Puralí, discunfiado
Como quem qué e não qué,
Eu fui vendo qui o marvado
Tentava a minha muié.
Ou tentação ou engano,
Eu fui vendo a coisa feia!
Pru derradêro eu já tava
C’a mosca detrás da uréia.
Os tempo foi se passando
E o meu arriceiamento
Cada vez ia omentano.
Seu dotô, vá iscutano:
Onte, já de tardezinha
O meu cumpade, Quinca Arruda,
Mi chamô pra nós dança
Num samba – lá na Varginha,
Na casa do mestre Duda.
Mestre Duda é um cabôco,
Um tocado de premêra.
É o imboladô de côco
Mió daquela rebêra.
Entonce Rosa Maria,
Sempre gostou de samba,
Mas, porém, de tardezinha
Me disse discunfiada,
Qui pru samba ela não ia,
Qui tava munto infadada,
Percisava se deita...
Eu fiquei discunfiado
Cum a preposta da muié!
Dispois qui tomei café,
Cuage puro sem mistura,
Cum a faca na cintura
Fui pru samba, fui sambá.
Cheguei no samba, dotô.
Repare agora, o sinhô,
Quem era qui tava lá?
O cabra Chico Faria.
Qui quano foi me avistando,
Foi logo mi preguntando:–
Cadê siá dona Maria,
Num veio não, pra dançá?–
Não sinhô. Ficô im casa.
Pru cabôco arrispondí.
Senti, entonce uma brasa
Queimano meu coração,
Nunca mais pude tirá
As palavra desse cabra
Da minha maginação.
Perdí o gosto da festa
E dançá num pude não.
O cabra, pru sua vez
Num dançava, seu doutô.
De vez im quando me oiva
Cum um oiá de traidô.
Ze da Luz.
Na proxima postagem será concluido o desfecho inicial. E na ultima publicação a conclusão deste belo porma do Ze da Luz.
ResponderExcluirNa proxima postagem será concluido o desfecho inicial. E na ultima publicação a conclusão deste belo poema do Ze da Luz.
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