A família Ferreira refugia-se em Alagoas, no município de Água Branca. Virgulino foi trabalhar no lugarejo Pedra de Delmiro. Como tropeiro, conduzia peles, em companhia de Antônio e Livino. Antônio Matilde, casado com uma parente dos Ferreira, formara um grupo. Continuava a luta contra os Saturnino de Barros. Num dos embates, morre o famoso Casimiro Honório, tio de Saturnino. Suspeitas recaíram sobre os três irmãos que andavam muito arredios. Na boca do povo, Virgulino passou a ser identificado, entre os manos, por Lampião. Certa vez, em Água Branca, uma das mulas esbarrou num poste de iluminação publica, pondo-o abaixo com o Lampião. Foi o suficiente para nascer entre os próprios camaradas o apelido. Por desgraça, houve um incidente entre o “tio afim” de Virgulino e o delegado. Estavam, há pouco, no município de Água Branca. João, o único dos irmãos a não pegar em armas, anos depois, narrou ao Diário da Noite de Recife, o episodio da morte dos pais: Surgem, então apreensões em nossa casa, tanto que meu pai, de comum acordo com a minha mãe, proibiu os meus três irmãos mais velhos, Antônio, Livino e Virgulino de irem à cidade. Para atraí-los, o delegado prende João. Os irmãos foram tirá-lo da cadeia e caíram numa emboscada. Após intenso tiroteio, conseguiram escapar. Fracassado o plano, o delegado relaxa a prisão. Quando cheguei em casa, já encontrei os preparativos de viagem, pois meu pai decidira mudar-se dali, imediatamente, com toda família. No dia seguinte, partimos para Mata Grande, todos, menos os três irmãos mais velhos, que, em face do incidente, achou-se mais prudente que deveriam se afastar de Alagoas, até que se esclarecesse melhor o caso. Após dois dias de viagem, paramos a duas léguas da cidade de Mata Grande. Tomando rancho em casa, a beira da estrada, de um fazendeiro amigo da família. Meu pai resolveu prosseguir até Mata Grande, a fim de comprar mantimentos. Logo que ele partiu, minha mãe foi atacada de forte crise cardíaca, que a matou em poucos minutos, tanto que, quando meu pai retornou, já a encontrou morta. Mandou-se um portador atrás dos meus irmãos, a fim de avisá-los do acorrido e, com a presença deles fez-se o enterro no dia seguinte, no cemitério de Mata Grande. Mas, Antônio, Livino e Virgulino não entraram na cidade receosos de serem apanhados pela policia. Desorientado com esse terrível golpe, meu pai, para nossa completa desgraça, deixou-se ficar aí alguns dias. Fato é que decorridos dezoito dias da morte de minha mãe, uma força volante alagoana, antes do café da manha, de um dia muito chuvoso, dar um cerco no local e, embora não tivesse havido resistência, desencadeou terrível tiroteio no qual meu pai foi morto. Fato passado em Abril ou Maio de 1920. Nessa época, Antônio, o mais velho, tinha 23 anos. Livino 21 e Virgulino 19 anos e os cinco restantes abaixo de 16, sendo que a caçula não chagara a casa dos nove anos. João ficara com a responsabilidade da família. Em virtude das batidas policiais a procura dos irmãos, levou a vida errante, em desassossego permanente, em Pernambuco, Sergipe, Piauí e Ceará. Virgulino entra no bando dos Irmãos Porcino, operante na vizinhança de Água Branca. Durante a curta permanência nessa quadrilha teve vários choques com a policia. Logo depois, serve no grupo de Antônio de Matilde. Num dos esbarros, morreu gente de parte a parte. Um cabo foi confundido com José Lucena e recebeu 12 tiros. Os Ferreira, no lugarejo Pariconha, mataram o subdelegado, pensando tratar-se do delegado. Tinha muito desgosto por essa morte. A onda de crimes crescia. O ódio a Saturnino e José Lucena queimava alma dos três vilabelenses.
Raul Fernandes.
Raul Fernandes.
De forma tragica a familia perde mãe e pai. E, depois desse episodio, continua a vida errante.
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