Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 7 de junho de 2020

FUGIU COM O CIRCO - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.


Essa história me foi lembrada pelo amigo Dalmir, cabra bom de Várzea Alegre e um craque na narrativa de “causos”.
Um comerciante do Cariri tinha uma prole bastante avantajada, não confundir com outra coisa e os filhos homens trabalhavam com ele na loja. O homem era durão e dispensava um tratamento austero a todos.
Certo dia, baixou um circo na região, se não me engano, Circo Continental, trazendo para a garotada e adolescentes os bichos, palhaços, trapezistas e várias atrações.
A meninada que estava “ganhando marra”, libido a mil, botou os olhos numa trapezista do circo que, claro, vestia um maiô de praia para suas apresentações.
Ora, naquele tempo, nem se pensava em fio dental e, no interior, não se via as coxas de uma mulher toda hora. Até as bermudas e saias usadas pela mulherada sequer propiciavam o que chamamos de “brecha”.
E aí, um dos filhos do tal comerciante, o que ele mais gostava achou de se apaixonar loucamente pela trapezista do circo e zarpou com ela, quando a companhia deixou o Cariri.
Amargurado, o velho relutou por um longo tempo e resolveu sair à procura do filho para trazê-lo de volta para casa. Acabou localizando o circo numa cidade do interior de Pernambuco e se mandou.
Ao chegar, procurou fazer uma sondagem no lugar, mas não viu o filho, transferindo a busca para o período da noite, na hora dos espetáculos.
Adquiriu um ingresso de cadeira próxima ao palco e ficou passando a vista no ambiente.
Eis que o locutor da companhia anunciou a abertura dos números, berrando ao microfone: “Agora, com os senhores, a primeira atração da noite: o palhaço Carretel!”
Só que Carretel era o filho do comerciante e, ao ver o pai invadindo o palco, “meteu o pé na carreira", sendo perseguido pelo genitor.
O público, sem entender nada, acabou delirando e caiu na gargalhada.
Sem dúvidas, uma grande palhaçada, sem ensaio, que pôs fim à efêmera aventura romântica do "rapaz que fugiu com a trapezista do circo".
Hoje, isso não acontece mais. Essa moçada não está com nada.

3 comentários:

  1. Prezado Wilton - O meu conterrâneo, parente, amigo e camarada Dalmir é genial. Certa feita eu cheguei no seu comercio, um deposito de estivas e cereais localizado à Rua Monsenhor Esmeraldo em Crato.

    Fiquei observando o movimento. Entrou o fregues e procurou se informar sobre um lote de Vitamilho. Perguntou o preço e saber se o produto era novo.

    Dalmir respondeu sem nenhum embaraço : É novo, meu amigo, pode confiar a duplicata foi para o cartório hoje.

    ResponderExcluir
  2. Prezado Wilton - Em Várzea-Alegre tinha um pai muito severo com os filhos. Jogar bola nem pensar. Dois dos meninos faziam parte do time do sitio. Quando o velho se aproximava do campo para ver se eles estavam jogando os filhos se escondiam numa moita na lateral do campo. Quando o velho retornava eles voltavam para o jogo.

    O juiz invocado com aquela situação, uma hora 11, outra 9 jogadores parou o jogo e perguntou para o capitão do time. Resposta : É por que o pai deles dois é muito valente e não gosta que eles joguem, quando ele aponta naquela curva eles se escondem, quando o velho volta pra casa eles entram novamente para o jogo. E o time foi campeão daquele ano jogando a maior parte do tempo com 9 jogadores.

    ResponderExcluir
  3. Isso aconteceu com um filho do Dr, Gregório Callou, proibido de jogar pelo pai.

    ResponderExcluir