Sempre tive fortes relações afetivas com as velhas estações de trem da RVC (depois RFFSA) desde minha infância.
Primeiro porque meu pai, Francisco Martins, foi funcionário da rede ferroviária.
Depois, porque sempre morei perto das estações nas cidades em que residi.
Em Juazeiro do Norte, o contato era quase diário pela frequência no Bar do Moura, em frente à estação.
Quanto estive recentemente na "Meca do Cariri" fiquei triste e indignado ao constatar o estado de abandono da estação inaugurada pelo Padre Cícero em 1926.
Ao invés de um Centro Cultural projetado pela Secult, um prédio com paredes pichadas e janelas quebradas.
A frase é do jornalista e escritor Oto Lara Resende: "Notícia de jornal é como estação depois que o trem passou. Perde o interesse".
Perde nada.
Me refiro à estação, não à notícia de jornal.
Só perde o interesse por parte de governantes que não pensam.
As estações de trem continuam vivas na nossa memória, porque fizeram parte da nossa história.
Ambiente de recepções festivas, reencontros e momentos inesquecíveis dos viajantes.
Vou repetir: as estações e suas arquiteturas produzem um forte efeito sobre esse escriba.
Assim como as casas que habitamos, as estações são como epitáfios.
Lugares hoje vazios (poucas estações preservadas e utilizadas) que abrigaram tanta vida.
Ecos de pessoas que por elas passaram.
Lamento escrever essas linhas depois de me deparar com uma estação, palco de tantas e boas recordações, em estado de abandono.
Com toda sinceridade eu não sei para que servem as Secretarias de Culturas do Estado e dos municipios.
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