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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 15 de outubro de 2009

FILHO DUMA ÉGUA - Por Mundim do Vale

No ano de 1.958, Ano de grande seca, chegou um cidadão no sítio Chico e achou de hospedar-se logo na casa de Zé Vieira. Não é preciso falar aqui das dificuldades de uma família de agricultores num ano de seca.
O visitante apareceu de mala e cuia sem levar nem um dente de alho e ainda dizia que era parente do imposto anfitrião. Dormia antes de todos e acordava depois e não desarmava nem a rede.
Zé Vieira sem nenhuma idéia de resolver o problema, recorreu ao seu parente e vizinho Vicente Fiúza. Depois de ouvir o amigo, Vicente deu a idéia de maltratar o intruso na alimentação para que ele fosse embora.
No dia seguinte o anfitrião serviu um angu frio e d’água no sal. O visitante quando pôs primeira colherada na boca disse:
- Meu parente, lá na minha terra isso aqui é comida de cachorro.
- E aqui na Várzea Alegre também! Respondeu Zé Vieira.
Mas nem assim o visitante não foi embora. Zé Vieira voltou a falar com Vicente Fiúza em busca de outra idéia. Vicente recomendou que quando fosse no por do sol, que é a hora que a saudade aperta, perguntasse pra ele pela família.
Quando foi de tardezinha o anfitrião sentou num banco de aroeira que tinha calçada, chamou o cidadão e perguntou:
- Meu parente. Quando chega uma hora dessa, você não sente saudades da sua mulher e de seu filhos não?
O intruso olhou para ele com águas nos olhos e disse:
- O amigo agora tocou na ferida e ao mesmo tempo me deu uma excelente idéia, para acabar com a minha saudade. Eu vou mandar uma carta mandando Dizer a eles para virem ficar juntos comigo.
Zé Vieira voltou a falar com Vicente Fiúza dizendo que a situação tinha piorado, No lugar de hospedar somente um, agora teria que hospedar seis.
Vicente falou:
- Pois agora só tem um jeito. É você botar o sujeito pra fora debaixo de peia.
- Mas isto eu não posso fazer Vicente!
- E porque não pode?
- Porque o sujeito ainda é nosso parente.
- Nosso parente? E ele é filho de quem?
- DUMA ÉGUA, VICENTE, -DUMA ÉGUA.

Por Mundim do Vale

Um comentário:

  1. Mundim.
    É sabido que a coisa foi mal dividida com os irmãos Jose Vieira e Joaquim Vieira. A Jose coube toda a sabedoria enquanto a besteira ficou com o joaquim. Jose que era sabido se embananou com o hospede imagine se fosse o Joaquim!O hospede tinha feito gato e sapato. Muito boa.

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