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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 4 de dezembro de 2016

A crônica do domingo

Proclamação da República, o maior golpe de estado da história brasileira: A história que seu professor não contou – Por Rafaela Santos Jacintho (*)
  Diferente do que foi aprendido nos tempos de escola, a república não era uma ideia que agradava a população brasileira, pelo contrário. Já em 1884, bem próximo a sua “proclamação”, apenas três republicanos conseguiram se eleger para a câmara dos deputados e na eleição seguinte somente um.

Os republicanos tentavam a todo custo disseminar suas ideias pelo Brasil, porém era um trabalho em vão. Quando enfim perceberam que não conseguiriam por fins pacíficos acabar com o Império, tiveram a grande ideia de viabilizar um golpe militar. Só que para que isso acontecesse precisariam ter o apoio de um líder de prestígio da tropa militar. Foi ai que então resolveram se aproximar de Marechal Deodoro da Fonseca em busca de apoio.

O que grande parte das pessoas não sabe é que foi tarefa difícil convencer Marechal Deodoro a dar o golpe, tendo em vista que o mesmo era amigo do Imperador Dom Pedro II e era um dos maiores defensores da Monarquia.

Entenda o cenário:Dom Pedro II, filho mais novo do Imperador Dom Pedro I, tornou-se imperador aos 5 anos de idade e teve que passar grande parte da sua infância estudando para que fizesse um bom reinado. Como já dito em artigo anterior, um rei é preparado pra reinar desde o momento de seu nascimento, logo as longas horas de estudo e preparação do nosso Imperador resultou em transformar o Brasil numa grande e potente nação emergente. Sua estabilidade política era notória e o Império do Brasil se destacava em relação às nações vizinhas. Tínhamos liberdade de expressão, respeito aos direitos civis, tendo em vista que foi durante seu reinado que foi assinada a Lei Áurea (a da libertação dos escravos negros), pela sua filha Dona Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon, popularmente conhecida como Princesa Isabel.
Poucos sabem, mas desde meados de 1850, Dom Pedro II se declarava publicamente contra o regime de escravidão. Fato esse corajoso, tendo em vista que poucos brasileiros na época se manifestavam contra o regime. O nosso imperador considerava a escravidão uma vergonha nacional e tampouco possuiu escravos.

A escravidão no Brasil vinha sendo extinta de forma gradual através de várias medidas. Em 1871 veio a lei do Ventre Livre que ajudou bastante a diminuir o percentual de população escrava no país. Todos consideravam que esse posicionamento político de Dom Pedro II em relação à escravidão seria suicídio político, pois até os mais pobres no Brasil tinham escravos como propriedade. Em 1888, quando princesa Isabel Decretou a Lei Áurea, os donos de escravos sentiram-se traídos pelo regime monárquico e por forma de vingança tornaram-se republicanos. Os mesmo são chamados de republicanos de última hora.
Voltando ao golpe militar, como já foi falado, os republicanos precisavam de uma forma de convencer Marechal Deodoro a dar o golpe e tanto tentaram que acabaram conseguindo.

No dia 14 de novembro de 1889, os republicanos, num ato muito “honesto” fizeram correr o boato de que o primeiro ministro Visconde de Ouro Preto havia decretado prisão contra Marechal Deodoro e o líder dos oficiais republicanos o tenente-coronel Benjamim Constant. Essa falsa notícia fez com que Marechal Deodoro decidisse se levantar contra a Monarquia. Na manhã do dia 15, Deodoro reuniu toda a tropa em direção ao centro da cidade do Rio de Janeiro, capital do Brasil Império, com o intuito de decretar a demissão do ministério de Ouro Preto. Porém, Deodoro ainda não tinha a intenção de proclamar a república.
No calor dos acontecimentos, os republicanos precisavam pensar em algo rápido para que convencessem de vez o marechal a fazer a proclamação. Informaram-no então que Dom Pedro II teria nomeado Gaspar Silveira Martins como Primeiro-Ministro (O Brasil vivia há 67 anos sob o sistema de governo parlamentarista). Gaspar Silveira Martins era nada mais era do que um antigo rival de Deodoro, pois os dois já haviam disputado o amor de uma mesma mulher (a gaúcha Adelaide) na juventude. Adelaide preferiu Gaspar. Essa foi a gota d’água para que fosse feito o rompimento total com a monarquia.

Dom Pedro não reagiu ao golpe. A Família Imperial foi expulsa pelos golpistas e partiu para o exílio sem dinheiro. As novas autoridades se apossaram dos bens particulares da Princesa Isabel. O atual Palácio da Guanabara foi construído com recursos da Princesa Isabel e do marido dela, o Conde D’Eu. Foi desapropriado pelos republicanos e hoje é sede do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Há 127 anos corre uma ação no Supremo Tribunal Federal para que indenizem os herdeiros da Princesa Isabel ou devolvam o imóvel aos seus descendentes. A ação nunca foi julgada.

Dom Pedro II Passou os seus últimos dois anos de vida no exílio na Europa, vivendo só e com poucos recursos. O primeiro ato de corrupção do regime republicano foi quando os golpistas ao obrigar a família imperial do Brasil ao exílio, retiraram dos cofres públicos 5 mil contos de réis e deram a Dom Pedro II como forma de indenização pelos danos sofridos. O Imperador não só recusou como também exigiu que caso o dinheiro já tivesse sido retirado dos cofres públicos que fosse feito um documento comprobatório no qual ele o estaria devolvendo. Ele citou então a frase: “Com que autoridade esses senhores dispõe do dinheiro publico?”

Aposto que isso tudo seu professor de história não contou: Brasil, um país republicano, graças a uma disputa amorosa. Para quem desejar se aprofundar no assunto, leia o livro “1889” de Laurentino Gomes.
(*)Rafaela Santos Jacintho, historiadora.

4 comentários:

  1. Prezado Armando Rafael - Um texto de verdades. A maior prova do fracasso da republica é o seu proclamador se sentir arrependido do seu ato poucas semanas depois. O povo brasileiro engole a informação tal como lhe é passada, não tem discernimento para fazer uma analise propria.

    Ontem vi um desses absurdos : Manchete de jornal dizia - "Lula fala para intelectuais no Rio de Janeiro". Ou seja um analfabeto pilantra, malandro e malfazejo falando para intelectuais. A republica está pelo avesso.

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  2. (1)
    Um dos melhores amigos que tive foi o empresário Antônio Corrêa Celestino (falecido em 1995) que era fundador e presidente da Aliança de Ouro S/A, tradicional e honrada empresa de Juazeiro do Norte. Dizia o Sr. Celestino que o povo brasileiro, quando ia votar, “sempre escolhe o pior”. Ele tinha razão. Eu pessoalmente quando vi as 4 eleições vencidas pelos “lulo-petistas” lembrei-me do velho e honrado Celestino. Graças a Deus ele já estava na eternidade e não viu a destruição que esses “políticos” fizeram com o Brasil, levando uma grande nação a imitar os métodos ultrapassados de republiquetas do naipe de Cuba, Venezuela e Bolívia.

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  3. (2)
    Mas o que eu quero mesmo é comentar este artigo de Rafaela Santos Jacintho. Essa República imposta aos brasileiros foi um grande retrocesso na vida da nossa nação. Ele foi imposta pela mentira e um dia todo mundo conhecerá suas tramoias, pois a verdade sempre vence a mentira. Sob a Monarquia o Brasil vinha conhecendo sucessivos avanços. Um dos projetos era tornar o Império com Províncias (hoje chamados de Estados) com governantes eleitos, uma espécie de federação, mas, com o golpe, veio um “presidencialismo” que escolhe qualquer medíocre e este açambarca a representação do Estado e do Governo. Ora existem partes do Estado que não deve ser administradas por políticos, a exemplo da diplomacia e das Forças Armadas, que são instituições perenes e não devem ser tocadas por políticos despreparados. No Parlamentarismo a Chefia do Estado (Rei ou Presidente) é quem representa a nação. O governo (que envolve a política) é exercido pelo Primeiro-Ministro e demais ministérios.

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  4. (3)
    A atual República Presidencialista do Brasil fracassou. A República virou um cenário de corrupção generalizada. A única obra visível desta República foi acabar com o respeitável, estável e soberano Império do Brasil, que era considerado a nação mais democrática e liberal no seu tempo; que estava lado a lado com as três potências do Planeta e que hoje foi reduzido a uma republiqueta de terceiro mundo, com políticos do naipe de Tiririca, Lula da Silva, Palocci, Zé Dirceu, Cuecão, et caterva...

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