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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 22 de julho de 2024

A VIDA SEVERINA DAS LIVRARIAS - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Porque me acusam de escritor, (escrevi três singelos livros) sempre trago algumas tiradas sobre o desinteresse das pessoas pela leitura.

"Os que leem, leem. Todos que não leem, fingem que leem", foi a última que trouxe para o distinto público.

Quando resolvi colocar causos e crônicas em livros, pude sentir o trabalho que isso dá. 

O pior é o receio. Será que vão comparecer ao lançamento? E se encalhar?

O preâmbulo ampara o assunto para essa despretensiosa croniqueta e diz respeito às livrarias. Já estou atrasado sobre o tema.

Cobrindo um jogo da seleção brasileira pela Copa América em 1979, fui uma vez só a Buenos Aires.

Na capital da Argentina, duas coisas me chamaram a atenção: a elegância das pessoas e as livrarias apinhadas de gente.

No caso das livrarias, pensei tratar-se de motivos especiais, como lançamento de novas obras literárias.

Não, não era. "O povo daqui gosta de ler", alguém me alertou. "É sempre assim?", indaguei. "Sempre", me asseguraram. 

Volto ao Brasil. Por aqui, seguimos acompanhando o obituário de livrarias e sebos.

E essas perdas vão descansando na memória de leitores como meras lembranças.

Não ler é assinar um pacto com o obscurantismo. Um País que não lê não existe de verdade.

Ainda assim, nos resta continuar acreditando nos livros, leituras, escritores e nelas, as livrarias que restam.


2 comentários:

  1. Comigo houve um fato inusitado. Sem ser escritor escrevi três livros. Crases, vírgulas, ponto e vírgulas, dois pontos tudo fora das regras do português. Isso não me preocupou.

    Um erro num tempo verbal pode ser corrigido, um idiota não.

    O primeiro sobre as histórias do meu pai. Uma tiragem de pouco mais de 300 unidades ele tinha uns de trezentos afilhados, e, eu dediquei um livro para cada um deles. Não sobrou nem o meu.

    O segundo sobre a genealogia ascendente dos meus netos : Pequena tiragem tenho apenas quatro netos.

    O terceiro sobre a minha existência, o que observei nos meus admiráveis vividos.

    Quando deixei um envelope com dez livros na Bancc do amigo Roberto, no Calçadão da Siqueira campos fiz um pedido. "Meu caro amigo, se você vender um livro anote o nome do comprador.

    Dias mais tarde encontrei um amigo e ele com a maior cara de pau disse : "Comprei o seu livro, muito bom, livro de cabeceira, estou lendo devagar de tão agradável que é e representa a leitura"

    Fui a banca, informei-me, os livros estavam todos, logo esse amigo e camarada não tinha comprado livro algum.

    Ele não era obrigado a comprar qualquer livro que fosse, muito menos o meu, mas, não precisava mentir descaradamente como fez.

    Caráter é tecido que não admite remendos.

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