As garotas de Glorinha perfiladas igual a um concurso de debutantes. Glorinha a quarta da direita pata esquerda.
Circularam fotos com as garotas de Glorinha e a própria cafetina em meio a elas. Houve quem sentisse nostalgia desse tempo e propusesse que a casa noturna fosse reaberta.
Tá brincando, companheiro? Os cabarés mais famosos do Crato eram os de Maria Alice, Vitorino e da opulenta Glorinha. Ficavam depois da estação ferroviária e da Praça Francisco Sá, onde ergueram a torre de um relógio e puseram um Cristo Redentor, imitando o do Rio de Janeiro.
De costas para a cidade, olhava os bordéis além dos trilhos de ferro e do gesso empilhado para os trens cargueiros. Segundo as más línguas, os braços abertos indicavam: daqui pra frente tudo é puta.
Não era.
O lugar que assistia à chegada e à saída dos trens se chamava Barro Vermelho, por conta da coloração do solo, e foi habitado por gente humilde, trabalhadores do comércio, de oficinas e açougues.
Próximo ao bairro de São Francisco, com igreja, missas e novenas, tudo na mais perfeita união.
À noite, os homens subiam aos lupanares. A pé, pisavam as lajes escorregadias das calçadas, se ocultando nas sombras dos postes de luz fraca.
ResponderExcluirEram recebidos com abraços e cerveja quente. Num quarto com bacia d’água e cama patente, gozavam os estertores proibidos no casamento cristão.
Cheiravam o pó branco do gesso que recobria as putas, o mesmo gesso com que fabricavam as Virgens Marias dos altares de igrejas.
Ronald Correia de Brito.
Amigo, não.me canso de me surpreender com seus escritos.
ExcluirA casa noturna de Glorinha possuía bem pouco do glamour com que ainda sonham os nostálgicos. As meninas de 14, 15 ou 16 anos chegavam trazidas pelos próprios pais, por causa da miséria ou porque já não eram mais virgens, o que as condenavam ao status de mulheres perdidas.
ResponderExcluirOu elas mesmas procuravam as casas de prazer, se instruindo na arte de negociar o corpo. Ser virgem representava a condição para merecer respeito. O hímen violado fora do casamento facultava o acesso aos homens.
Tive um amigo de Santana, que veio de Sào Paulo para casar, e no dia seguinte, teve o matrimônio invalidado, visto que a escolhida, já não era mais virgem, e o enganou.
ExcluirNo Crato, os machos usavam uma expressão ignóbil para a violência: uma vez aberta a porteira, qualquer um pode penetrar.
ResponderExcluirEm Aiuba, sertão dos Inhamuns, o delegado de polícia arrancou uma menina de sua família, alegando que ela já não era cabaço e sim puta, e que devia servir aos homens. Os rogos dos pais de nada valeram.
Ronald Correia de Brito.
Ai, ja passa do aceitavel......
ExcluirGlorinha promovia festas de debutantes com as suas meninas, todas trajando vestidos brancos, sapatos de saltos, bem penteadas, maquiadas, exibindo as joias ganhas dos amantes.
ResponderExcluirDesfiles semelhantes aos da alta sociedade cratense, realizados no Crato Tênis Clube para as garotas que completavam 15 anos. Os pais ricos, desfilavam pelos salões com suas princesinhas. Noutro dia, com suas putinhas, pelas salas pequenas e quartos acabrunhados dos cabarés. Uma louvável farsa.
Nunca soube quem era o mestre de cerimônias de Glorinha. Seria o mesmo do Crato Tênis Clube? Fazia as perguntas tradicionais sobre livro de cabeceira, prato favorito e o maior sonho da vida?
Gostaria de conhecer as respostas. Qual era o sonho dourado dessas meninas mulheres?
Ronald Correia de Brito.
Ambientes e personagens diferentes, poucas semelhanças de eventos.
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