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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Natal-Brasília, sem conexão! - Por Ricardo Noblat

No mundo real, as autoridades de segurança pública do Rio Grande do Norte temem que ocorra a qualquer momento uma nova chacina na penitenciária de Alcaçuz, onde no último fim de semana pelo menos 26 detentos foram mortos e decapitados.

No mundo irreal, o governo do presidente Michel Temer faz de conta que tem um Plano Nacional de Segurança, que não passa de um arremedo, enquanto os governos estaduais fingem colaborar com ele quando seu único interesse é arrancar mais dinheiro da União.

Pelo terceiro dia consecutivo, o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), disse que Alcaçuz, a maior penitenciária do seu Estado, está sob controle. E novamente mentiu. A não ser que ele tenha querido dizer que está sob o controle dos presos.

O Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior facção criminosa do Brasil, perdeu dezenas dos seus membros assassinados e esquartejados em Manaus na primeira semana de janeiro. A Família do Norte (FDN), facção amazonense, venceu a parada – por ora.

Então o PCC resolveu vingar-se matando em Alcaçuz seus desafetos da facção chamada Sindicato do Crime do Rio Grande do Norte. Ninguém dormiu em paz, de ontem para hoje, em Alcaçuz. Presos do PCC e do Sindicato se mantiveram entrincheirados à espera do pior.

Um batalhão da tropa de choque da Polícia Militar permaneceu à porta do presídio sem ousar entrar. O governador não quer promover “um novo Carandiru”, a matança que ficou famosa em São Paulo de mais de 111 presos assassinados pela polícia à queima roupa em 1992.

Para atender a pedidos de ajuda de governadores do Norte e do Nordeste em pânico com o que ainda possa acontecer, Temer anunciou que dará permissão às Forças Armadas para agir durante um ano em “todos os estabelecimentos prisionais brasileiros”.

Os militares buscarão por “armas, aparelhos de telefonia móvel, drogas e outros materiais ilícitos ou proibidos” em vistorias que pegarão os detentos de surpresa. “Não podemos permitir que o crime vença e o crime não vencerá”, garantiu Raul Jungmann, ministro da Defesa.

Quer-se dar a impressão que as Forças Armadas intervirão para valer no combate ao crime. Mas seu papel não é esse. E para isso elas não foram treinadas. O próprio Jungmnann repetiu recentemente que o uso de militares para policiar as ruas “só serve para dar férias aos bandidos”.

Uma vez que os militares voltam aos quartéis, os bandidos retomam suas atividades. “Não haverá interação com os presos”, apressou-se logo a dizer o ministro, ontem. A tarefa continuará a cabo da polícia e dos agentes penitenciários. Aos militares caberá apenas a varredura dos presídios.

Vida atribulada que segue.

Um comentário:

  1. Os criminosos perderam o temor a lei, a autoridade, e, pelas barbaridades que estão cometendo fica claro que perderam o medo de Deus.

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