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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 4 de setembro de 2016

Dilma, passe de mágica e “esquerda obsoleta”

Por Gonzalo Guimaraens – da Agência Destaque Internacional, em 3 de setembro de 2016 

O passe de mágica que salvou parcialmente Dilma deve ser esclarecido para que a História saiba quem foram os responsáveis pela reviravolta de última hora contra os genuínos defensores de um Brasil autêntico, soberano, digno e exemplar.

O Senado brasileiro, fundamentado nas devidas disposições constitucionais, aprovou no dia 31 de agosto o impeachment da petista Dilma Rousseff, que (des)governou o País durante mais de uma década. A maioria dos brasileiros havia manifestado apoio à destituição da agora ex-presidente, recorrendo previamente a várias e multitudinárias manifestações de rua. Sem dúvida, tal destituição representa uma péssima notícia para a esquerda brasileira e latino-americana.

Entretanto, minutos depois da aprovação do impeachment, quando se colocou em votação a suspensão ou não dos direitos políticos da ex-presidente por oito anos, um grupo de senadores — que com seus votos tinham acabado de destituir Dilma Rousseff da presidência — votou de modo contraditório e sumamente enigmático, a favor da manutenção dos direitos políticos de Dilma. Assim, ela poderá ocupar qualquer cargo público e se candidatar nas próximas eleições. Os movimentos de esquerda no Brasil passaram da tristeza à euforia, já que a ex-presidente e seus seguidores, agora na oposição, poderão reincidir nos crimes praticados anteriormente e condenados há pouco pelo Senado Federal. Ademais, terão as mãos livres para provocar o caos no Brasil por meio de conflitos sociais e políticos, incluindo a meta de tornar impossível o governo do novo presidente, Michel Temer.

Desse modo, de um momento para outro, como num passe de mágica, o Senado Federal transformou a derrota de Dilma Rousseff e do Partido dos Trabalhadores numa semiderrota, ou talvez numa perigosa semivitória, que os livra de ter de suportar a responsabilidade pela estrepitosa quebra moral, social e econômica que sua nefasta ideologia causou no País.
O alívio da Sra. Rousseff e do PT, concedido pelo mesmo Senado que acabava de destituir a presidente, sem dúvida está sendo celebrado pelos regimes bolivarianos da Venezuela, de Cuba, da Bolívia, do Equador e da Nicarágua, que dependem em boa medida do PT.

É obvio que tais regimes estão amargando o sério revés que sofreram com o afastamento constitucional da presidente petista, já que viram interrompido o longo ciclo de 30 anos do qual eles e o PT necessitavam para a implantação do socialismo do século XXI em toda a América Latina. Mas não podemos cair em falsos otimismos, e perder de vista que, não tendo conseguido “construir” o homem novo, eles agora trocaram a meta de “construir” pela de “destruir”, o que significa a autodemolição da sociedade, a desagregação social e o caos. Então, não podemos cair num otimismo fácil pelo fato de o PT ter perdido, pelo menos momentaneamente, as rédeas do Poder. Isto porque, na oposição, ele poderá trabalhar na linha da autodestruição da sociedade. Fiquemos, pois, alertas!

Consideremos outro aspecto que merece atenção. Durante as longas sessões do Senado, antes da votação final do impeachment, os senadores críticos do PT se restringiram a falar da “corrupção” do partido exclusivamente do ponto de vista econômico e político, quase não se referindo à “corrupção” ideológica pró-socialista promovida pelo PT na última década, especialmente no campo da educação, da família e da erosão da propriedade e da vida social — aspectos tanto ou mais prejudiciais que a corrupção econômica. Houve exceções a essa incompreensível regra. Foi o caso do senador Cristovam Buarque, que denunciou com todas as letras, em recente sessão do Senado, a “velha e obsoleta esquerda.” Além disso, o senador Ronaldo Caiado alertou sobre o perigo, que continua vigente, do “populismo bolivariano” e do revolucionário “Foro de São Paulo”, uma coalizão de esquerdas latino-americanas fundadas pelo PT.

O passe de mágica que salvou parcialmente Dilma deve ser esclarecido para que a História saiba quem foram os responsáveis pela reviravolta de última hora contra os genuínos defensores de um Brasil autêntico, soberano, digno e exemplar. Informações ainda não confirmadas indicam que houve negociatas entre o PT e alguns líderes do PMDB, nas quais não estaria alheio o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dr. Ricardo Lewandowski, que, por determinação constitucional, presidiu as sessões do Senado no julgamento do impeachment da ex-presidente Dilma. Oxalá nós estejamos equivocados quanto à preocupação de que essa “esquerda obsoleta” aliada ao “Foro de São Paulo” possa tentar se reerguer. O tempo dirá.

Esperamos que o novo governo brasileiro saiba enfrentar o grande desafio de reerguimento moral, político e econômico deste gigantesco País da prostração causada por quatro (des)governos sucessivos do PT. O apoio e o incentivo à propriedade privada, à livre iniciativa e às privatizações, bem como a eliminação da funesta influência petista na educação, serão testes decisivos para mostrar ao Brasil e ao mundo para onde os novos governantes desejam levar o País.
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(*) Notas de “Destaque Internacional”. Documento de trabalho, em 1º de setembro de 2016. Este texto, traduzido do original espanhol por Paulo Roberto Campos, pode ser divulgado livremente.
             

Um comentário:

  1. Esse desrespeito as leis, desobediência a ordem jurídica mostra bem as pessoas indicadas pelo PT para compor os tribunais.

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