolação
Já estando muita aflita
Pedindo a ele consigo
Pensando no coração.

Quarto - "Passar por tanta agonia"

Vendo o que tem acabado
E lamentar hoje a riqueza
Mas pena faz a pobreza
Que não tem com que passar
Começam logo a chorar
Pedindo a Virgem Maria
Por aquele grande dia
Que viveu o amado Jesus
Respirar por nós na cruz
Passar por tanta agonia.

2 comentários:

  1. Luiz Lisboa.

    Muito importante esse resgate de Mundinha do Sanharol. Se cada um de nós ouvíssemos os mais velhos, com certeza, evitaríamos que muita coisa interessante fosse jogada na vala comum do esquecimento. Uma obra de arte dessas vindo de uma analfabeta merece todo o nosso louvor e distinção.
    Parabens e muito obrigado.

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  2. Morais, agradecemos a memória de Maria, Maria de Mané de vó pois ela guarda essa e outras lá num cantinho da sua cabeça.Eu não lembro nem os de hontem.

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