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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 14 de outubro de 2019

O FUTEBOL BRASILEIRO E AS APARÊNCIAS - Por Wilton Bezerra, comentarista esportivo.

No filme “MacBeth” da obra de Shakeaspere, no momento de trama para matar o rei, a mulher do personagem sugere ao marido, no sentido de não deixar pegadas, o seguinte: “Se queres enganar o tempo, toma a aparência do tempo”.

E essa frase causou enorme efeito sobre o escriba aqui. O que isso tem a ver com futebol, perguntarão?
Tudo, no sentido de que, nunca antes nesse país, tantos tomaram a aparência de dirigentes e jogadores.
Com a aparência de gestores, a partir da CBF, os dirigentes pintam e bordam em termos de decisões erradas.
Vejam o que é feito com a seleção brasileira e com o próprio futebol de calendário anual mais parecido com uma mistura de jacaré com cobra d’água.
Quando há uma rejeição no que diz respeito a clube-empresa no futebol brasileiro, agremiações importantes afundam em dívidas e gestões temerárias.

Alegam que, com o novo modelo, os tributos cobrados dobrarão, como se, ao mesmo tempo, não dobrasse, também, o prestigio do clube dentro de um novo mercado.
Ocorrem, por detrás disso, intenções habituais de procurar levar vantagem em tudo, como, aproveitar a iniciativa para aplicar calotes, por enormes dívidas contraídas ao longo de um tempo de gestões irresponsáveis.
Dirigentes com a compulsão de destruir, sem a menor possibilidade de construir coisas belas, contrariando a canção.
Em se tratando de jogadores, aí, a coisa se complica mais e qualquer jogadorzinho fica a um pulo de ser tratado como craque.
É gato por lebre que não acaba mais. Há uns 40 anos, jogador brasileiro para atuar na Europa tinha que obedecer a um escrutínio mais rígido; bem diferente dos dias de hoje, com mais de 700 transferências por ano.
Os valores são estratosféricos e os “craques” são produzidos de maneira artificial, de acordo com o gosto do freguês.
Ficamos a imaginar quanto valeriam hoje Garrincha, Pelé, Didi, Gerson, Tostão, Rivelino e uma infinidade de craques de verdade.
Como está fácil jogar futebol no Brasil e amealhar um bom dinheiro.
Mal saído do estágio das bases, os jovens atletas ganham destinos imprevisíveis, saindo de uma pobreza gritante para vida de milionário.
Quanto a isso, nada contra, o processo é que se mostra massacrante, como se forjar talentos devesse ser parte de uma linha de produção de automóveis.
E assim, o modelo vigente faz a festa dos aparentes dirigentes, junto aos vorazes agentes do mundo futebolístico.

Ora...$$$.

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