Quase 20 anos depois de instalar no Palácio do Planalto um Fernando Collor de mentira, quase 17 depois de livrar-se do Fernando Collor de verdade, o país vai engolindo sem engasgos o único chefe de governo expelido por um impeachment. Os brasileiros que votaram em 1989 no candidato a presidente fantasiado de caçador de marajás podem alegar que não sabiam o que estavam fazendo. Os alagoanos que votaram no candidato a senador em 2008 e pretendem recolocá-lo no governo do Estado em 2010 sabem perfeitamente o que fazem. Quem gosta da ideia de reprisar o pesadelo é um caso clínico. Quem assiste passivamente ao seu recomeço merece experimentá-lo de novo. No restante do mundo, a História se repete como farsa. Num Brasil que se sente mais feliz de cócoras e aprecia o avesso das coisas, a farsa se repete como farsa e a História faz de conta que é outra história. O modelo Senador é o modelo Presidente com o teto pintado de preto. Um Collor é um Collor, informaram o tom arrogante e o conteúdo afrontoso do discurso de estréia no Senado. Nunca muda em sua essência, reafirmaram neste junho anotações mais recentes no livro de ocorrências da Casa da Dinda. Ali foram localizadas, no século passado, provas materiais de algumas das incontáveis delinquências promovidas por Paulo César Farias com o aval do chefe. Por exemplo, o Fiat Elba que PC incorporou à frota presidencial depois de adquiri-lo com um cheque de uma conta-fantasma ─ expediente reprisado pelo tesoureiro do reino para bancar a repaginação dos jardins de babilônia sertaneja. E ali foram encontradas, agora, evidências de que um Collor só muda de idade. O senador financiou a montagem do esquema de segurança da Casa da Dinda com a verba indenizatória de R$ 15 mil, destinada exclusivamente a atividades parlamentares. E é esse dinheiro que vem garantindo a comida dos empregados da propriedade particular que o patrão só frequenta nos fins de semana. E daí? Deu de ombros o sessentão reincidente. Se depois do muito que fez na Presidência foi absolvido pelo Supremo Tribunal Federal, não há por que se preocupar com o que anda fazendo. É o que todo mundo no Senado faz. No discurso em que posou de vítima inocente de uma trama política, o pecador sem remorsos disse que as coisas tomariam outro rumo se tivesse sido mais generoso com aliados e inimigos. Em 1992, sacos de bondade talvez fossem insuficientes para evitar o impeachment. Ainda existia oposição, o PT atirava antes e perguntava depois, valores permanentes não haviam sido revogados. Hoje, Collor certamente escaparia do castigo se soubesse trocar favores. Não é difícil fazer negócio com a turma da base alugada. Nem com as messalinas com himen complacente que se disfarçaram de vestais até o escândalo do mensalão. Derrubado em 1945, Getúlio Vargas foi eleito, meses depois, senador por dois Estados e deputado federal por sete. Apareceu quatro ou cinco vezes no Congresso, constatou que seria alvejado por ataques diários e, sem ter subido à tribuna, retirou-se para São Borja. Collor reapareceu no Senado com cara de coroinha injuriado e acusou o Congresso de golpista. Ganhou de presente a presidência da comissão incumbida de monitorar o PAC, virou destaque do cortejo governista e hoje é sócio remido do clube dos amigos do cara. Convidado pelo inimigo que qualificava de “analfabeto”, visitou no Palácio do Planalto o presidente que o qualificava de “safado” quando líder do PT. Trocaram apertos de mão, sorrisos, afagos e elogios. Os políticos brasileiros já não enxergam diferenças entre o convívio dos contrários e a promiscuidade malandra. Não distinguem a crítica áspera do insulto imperdoável, ou o ataque que fere da infâmia que exige a ruptura. Só quem perdeu a vergonha consegue achar na meia idade amigos de infância que nunca viu. Só quem demitiu o sentimento da honra celebra alianças tão indecorosas quanto acasalamentos em clubes de swing. Collor continua o mesmo. O que mudou para pior foi a paisagem política. O Brasil, cada vez mais, lembra uma grande Casa da Dinda.
Augusto Nunes.
Augusto Nunes.
Esse presidente Colla.
ResponderExcluirArruinou desde o principio.
Comandando sua equipe
Deixou o Brasil de esmola.
Nadando, jogando Bola
Andando só de calção
Pras bandas do estrangeiro
Em cada dez brasileiros
Tem oito ou nove ladrão.
Bidinho.
Esse presidente Collor
Sujou a nossa bandeira,
Junto com PC Farias
Fez a maior meladeira.
Papativa.
Se o Bidinho e o Patativa fossem vivos estavam para ver tamanha coincidencia com o Cara.
Caro Morais,
ResponderExcluirNascido em Gelsenkirchen, Alemanha, no dia 26 de Janeiro de 1916, Padre Frederico Nierhoff foi figura proeminente na cidade de Crato. "Ninguém é profeta em sua aldeia". Fernando Pessoa era tão sábio quanto Padre Frederico. Ou mais. Que adianta comparar ou medir? O certo é que tanto quanto Padre Frederico só quem fez pelo Crato foi Alexandre Arrais. Era do Crato mesmo? É por isso e por outras que acredito no homem de Garanhuns que do Sertão ou Agreste (?) Pernambucano viaja o mundo dando testemunho de paz e justiça. Eu não entendo nada de política (e o Rei Pelé disse que não sei votar) mas nunca votei em outro candidato a Presidente que não fosse Lula.
Abraço,
Tarciso.
4 de Julho de 2009 01:05
O nosso querido Lula
ResponderExcluirJá não tem o que fazer
Se o ladrão manda prender
E o peste nem se encabula
No outro dia o muro pula
E vai roubar outros tostões
Se se abrigam nas nações
Também maus companheiros
Em cada dez brasileiros
Tem oito ou nove ladrões.
PELEJA COM BIDIM
Tarciso.
ResponderExcluirQuando voce vier por essas bandas, eu vou lhe oferecer um video do Patativa no programa do Jô Soares. Ele recita entre outras uma poesia que tem como titulo " Esse presidente Melo fez a maior meladeira. Bem interessante. O Bidinho não sei se voce chegou a conhecer. Foi um dedicado as lutas agrarias, defendeu o agricultor braçal, numa epoca dificil. Sofreu muitos preconceitos, foi preso e injustiçado mas marcou a historia de Varzea-Alegre. Com referencia ao Lula concordo com voce. Não postei o seu texto interessante porque já está postado noutra pagina. O que me deixa irado é essa paixão que Lula tem por essa cambada de politicos safados. Ele podia governar com gente melhor. Veja essa do Bidinho:
Comi de um gerimum caboclo
Já da rama derradeira
Era mole como cera
Tinha agua igual um coco
Vingou em cima de um toco
Tres palmos a cima da terra
Encarnado como guerra
Com o gosto de cupim
Foi este o gerimun mais ruim
Que deu na Aba da Serra.
Bidim - 1950
Caro Morais,
ResponderExcluirBacana. Conheci a fama do Bidim. Patativa algumas vezes nos encontramos no coletivo Juazeiro/Crato. Ele vindo da Rádio Vale do Cariri e eu de uma padaria que gerenciava na Rua São Pedro. Era década de 70 quando estudava na Escola de Seu Pedro. Terminei o técnico em contabilidade, passei no concurso do Banco do Brasil, andei todo o Pais e vim parar no Pará.
Fico contente pelo video.
Grato e abraço,
Tarciso.