Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 17 de outubro de 2019

GERSON NEGRO DO SERTÃO - Por Wilton Bezerra.


Nos anos 1970, com o advento do Romeirão, o Icasa de Juazeiro, que disputava e ganhava todos os títulos do campeonato local, contratou um meia­-esquerda veterano e classudo chamado Luiz Francisco.
Canhoto, esse jogador tinha uma enorme capacidade para dar destino à bola pelo toque preciso e rápido no desenvolvimento das jogadas.

Um verdadeiro ourives a lapidar as tramas no espaço nobre do meio campo.
Luiz Francisco, paraibano e negro, foi titular do Fortaleza no início dos anos 1960 e o Icasa o encontrou defendendo o Tiradentes.

De tanto esbanjar categoria, passou a ser tratado como “O Gerson negro do sertão” numa referência ao “canhotinha de ouro” campeão do mundo.
E Luiz Francisco honrou a deferência enquanto jogou.

Pois, meus amigos, dentro desse contexto nos deparamos com uma excelente noticia chamada Gérson, o do Flamengo.
Depois de uma temporada no futebol italiano, Gérson foi fisgado pelo rubronegro carioca e se constitui hoje numa figura central na zona de imaginação no time de Jorge Jesus.

Volante pelo lado esquerdo, Gérson não se limita a um espaço restrito para realizar o seu trabalho; circula por várias partes do campo ditando ritmo na composição e recomposição ao controlar com enorme competência tempo, espaço e marcação.
Há quem defenda o fato que Gérson na seleção campeã de 1970, já fazia a função de volante pela esquerda, dependendo do movimento do jogo.

Tem sentido. O canhota era um fora de série e craque de múltiplas funções.
O tempo passou, o futebol mudou e os meias de ligação passaram a lutar contra um novo inimigo chamado falta de espaços.

Urdidura de jogadas e lançamentos em profundidade para os atacantes foram sumindo do mapa do jogo, resultante das novas obrigações de marcar e criar em espaços curtos.
Eis que surge, dentro do padrões exigidos pelo futebol de hoje, o Gerson negro do Flamengo.

Reúne qualidades de sobra para ser o Gerson negro da seleção brasileira.
A não ser que Tite carregue algum problema de miopia e não consiga enxergar um jogador que se encaixa em qualquer “tatiquês” que ele imaginar.

Abre o olho, gaúcho!

Um comentário: