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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 26 de maio de 2014

Entrevista com o ministro Marco Aurélio - Por Gabriel Garcia


O ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, repetiu cinco vezes - em 20 minutos - que toma decisões conforme sua consciência. Tanto que, em 24 anos de Corte, ficou conhecido como ministro do voto vencido.

Aos 68 anos, Marco Aurélio diz que o brasileiro perdeu a paciência com a má qualidade de serviços públicos como saúde, segurança, educação e transporte. E defende as manifestações que tomaram conta das ruas em meados do ano passado e se intensificaram com a Copa do Mundo, que começa em 12 de junho.

Marco Aurélio, no entanto, faz um alerta: a população precisa ir às urnas em outubro e escolher melhor os governantes. “Somos responsáveis por maus políticos que estão no cenário. Nós os elegemos”, afirma. Ele diz ainda que o teto salarial do funcionalismo público, hoje em 29,4 mil reais, está achatado.

Ministro, por que o senhor acha que o cidadão anda insatisfeito com o poder público, motivo pelo qual tem ido às ruas protestar?

O cidadão perdeu a paciência com os serviços essenciais. Primeiro, há inúmeras categorias com interesses represados. A tendência é reivindicarem. O refrão da Copa de 1970 dizia 90 milhões em ação. Hoje, somos 200 milhões. Os serviços básicos cresceram nesse diapasão? Não. Se eles estavam ruins, pioraram. Segundo, é muito fácil dizer que o índice de desemprego está baixo, mas o que temos é oferta excessiva de mão de obra e escassez de emprego.

As manifestações se intensificaram neste ano de Copa do Mundo e eleições. Isso assusta os homens públicos?

Hoje, conhecemos um fenômeno novo: a manifestação. Não a manifestação de direito cívico, mas com vandalismo. Na presidência do Tribunal Superior Eleitoral, eu troquei o “vem pra rua” por “vem pra urnas”. O local de protesto, por excelência, é nas urnas, escolhendo bem os representantes. Somos responsáveis por maus políticos que estão no cenário. Nós os elegemos.

O que é preciso ser feito para coibir protestos que acabam em violência física e quebradeira?

Pensemos no caso da depredação na Avenida Paulista, no ano passado. O aparato policial chegou 30 minutos depois. Tem alguma coisa errada. O mote para manifestação foi um reajuste na passagem de 20 centavos. Quando recuou, o poder público estimulou a apresentação de outras reivindicações, porque mostrou fragilidade.

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