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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 3 de novembro de 2013

DO TEMPO DO BUMBA - Por Mundim do Vale.

COMUNICAÇÂO  PRECÁRIA.

Dedicado a; Dirceu Costa, Dr. Flávio Cavalcante Costa e Chico Gomes.

1958, foi um ano triste para nós varzealegrenses. Além de alguns crimes violentos, aquele ano foi de uma perversa seca. Nossos conterrâneos debandavam para São Paulo ou Maranhão na busca do espaço da sobrevivência.
A comunnicação da época era precária. O pessoal se comunicava apenas pelas cartas e telegramas dos correios, recados pelas ondas das emissoras de rádios e bilhetes da cidade para os sítios e vice-versa.
O  D.N.O.C.S.- Departamento Nacional de Obras Contra a Seca, desenvolveu uma frente de serviço em Várzea Alegre – Ceará. Um dos trechos era a construção de uma estrada ligando o bairro Patos até a Santa Rosa, onde fazia o encontro com a estrada velha que ligava a cidade de Várzea Alegre ao município de Lavras da Mangabeira.
Para a obra foi determinado a colocação de vinta barracas, medindo cem metros de uma para a outra. Cada barraca era composta por um feitor e vinte cassacos.
Um certo dia o Coronel Dirceu de Carvalho Pimpim, precisou mandar um bilhete para o seu morador Baixó no sítio Santa Rosa e encarregou o seu  neto Antônio Ulisses Costa para arranjar um portador, se não arranjasse ele mesmo tinha que ir.
Antônio foi até o início da obra onde a primeira barraca tinha o Senhor José Sobrinho como feitor e os seus familiares do sítio Unha de gato como cassacos.
Foi lá que Antônio teve a ideia de se poupar da viajem. Foi até o feitor e falou:
- Seu Zé. Papai Dirceu mandou esse blhete para ser entregue a Baixó, lá na Santa Rosa.
Zé Sobrinho rebateu:
- Mais eu num posso laigá o meu sirviço não.
- O Senhor faz o seguinte; Entrega na segunda barraca e pede para alguém  de  lá entregar na seguinte. O outro entrega na outra, até chegar na última, que é vizinha a casa de baixó. Fazendo assim cada portador só anda cem metros.
Assim foi feito. Quando o bilhete e o recado chegaram na última barraca, coube a Francisco Gomes Neto ( Chico Gomes ) entregar  nas mãos de Baixó. Francisco era menor de idade mas tinha sido incluso na frente de serviço.
Chico Gomes foi até Baixó e disse:
- Seu Baixó. Antônio Ulisses mandou eu trazer esse bilhete da rua até aqui, para entregar ao senhor, é do Coronel Dirceu. Sim ele mandou dizer também que era para o Senhor  pagar a minha viajem com cana e caju.
Baixó desceu para o sítio, quando voltou foi trazendo dez varas de canas e um baláio de cajus. Chico Gomes quase não conseguia levar.

O ESCRITO  DO  BILHETE:

Baixó. Me pegue o cavalo, me bote a cela, me bote os arreios e traga que eu preciso  ir ao brejo para acertar umas coisas com  o meu cunhado Raimundo Otônio.

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