Parece que, enfim, escapamos das promessas dos apocalípticos que vaticinaram que o mundo se acabaria em dezembro de 2012. Essas profecias devem ter partido de ambientalistas e brigadas da mídia, que não podem assistir a um degelo ou fúria da natureza e logo apregoam o fim dos tempos. Um amigo meu comenta, com muito bom humor, que a apreensão é tanta que em determinados casos chegam a atribuir peidos de vaca como provocadores do efeito estufa. Os mais apressados anunciavam até a data da fatalidade planetária: exatamente no dia 21 de dezembro de 2012. Baseados no calendário maia, fundaram até seitas religiosas só para aguardar os últimos dias.
Datas fatalísticas vêm de longas eras. Nos primeiros séculos do cristianismo, pensadores, como Tertuliano, anunciavam o fim do mundo antes do ano 1000, bem como Sto. Agostinho, em seu livro "A Cidade de Deus", apontava a segunda vinda de Cristo para final do primeiro milênio. Esses e outros visionários, chamados de “quiliastas ou milenaristas”, propunham, inclusive, atitudes radicais de abandono da vida material.
Como adepto de Cristo, penso que só devemos acreditar nas informações apocalípticas que se encontram nos evangelhos. A profecia sobre o final dos tempos refere-se a dois períodos históricos bem distantes e distintos, que se compactam, provocando alguns mistérios e dúvidas: o primeiro estágio estabelece a destruição de Jerusalém, seguida da dispersão do povo judeu; o segundo, a agonia dos povos e do sistema solar, acompanhada de terríveis tragédias.
A primeira parte da profecia já cumpriu-se à risca: Jerusalém foi totalmente destruída, ano 72, não ficando “pedra sobre pedra” - conforme predissera Jesus. Flávio Josefo, cronista das legiões romanas, durante o cerco e destruição de Jerusalém, relatou episódios que confirmam detalhes da profecia. O comandante Túlio, mais tarde imperador romano, fechou todas as portas dos muros da cidade, não permitindo qualquer saída ou entrada de pessoas, de água e provimentos. Jesus predissera:"Quem estiver no campo não entre na cidade...E os da cidade fujam”(Lucas, 21, vers.20).
Após seis meses de cerco, as legiões romanas invadiram Jerusalém. Os judeus mal dispunham de alimentos para os seus soldados. Corpos apodreciam, gente faminta atacava as mulheres, chupava-lhes os seios em busca de líquido ou devorava-lhes os filhos. A profecia rezava: “Ai das mulheres que estiverem grávidas ou amamentando, pois haverá grande angústia e ira contra o povo”(Lucas, 21).
Derrotado, o povo judeu perdeu o direito ao solo pátrio, obrigado a indesejada e humilhante diáspora, por séculos, vivendo em comunidades mundo afora, perseguido pelos povos. “Serão levados cativos para todas as nações...” Lucas, 21).
O sionismo, isto é, o retorno dos judeus à pátria, só ocorreu muitos séculos depois, em 1948, após penoso sofrimento nas mãos de nazistas, tendo que conviver com árabes palestinos e rebeldes, que ocupavam o território durante a diáspora dos judeus.
A segunda parte da profecia de Cristo, sobre o final dos tempos, fica para depois. Permanece o consolo do Mestre aos apressados visionários:" Nem os anjos do céu sabem quando ocorrerá o fim." Portanto, que se danem os psicopatas com cara de profeta. Por enquanto, fico com a certeza de que Deus é grande e esse mundo é muito bom e bem feito. Não deveria acabar nunca......
Fortaleza – CE, 27 de dezembro de 2012
Prezado Antonio.
ResponderExcluirAssim é que num desses dias determinados para o fim do mundo, eis que ocorreu um eclipse solar. E, quando o sol foi coberto e tudo escureceu uma mulher achou de pedir perdão ao marido por um mal feito. Foi acabar de contar e o sol voltar a aparecer. Muito azar.