José Clementino compôs o Xote dos Cabeludos. Padre Vieira fez o Forró dos Cabeludos.
Certa vez o Padre Vieira chegou em Várzea Alegre-Ce, convidando seus parentes para um forró na casa do seu pai Vicente Vieira no sítio Cristo Rei.
No meio dos convidados estavam a nossa turma da Charanga.
A moda na época era os homens usarem cabelos longos e na nossa turma tinha pelo menos oito com cabelos abaixo do ombro.
Nós arranjamos uma camionete e partimos para o Cristo Rei. Na passagem pelo sítio Carrapateira, paramos numa bodega e dividimos um litro de cachaça com os charangueiros, para ativar a coragem na hora de convidar as moças. Naquele tempo ainda tinha bastante.
O Padre só estava aguardando a nossa chegada para iniciar o forró.
Deu a ordem para os tocadores e Tome forró.
Nós ficamos olhando uns para os outros e nada de entrar no salão.
O Padre Vieira querendo animar o forró, convidou uma moça e danou-se pra dançar. Cada vez que ele passava por nós dizia:
Vamos dançar Garotada!
Com aquele incentivo eu convidei uma garota e fui dançar. Os outros cabeludos pegaram ar, convidaram as garotas e entraram no salão.
Graça Marcelino foi chegando, subiu na calçada e foi até a janela para dar uma olhada.
Como a iluminação era pouca, ela não definiu bem os dançarinos e falou:
Vôte qui samba fraco de omi!
Deu uma rabissaca, desceu a calçada e pegou a estrada. No caminho encontrou uma colega que logo lhe foiperguntando:
Ôxente Graça. E tu já vai simbora, muié?
Num vai ficá pru samba não?
Vou não neguinha. Eu nunca vi um samba isquisito qui nem esse do Pade. Eu reparei na ginela e de omi dançando eu só vi o Pade, o resto era só muié cum muié. E eu num tô apariada a siagarrá cum muié não. Muié abufelada cum muié sai de zero a zero.
Naquele forró aconteceu de tudo. Quando amanheceu o dia Raimundo Sampáio me chamou para mostrar um bêbado dormindo confortavelmente em dois caçuás de bocas pra cima
Esse palavreado do Mundim do Valer é admirável.
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