O General Pierre Labatut foi um militar francês que deixou seu nome
inscrito na história. Ele participou das Guerras Napoleônicas, entre
1807 e 1814, tendo atuado na Península Ibérica. Também combateu na
Guerra da Independência dos Estados Unidos da América, ao lado do
Marquês de La Fayette. Atuou, ainda, na Colômbia, ao lado de Simon
Bolívar. Finalmente, Labatut veio para o Brasil, contratado no posto de
Brigadeiro pelo Imperador Dom Pedro I, dada a escassez de oficiais
experientes no Exército Brasileiro, recém-organizado pós independência, e
para ajudar na guerra da nossa independência. Aqui, Labatut ordenou o
Exército Pacificador e combateu as tropas leais a Portugal, – contrárias
a nossa independência – na Província da Bahia. E lutou na Revolução
Farroupilha, já no período das Regências.
Em 7 de julho de 1832, a Regência que governava o Império do Brasil
designou o General Labatut para chefiar uma expedição ao Ceará. Tinha
ele por objetivo prender o caudilho Pinto Madeira e devolver a paz aos
habitantes da Província. Chegou Labatut ao nosso Estado no dia 23 de
julho, trazendo 200 homens, quase todos negros. Mas somente em 31 de
agosto, veio ele ao teatro da chamada “Guerra do Pinto”, iniciando sua
missão pela Vila de Icó. Encontrou a revolta praticamente encerrada,
graças ao empenho do presidente da Província do Ceará, José Mariano de
Albuquerque.
Em setembro, Labatut já estava no Cariri, fazendo seu quartel no Sítio
Correntinho, (localizado no município de Barbalha). Dali ele lançou uma
proclamação aos revoltosos convidando-os à rendição, mediante promessa
de clemência. Ofereceu garantias de vida a Pinto Madeira e ao Padre
Antônio Manuel de Souza para estes se entregarem, o que ambos fizeram,
em 12 de outubro de 1832, com a promessa de serem enviados ao Rio de
Janeiro, onde teriam um julgamento imparcial.
Chegando ao Cariri, Labatut logo sentiu o exagero das notícias chegadas
à capital do Império sobre a “Guerra do Pinto". Constatou ele que Pinto
Madeira, mesmo obtendo algumas vitórias, nunca ultrapassou os limites
de Icó. A capital da província, os portos cearenses, a rota entre
Aracati e Icó nunca saíram das mãos do governador da Província. Além do
mais, Labatut não precisou derramar uma gota de sangue cearense, pois a
Guerra do Pinto já havia sido vencida pelo governador da província, José
Mariano. Tudo isso tranquilizou o general francês pois sua missão não
necessitava promover lutas e sim viabilizar o apaziguamento da
população.
Foi
o que ele fez, tendo oportunidade de cumprir, com isenção, sua missão.
Para evitar que os dois chefes rebeldes fossem massacrados por seus
inimigos do Ceará, enviou-os a Recife, sob a guarda de um oficial de sua
plena confiança. Em 14 de outubro, Labatut fez um equilibrado e sereno
ofício ao Ministro da Guerra da Regência, pedindo um julgamento
imparcial para Pinto Madeira. alegando:
“Como,
pois, poderão ser julgados os réus por juízes inçados da mesma opinião
dos partidos que assolam a província? Por isso rogo a V. Excia. se digne
de atender ao meu último oficio do Icó, em que, conhecendo cabalmente
os males que acabrunham a nova comarca do Crato, eu pedia juízes
íntegros, justos e sábios por não haver um só letrado, em toda ela, os
de paz e ordinários são mui leigos e pertencem a um e outro partido”. (...)
Infelizmente, não atenderam ao pedido do General Labatut. E o desenrolar do julgamento de Pinto Madeira foi a
aberração jurídica como atestam os registros da história...
Conhecimentos importantes. Bons de lê e aprender com eles os fatos e ocorrências da história.
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