Meu pai tinha um primo lá para o lado de Monte Alegre que o acusavam de louco. Meu pai argumentava pra nós que ele não era louco, era diferente e tinha compaixão pelo sofrimento dos animais.
Todavia, é muito comum as pessoas acusarem as outras de loucuras quando o comportamento desses não agrada. Quando as atitudes dos outros nos irritam, é bem mais fácil acusá-los de loucos do que procurar saber porque nos irritamos com facilidade. Meu pai contava uma historia que não sei se era verdadeira, mas serve para ilustrar a opinião dele sobre a loucura. Ele falava que havia um sujeito lá perto da Cachoeira Dantas. Como não me lembro do nome dele, vou chamá-lo de Zeferino.
O Zeferino, sentindo-se incomodado com o comportamento da mulher, reclamou para um amigo que não aguentava mais a mulher. – Ela tá louca cumpade! – Mas Zeferino qual é o problema? – Veja cumpade, ela não para de reclamar dizendo que é uma galinha. – Vige cumpade, entonse vai ao Crato que lá tem um tal de doutor psicrata que trata de gente louca.
Quando o Zeferino chegou ao consultório do médico, foi logo reclamando – doutor minha muié tá louca, eu queria que o senhor aviasse uma receita pra ela. O médico respondeu – mas como você sabe que ela está louca? – Doutor, não tenho sossego, ela não para de reclamar que não tem valor, é apena uma galinha.
O médico respondeu – vige, mas isso é coisa séria então! Por que você não veio falar comigo antes? – Não doutor, eu tava esperando para ela botar os ovos!
O texto do professor Antonio Dantas tem uma leitura prazerosa. A história é bem humorada como todo varzealegrense. Em resposta a pergunta o que é loucura eu diria que loucura aprazível é ver a Cachoeira Dantas lavando por cima assim e enchendo o açude garantindo água pelos próximos anos. Viva São José.
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