Esquema
de corrupção que desviou 100 milhões de reais nasceu na gestão do
marido da senadora, Paulo Bernardo, no Ministério do Planejamento
(Por Hugo Marques)
Rebaixamento
- Gleisi Hoffmann: eleita senadora em 2010, ela agora tentará uma
cadeira na Câmara dos Deputados (Amanda Perobelli/Estadão Conteúdo)
Após
dois anos e seis meses de investigação, a Polícia Federal concluiu que a
presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, se beneficiou de dinheiro
desviado em contratos do Ministério do Planejamento, que era ocupado por
seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo. VEJA teve acesso ao relatório
final do inquérito, que tramita sob segredo de justiça no Supremo
Tribunal Federal. Segundo a PF, as condutas da senadora paranaense podem
configurar corrupção passiva, lavagem de dinheiro e crime eleitoral.
“Existem indicativos de que Gleisi Helena Hoffmann de alguma forma
colaborou para ocultar ou a dissimular a natureza, origem, localização,
disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores
oriundos do esquema criminoso Consist, pois foram identificados diversos
registros de pagamentos feitos em benefício da senadora Gleisi Helena
Hoffmann ou pessoas relacionadas a ela e/ou ao marido Paulo Bernardo
entre os anos de 2010 e 2015”, conclui o a PF.
Com base em planilhas apreendidas, depoimentos de testemunhas,
acesso a dados bancários e mensagens eletrônicas, os policiais
conseguiram rastrear todo o caminho de grande parte do dinheiro entregue
a Gleisi, Paulo Bernardo e pessoas ligadas ao casal, que receberam
recursos desviados no esquema de corrupção. Gleisi, o marido, seus
assessores e o escritório do advogado Guilherme de Salles Gonçalves, que
representava o casal, receberam 7 milhões de reais do Fundo Consist em
cinco anos. “Tais pagamentos aparecem como tendo sido feitos
regularmente pelo escritório de Guilherme Gonçalves, mas na realidade
tratavam-se de valores de corrupção recebidos pelo escritório de
Guilherme Gonçalves”, diz a PF.
A documentação mostra que a quadrilha ligada à empresa Consist, que
desviou 100 milhões de reais no Ministério do Planejamento, queria
desviar outros 100 milhões no Ministério da Previdência. Em uma das
mensagens interceptadas pela polícia, um dos investigados, o empresário
Washington Vianna, descreve, em 2011, no início do primeiro mandato de
Dilma Rousseff, um plano para implantar o sistema no Ministério da
Previdência: “Teríamos R$ 3,750 milhões/mês para fazer os acordos
políticos necessários. Eu até diria que na Casa Civil, um apoio direto
na próxima campanha presidencial durante 3 anos no total de R$ 100
milhões”.
Gleisi Hoffmann começou sua carreira no PT com o verniz de gestora. Mulher do ex-deputado e ex-ministro Paulo Bernardo, ela foi alçada ao cargo de diretora de Itaipu em 2003, quando Lula chegou à presidência.
ResponderExcluirEsse posto, a influência do marido no partido e a forte popularidade do governo Lula ajudaram Gleisi a superar derrotas no passado e chegar à sua primeira vitória na eleição de 2010, como senadora.
A sorte seguiu ao lado da petista e, em 2011, Antônio Palocci caiu da Casa Civil de Dilma Rousseff e, Gleisi, com a fama de gestora, passou de novata no Senado à poderosa posição de número dois do governo, chefiando o ministério.
Sua carreira continuou próspera mesmo com a Lava Jato e, com o declínio de Lula, ela passou a ser presidente do PT e porta-voz do ex-presidente preso. O que a Polícia Federal descobriu é que, enquanto fazia carreira na política, Gleisi Hoffmann recebeu propina, fez caixa dois com dinheiro da TAM e, suspeita-se, até emplacou um funcionário fantasma em seu gabinete.