Entre os anos de 1966 a 1968, vivíamos sob duas ferrenhas didaturas: a dos militares e a ditadura familiar. A segunda ainda existia o pivilégio de alguma liberdade vigiada.
Nessa época, principalmente durante as férias escolares, nos reuníamos todas as tardes na varanda principal da casa do Sr. Felipe e dona Guimar. Era muita animação e a empolgação aumentou quando por lá apareceu uma jovem pessoa completamente exótica ao nosso meio. Tratava-se de um artista plástico proveniente de Salvador. Estava hospedado na casa de uma familia no centro da cidade. O artista era baixinho, moreno, cabelos fartos, homossexual assumido, bastante inteligente e a garotada se divertia com os trejeitos e com tanta naturalidade daquela estranha visita. Criou-se um clima de admiração e de simpatia de ambas as partes e o visitante passou a gostar da nossa companhia. Era época de carnaval e nosso amigo mal podia nos ver em cima da pick-up do vizinho, já ia se acomodando. Era tudo muito divertido e inusitado para todos nós. Quando fomos ao baile carnavalesco no Crato Tenis Clube, nosso amigo infiltrado entre nós conseguiu entrar no clube, porém foi retirado aos trancos e barrancos porque não queria perder o baile. Lamentamos o ocorrido, mas quem de nós poderia interceder diante de tantos preconceitos daquela época e da nossa pouca idade? Creio que o ocorrido foi no carnaval de 1967.
Ei Glória,
ResponderExcluirPor que não nos dá a honra de sua postagem? (rsrsrs)
É sempre interessante termos texto de autoria. Suas histórias sempre nos fazem rir e nos trazem boas lembranças...
Maria da Gloria.
ResponderExcluirDitadura militar, ditadura contra a mulher, preconceito de toda especie, mas mesmo assim foi um tempo que deixou muitas lembranças e muitas saudades.
Morais:
ResponderExcluirSobre esse caso que relatei, tudo era na maior inocência, não existia maldade alguma. Quem dava toda a corda no artista plástico eram os meninos, principalmente o dono da casa, o gaiatíssimo Sérgio Ribeiro da Silva.
Claude: esta animação acabou quando o pessoal foi saindo do Crato. No ano seguinte, 1968, foi aquele sucesso com o nosso bloco RODA VIVA. Um dos melhores carnavais em Crato. Lembra-se?
Oh, tempo bom, D. Glória, eu era criança, mas lem bro de muita coisa daquela época, pelo menos tinha discipli na també, em casa, na escola , na rua!
ResponderExcluirGlória...
ResponderExcluirQue ótimo texto. Nos presenteie com outra boas lembranças do cratin de açucar...
Flávio,
ResponderExcluirEmbora não se trata dos contos "As Mil e Uma Noites", da literatura Persa, bastou-me ler Futebol no Cedro para lembrar desse fato ocorrido no remoto ano de 1967, porém, uma coisa é certa uma história vai puxando a outra. Portanto, contem de lá que conto de cá! Obrigada pelo comentário.