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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 20 de julho de 2009

A Burrinha Gasolina.


A cidade Várzea Alegre,
De Bidinho e Clementino,
Palco de boas histórias
Que desenham o seu destino
Apresenta pra vocês
A ação de um cretino.

Este fato aconteceu
Com um garoto adolescente
Fedelho muito precoce,
Namorador pertinente,
Sem mesmo entender a vida
Imaginou fazer gente.

Numa noite de domingo
Teve idéia original:
Vou roubar a namorada
E levá-la ao matagal
Imitando a natureza
Como faz todo animal.

Da forma que imaginou
Ele o fez com esperteza
Combinou com a amada
Com muita delicadeza
Se o seu pai achar ruim
Seguirei pra Fortaleza!

Como tinham combinado
O plano idealizou
Com cavalo bem selado
Seu amor nele montou
Cavalgando sobre a serra
Bom lugar ele encontrou.

O pai da jovem donzela
Amalucado ficou.
Sem saber onde encontrar,
Onde o casal pernoitou,
Ficou tão atarantado
Que o dia se findou.

Segundo dia de luta
A procura do impostor
O pai sem se orientar
Procura um vereador,
Este não ajuda em nada
Aumentando a sua dor.

No terceiro dia, então,
Refletindo, ao natural,
Procura a delegacia
Presta queixa, coisa e tal,
Conversa com o delegado
Confundindo o seu astral.

Delegado Antônio Costa
Sente-se na obrigação
Sendo padrinho da moça
Tinha que dar atenção
Pergunta do ocorrido,
Como foi a relação.

Compadre Chico, me diga,
O que foi que sucedeu?
Conte-me bem detalhado
Como o fato aconteceu.
Quero saber os detalhes,
Que você entristeceu.

Meu compadre Antônio Costa
Quero saber do senhor:
Já deu tempo desse traste
Deflorar a minha flor?
Pois cabra ruim, há três dias,
Deu uma de sedutor.

Compadre e amigo Chico
Eu não sou nenhum vidente.
Mas, grande interesse tenho
De dizer-lhe honestamente:
Se eles são joviais
O caso é muito evidente.

Quando eu muito cavalgava
E cumpria a minha sina
Gostava de passear
Na burrinha Gasolina,
Que faceira desfilava
Com trejeitos de menina.

Com a sua filha não sei,
Se algo de ruim encerra.
Porém, a minha burrinha,
Que comigo escorrega
Eu a comia três vezes
Só na descida da serra!

Dr. Jose Sávio Pinheiro.

2 comentários:

  1. Dr. Savio.

    Inicialmente meus agradecimentos pelo causo em verso. Parabenizo pelo fato de ser membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, e peço para levar ao seu conhecimento esta historinha interessante: Estando eu a serviço da Urca na cidade pernambucana de Cedro, em audiencia com o Sr. Idilio, Prefeito do Municipio, quando ele tomou conhecimento que eu era de Varzea-Alegre perguntou: Voce conhece um cabrinha safado, sem vergonha, que tem em Varzea-Alegre chamado Ze Savio? Respondi positivamente. A partir de então vi o quanto ele é seu amigo e lhe admira. Obrigado mais uma vez e o blog estará sempre a sua ordens para publicar os seus excelentes trabalhos.
    Um abraço conterraneo.
    A. Morais

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  2. Valeu,Dr. Poivinha, só você tem essa capacidade de contar causos rimando. Parabéns por ter alcançado
    o topo da escada dos cordelista.
    Abraço poético.
    Mundim do Vale.

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