"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".
Dom Helder Câmara
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
A Cacimba - Ze da Luz
Tá vendo aquela cacimba
lá na bêra do riacho,
im riba da ribanceira,
qui fica, assim, pru dibáxo
de um pé de tamarinêra.
Pois, um magóte de môça
quage toda manhanzinha,
foima, assim, aquela tuia,
na bêra da cacimbinha
prá tumar banho de cuia.
Eu não sei pru quê razão,
as águas dessa nacente,
as águas que ali se vê,
tem um gosto diferente
das cacimbas de bêbê...
As águas da cacimbinha
tem um gôsto mais mió.
Nem sargada, nem insôça...
Tem um gostim do suó
do suvaco déssas môça...
Quando eu vejo éssa cacimba,
qui inspio a minha cara
e a cara torno a inspiá,
naquelas águas quiláras,
Pego logo a desejá... ...
Desejo, prá quê negá?
Desejo ser um caçote,
cum dois óio dêsse tamanho
Prá ver aquele magóte
de môça tumando banho!
Postado por A. Morais - Dedicada ao amigo poeta Tarciso Coelho.
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Amigo Tarciso Coelho.
ResponderExcluirEste poema do Ze da Luz é a cara do saudoso mestre Eloi Teles. Pra voce que vive distante da terrinha lembrar as origens e lembrar o velho Eloi Teles.
Um Abraço.
A. Morais
Caro Morais,
ResponderExcluirMuito grato pela lembrança. E por falar em Mestre Elói lembro que fui assíduo ouvinte de um Programa de Rádio que ele tinha ao anoitecer onde recitava várias quadrinhas enaltecendo as belezas da mulher morena. Uma que nunca esqueci:
"Morena minha morena
tire a roupa de janela
que vendo a roupa sem dona
lembro da dona sem ela".
Um dia um ouvinte ligou e questionou: Seu Elói, já basta esse negócio de poesia com "morena minha morena" não dá pra mudar o mote? Ele disse: tá bom vou mudar, e recitou uma que começava assim:
"Mulata minha mulata..."rsrs
Muita saudade deixou.
Abraços,
Tarciso.
Tarciso.
ResponderExcluirO Eloi era um animador nato. Cedinho ele fazia um programa de poesias. Tinha uma predileta que contava a historia de eclipse e quando escureceu de todo a mulher apavorada vendo a morte em sua frente resolveu contar os pecados para o marido, descobrindo entre outras coisas uma traição cabeluda. Quando terminou de se denunciar o eclipse passou e tudo voltou ao normal. Já pesquisei e não encontro este poema.