Olegário Vieira possuía uma propriedade no sítio Umari, onde morava com a mulher, os filhos, um genro e um irmão de nome Vieira, que além de rapaz velho, era ainda perturbado da cabeça e só falava em casar. Vizinho a propriedade tinha um terreno que pertencia a Pedro Paraibano, um preto que era mais valente do que abelha de boca torta e muito chegado a questões. Vez por outra tava brigando com Olegário. Depois de muitas teimas, Olegário resolveu ir embora para o Juazeiro do Norte deixando seu genro cuidando da propriedade e do seu irmão Vieira que no dia que estava mais ajuizado comia cabaça. Logo que chegou no Juazeiro Olegário mandou uma carta para o genro nos seguintes termos:
Juazeiro, 02 de fevereiro de 1970.
Meu prezado genro.
Abraços.
Aqui tamos todos com saúde, graças a meu Padim Ciço, já arrumei uma casa prumode morar aqui na rua Santa Luzia. Mande dizer cuma são qui tão as coisas aí e tenha muito coidado im Vieira pruque ele é qui nem um minino. Bote tudo quanto for galinha no chiqueiro qui é pra nós cumer quando eu for passar o São João aí. Não deixe de aguar aquela rocinha de arroz qui tem perto daquela barrage qui eu fiz tapando o riacho. E quando o arroz tiver maduro, venda minha vaca formosa qui é prumode pagar os trabaiador pra apanhar e bater. Tou mandando dento da carta um retrato de Padim Ciço qui é pra você butar na porta da frente. Abrace meus neto e diga a cumpade Zé Frimino qui tou mandando lembrança pra ele. Num isqueça de me respostar. Quando o genro recebeu a carta, mandou essa resposta:
Meu prezado genro.
Abraços.
Aqui tamos todos com saúde, graças a meu Padim Ciço, já arrumei uma casa prumode morar aqui na rua Santa Luzia. Mande dizer cuma são qui tão as coisas aí e tenha muito coidado im Vieira pruque ele é qui nem um minino. Bote tudo quanto for galinha no chiqueiro qui é pra nós cumer quando eu for passar o São João aí. Não deixe de aguar aquela rocinha de arroz qui tem perto daquela barrage qui eu fiz tapando o riacho. E quando o arroz tiver maduro, venda minha vaca formosa qui é prumode pagar os trabaiador pra apanhar e bater. Tou mandando dento da carta um retrato de Padim Ciço qui é pra você butar na porta da frente. Abrace meus neto e diga a cumpade Zé Frimino qui tou mandando lembrança pra ele. Num isqueça de me respostar. Quando o genro recebeu a carta, mandou essa resposta:
Rajalegue 03 de março de 1.970.
Meu istimado sogro.
Saudades.
Aqui acunteceu uma coisa muito rim. Seu irmão Vieira inventou de ir na renovação da casa de Carneiro e se deu mal. Ele se inxiriu pru lado das moça e quando vinha vortando, um caba pegou ele e meteu a peia. Eu vi dizer qui foi Pedo Paraibano, mais eu num sei, eu só sei é qui Vieira tá só o indereço. As galinha carregaro tudo, eu vi só as pena delas detrás da casa de Pedo Paraibano, num sei se foi ele. O arroz eu num tou aguando pruque vei um condenado de noite e arrombou a barrage. Seu arroz morreu todo, agora aquele de Pedo Paraibado, qui fica abaxo do seu, tá todo seguro, é capaz de ter sido aquele condenado qui arrombou pru mode a água descer. Sua vaca formosa tombém sumiu num sei cuma, só sei qui alguém carregou ela, mais eu vi o couro dela ispichado na parede do oitão da casa de Pedo Paraibano, num sei se foi ele. Quando Olegário recebeu a resposta foi correndo para uma agência dos correios e mandou um telegrama para o genro dizendo assim:
“Chego aí dia 13 vg - Interro Pedo Paraibano dia 14 pt”.
Meu istimado sogro.
Saudades.
Aqui acunteceu uma coisa muito rim. Seu irmão Vieira inventou de ir na renovação da casa de Carneiro e se deu mal. Ele se inxiriu pru lado das moça e quando vinha vortando, um caba pegou ele e meteu a peia. Eu vi dizer qui foi Pedo Paraibano, mais eu num sei, eu só sei é qui Vieira tá só o indereço. As galinha carregaro tudo, eu vi só as pena delas detrás da casa de Pedo Paraibano, num sei se foi ele. O arroz eu num tou aguando pruque vei um condenado de noite e arrombou a barrage. Seu arroz morreu todo, agora aquele de Pedo Paraibado, qui fica abaxo do seu, tá todo seguro, é capaz de ter sido aquele condenado qui arrombou pru mode a água descer. Sua vaca formosa tombém sumiu num sei cuma, só sei qui alguém carregou ela, mais eu vi o couro dela ispichado na parede do oitão da casa de Pedo Paraibano, num sei se foi ele. Quando Olegário recebeu a resposta foi correndo para uma agência dos correios e mandou um telegrama para o genro dizendo assim:
“Chego aí dia 13 vg - Interro Pedo Paraibano dia 14 pt”.
Mundim do Vale.
Aí Morais, esse causo se deu no
ResponderExcluirsítio Umari, bem próximo ao sítio
São Nicolau, onde acontece o
encontro de Fátima Bezerra e Vilani
Brito, duas excelentes criaturas,
um composto abençoado por São
Raimundo Nonato.
Abraço para todos do blog.
Mundim do Vale.
Mundim.
ResponderExcluirEssas queixas vem de muito longe. Antonio Alves Feitosa, casado com Ana filha de Jose Raimundo do Sanharol, residia no dito sitio e tinha uma plantação de arroz e fez uma barragem no Riacho do Machado que não permitia passagem da agua para os demais. O arroz já seguro os Ze Joaquim e os Seu Zezinho foram falar com a Totonha de Morais Rego, sogra de Toinha e dona da propriedade para cortar a barragem visto que o arroz de Toinho já estava seguro. Foram autorizados e assim fizeram. Quando Toinho soube que a sogra tinha autorizada se zangou, foi embora para o Roçado Dentro. O arroz secou, disbulhou e ele não foi colher. Antonio Alves Feitosa e Ana eram os pais do conhecido Dudau. A Fatima vai relambrar os velhos tempos.
Um abraço.
Mundim e Morais.
ResponderExcluirGostei do causo. Muito bom de lê.
Parabéns aos dois varzealegrenses que sabe contar bons "causos" para nos divertir.
Um abraço e um bom dia.
Oh! Mundim! tu já tá sabendo? garanto como foi a Glorita quem te contou! rs rs rs. Eu a convidei para ir comigo; mas ela disse, que vá só no meu casamento. mais é isso aí mesmo.Estou chegando, e vou direto pro São Nicolau, me encontrar com minha amiga Vilany Brito.Mundim! vai ou não vai á Terrinha? espero vocês que estão fora lá ok? Abraço carinhoso e fraterno á todos os leitores.
ResponderExcluirRaimundinho, sou como você: preguiçosa para exercitar os músculos faciais chorando.
ResponderExcluirPrefiro rir e é aqui no Sanharol que aproveito! (risos)
Maria de Fátima:
Você faça uma ótima viagem e abrace o meu Cariri por mim.
Abraços da amiga Glorita! (risos).