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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 16 de julho de 2024

A origem da Catedral de Crato – por Armando Lopes Rafael


Sacrário da capela do Santíssimo Sacramento
da Catedral de Crato. Uma obra artística!
Foto de Armando Rafael

O templo dedicado a Nossa Senhora da Penha, sede da cátedra (cadeira) do Bispo de Crato, é o edifício mais importante para a memória da região do Cariri. A atual catedral de Crato remonta a uma humilde capelinha de taipa, coberta de palha, construída – por volta de 1740 – pelo capuchinho italiano, frei Carlos Maria de Ferrara. Este frade foi o fundador do aldeamento da Missão do Miranda, núcleo inicial da atual cidade de Crato, criado para abrigar e prestar assistência religiosa às populações indígenas que viviam espalhadas ao norte da Chapada do Araripe.

A notícia mais antiga, até agora conhecida, sobre as atividades pastorais de frei Carlos Maria de Ferrara, em Crato, tem a data 30 de julho de 1741. O historiador Padre Antônio Gomes de Araújo localizou essa ocorrência num livro de registro de batizado e casamento, pertencente à Paróquia de Icó, da qual era integrante a Missão do Miranda:

“Aos 30 dias do mês de julho 1741, de licença do Revmo. Cura Diogo Freire de Magalhães, na Igreja da Missão do Miranda, batizou frei Carlos Maria de Ferrara a Apolinário, filho de Matias Lopes de Sousa e de sua mulher Maria Lopes. Foram padrinhos: Manoel Pereira e sua irmã Inácia de Sousa, filhos de Antônio Pereira -- todos moradores nesta freguesia – João Saraiva de Araújo, Cura de Icó”.  Livro de Registro de Batizados e Casamentos, Paróquia de Icó. 1741-1783, fls. 2.

Pequena imagem da Mãe do Belo Amor, 
venerada, desde 1740,
na primitiva capelinha dedicada à Virgem 
da Penha por frei Carlos Maria de Ferrara

Em janeiro de 1745, conforme pesquisa do historiador Antônio Bezerra, foi colocada numa das paredes da, então, capelinha de Nossa Senhora da Penha uma pedra com inscrição. Tratava-se do registro da consagração e dedicação do pequeno e humilde templo, início da atual catedral de Crato. A inscrição foi feita por frei Carlos Maria de Ferrara, e nela constava que a capelinha fora consagrada a Deus Uno e Trino e, de modo especial, a Nossa Senhora da Penha e a São Fidelis de Sigmaringa, este último considerado o co-padroeiro de Crato. Abaixo, o texto constante da inscrição rupestre, infelizmente desaparecida:

Uni Deo et Trino
Deiparae Virgini
Vulgo – a Penha
S Fideli mission.º S.P.N. Fran, ci Capuccinor.m
Protomartyri de Propaganda Fide
Sacellum hoc
Zelo, humilitate labore
D. D.
Sup. Ejusdem Sancti.i Consocy F.F.
Kalendis January
Anno Salutis  MDCCXLV.


   Com o passar dos anos, diversas construções e reformas foram agregadas à capelinha construída por frei Carlos Maria de Ferrara, que resultaram no atual edifício da Sé de Crato. Este templo foi igreja-matriz, entre 1768 e 1914, ano em que foi elevado à dignidade de Catedral pela mesma bula de Ereção Canônica da Diocese de Crato, datada de 20 de outubro de 1914.

   A partir desta data, a igreja-matriz de Crato passou a ser a Sé, a Igreja do Bispo, sede da sua cátedra (cadeira), lugar-sinal de comunhão e da unidade da Diocese e também da comunhão com a Igreja Universal. A catedral é a Igreja-Mãe de uma diocese. A de Crato possui um rico patrimônio histórico, artístico, cultural e religioso.

Pesquisa feita por Armando Lopes Rafael

3 comentários:

  1. Que Nossa Senhora da Penha ponha as suas mãos e abençoe o futuro do Crato. Está carecendo.

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  2. Belo artigo, um bom histórico sobre a Catedral, que é um ícone do Crato e de toda Região do Cariri.

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  3. Há Postagens e "postagens". Esta é uma Postagem. Fruto de uma pesquisa séria.

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