Mo Sanharol tem um ente
Que é igual a Zé Limeira
Chegado a uma aguardente
Pidão como faxineira.
Faz versos de pé quebrado
O verso fica aleijado
Como se fosse perneta.
Onde o cabra tá rimando,
O verso tá precisando
De um bom par de muleta.
Diz: - meu nome é Zé Limeira,
Ferreira de Assis Machado,
Bezerra, Costa, Caúla,
Batista, Bitu, Furtado.
O meu cunhado é Dudu
Meu Primo é Luís Bitu
E Demontiê meu irmão.
Sou neto de Osvaldo Cruz,
Sobrinho de Zé da Luz
Avô de frei Damião.
Diz que nasceu no Teixeira
E é primo de Lampião
Que cresceu na goiabeira
Da quina do calçadão.
Disse que mandou buscar
Dom Pedro para apartar
Uma briga de Zé Terto.
Mas Dom Pedro se atrasou,
E a briga quem apartou
Foi Chacrinha mais Alberto.
Disse que conhece lei
E não perde o seu compasso
Que é amigo de Micrei
E também de João Sem Braço.
Disse que é muito fácil
Desafiar Bonifácio
Porque passa ele pra trás.
Que pra pegar Zé Nojento,
Tem que vir um regimento
Do quartel de Satanás.
Disse que cantou no Crato
Junto com o Padre Marcelo,
Que pegou dentro do mato
Um pica-pau amarelo.
Que o pica-pau escapou
Monteiro Lobato achou
E levou pra rede globo.
Disse que se achar Monteiro
Taca lhe o pé no traseiro
Para não passar por bobo.
Rima jucá com cacete
Açúcar com rapadura
Acento com tamborete
Bucho cheio com fartura.
Rima Zaqueu com poeta
Jumento com bicicleta
Viola com violão.
Rima degrau com batente,
O caroço com a semente
E o padre com o sacristão.
Disse que não é à toa
Que hoje em dia, não sossega
Fez faculdade em Lisboa
E Camões foi seu colega.
Fez curso de engenharia
Do primeiro ao último dia
Junto com Fúlvio Rolim.
Com os anéis de engenheiros
Foram construir banheiros
No bairro do Riachim.
Disse que ali não ficava
Pois não era estagiário
Que noutro lugar ganhava
Um excelente salário.
Ganhou uma concorrência
Foi construir com urgência
Um prédio do tribunal.
Mas só no mês de janeiro
Foi saber que o empreiteiro
Era o juiz Nicolau.
Foi assim que Zé Nojento
Retornou ao seu lugar
Bonifácio no momento
Tava bebendo num bar.
Aí disse num improviso:
- Zé nojento voltou liso
Não trouxe nem o do gás.
José disse: - Eu confesso,
Mas pra me ganhar no verso
Só se for o Satanás.
Bonifácio disse: - Não!
Não precisa o Satanás
No lugar onde tem cão
Outro cão não vem atrás.
E deixe de leriado
Venha com seu pé quebrado
Que eu vou, na rima engessar.
Se o gesso não fizer nada,
Garanto que na porrada
Eu acabo de quebrar.
Zé Nojento respondeu:
- Não é como você quer
Você tando aqui mais eu
Vai comer é do que eu der.
Eu me chamo é Zé Nojento
Sou poeta violento
Só rimo na cacetada.
Sou neto de Zé Teixeira,
Filho de Lula Goteira
Primo de Telha Quebrada.
Bonifácio no repente
Foi logo dizendo assim:
- Tu falou tanto parente
Esqueceu Chico Carrim.
E Damião Bonequeiro,
Zé negrão que era oleiro
Porque foi que não falou?
Só porque foram eles três,
Que te surraram uma vez
Até que tu se mijou?
Zé ficou encabulado
Já foi respondendo assim:
- Esse poeta abestado
Tá duvidando de mim.
Minha família é descente
Se tratando de parente
Zé Nojento não relaxa.
Sou afilhado de Malam,
Cunhado de Amazam
Primo segundo da Sacha.
Bonifácio disse: - O.Q
Eu já estou entendendo
Só espero que você
Na rima vá respondendo,
Se tua família é nobre,
Como é que tu é pobre
E vive cantando à toa?
Só vejo tu na bebida,
Mas nunca na tua vida
Deu um murro numa broa.
Zé respondeu num segundo:
- Você agora aprontou,
Me chamou de vagabundo
E vagabundo eu não sou.
Fui eu que botei Leão
Pra técnico da seleção
E tirei Pelé do campo.
Toda profissão eu sei
Fui eu também que instalei
Luz elétrica em pirilampo.
Terminou toda a fofoca
Eu não vi um pé quebrado
Não vi nenhuma taboca
Nem também pé encanado.
O que vi foi muita gente,
Que gosta de aguardente
E não dispensa um chafurdo.
Mas se não tou enganado,
Zé Nojento foi clonado
Do poeta do absurdo.
Que é igual a Zé Limeira
Chegado a uma aguardente
Pidão como faxineira.
Faz versos de pé quebrado
O verso fica aleijado
Como se fosse perneta.
Onde o cabra tá rimando,
O verso tá precisando
De um bom par de muleta.
Diz: - meu nome é Zé Limeira,
Ferreira de Assis Machado,
Bezerra, Costa, Caúla,
Batista, Bitu, Furtado.
O meu cunhado é Dudu
Meu Primo é Luís Bitu
E Demontiê meu irmão.
Sou neto de Osvaldo Cruz,
Sobrinho de Zé da Luz
Avô de frei Damião.
Diz que nasceu no Teixeira
E é primo de Lampião
Que cresceu na goiabeira
Da quina do calçadão.
Disse que mandou buscar
Dom Pedro para apartar
Uma briga de Zé Terto.
Mas Dom Pedro se atrasou,
E a briga quem apartou
Foi Chacrinha mais Alberto.
Disse que conhece lei
E não perde o seu compasso
Que é amigo de Micrei
E também de João Sem Braço.
Disse que é muito fácil
Desafiar Bonifácio
Porque passa ele pra trás.
Que pra pegar Zé Nojento,
Tem que vir um regimento
Do quartel de Satanás.
Disse que cantou no Crato
Junto com o Padre Marcelo,
Que pegou dentro do mato
Um pica-pau amarelo.
Que o pica-pau escapou
Monteiro Lobato achou
E levou pra rede globo.
Disse que se achar Monteiro
Taca lhe o pé no traseiro
Para não passar por bobo.
Rima jucá com cacete
Açúcar com rapadura
Acento com tamborete
Bucho cheio com fartura.
Rima Zaqueu com poeta
Jumento com bicicleta
Viola com violão.
Rima degrau com batente,
O caroço com a semente
E o padre com o sacristão.
Disse que não é à toa
Que hoje em dia, não sossega
Fez faculdade em Lisboa
E Camões foi seu colega.
Fez curso de engenharia
Do primeiro ao último dia
Junto com Fúlvio Rolim.
Com os anéis de engenheiros
Foram construir banheiros
No bairro do Riachim.
Disse que ali não ficava
Pois não era estagiário
Que noutro lugar ganhava
Um excelente salário.
Ganhou uma concorrência
Foi construir com urgência
Um prédio do tribunal.
Mas só no mês de janeiro
Foi saber que o empreiteiro
Era o juiz Nicolau.
Foi assim que Zé Nojento
Retornou ao seu lugar
Bonifácio no momento
Tava bebendo num bar.
Aí disse num improviso:
- Zé nojento voltou liso
Não trouxe nem o do gás.
José disse: - Eu confesso,
Mas pra me ganhar no verso
Só se for o Satanás.
Bonifácio disse: - Não!
Não precisa o Satanás
No lugar onde tem cão
Outro cão não vem atrás.
E deixe de leriado
Venha com seu pé quebrado
Que eu vou, na rima engessar.
Se o gesso não fizer nada,
Garanto que na porrada
Eu acabo de quebrar.
Zé Nojento respondeu:
- Não é como você quer
Você tando aqui mais eu
Vai comer é do que eu der.
Eu me chamo é Zé Nojento
Sou poeta violento
Só rimo na cacetada.
Sou neto de Zé Teixeira,
Filho de Lula Goteira
Primo de Telha Quebrada.
Bonifácio no repente
Foi logo dizendo assim:
- Tu falou tanto parente
Esqueceu Chico Carrim.
E Damião Bonequeiro,
Zé negrão que era oleiro
Porque foi que não falou?
Só porque foram eles três,
Que te surraram uma vez
Até que tu se mijou?
Zé ficou encabulado
Já foi respondendo assim:
- Esse poeta abestado
Tá duvidando de mim.
Minha família é descente
Se tratando de parente
Zé Nojento não relaxa.
Sou afilhado de Malam,
Cunhado de Amazam
Primo segundo da Sacha.
Bonifácio disse: - O.Q
Eu já estou entendendo
Só espero que você
Na rima vá respondendo,
Se tua família é nobre,
Como é que tu é pobre
E vive cantando à toa?
Só vejo tu na bebida,
Mas nunca na tua vida
Deu um murro numa broa.
Zé respondeu num segundo:
- Você agora aprontou,
Me chamou de vagabundo
E vagabundo eu não sou.
Fui eu que botei Leão
Pra técnico da seleção
E tirei Pelé do campo.
Toda profissão eu sei
Fui eu também que instalei
Luz elétrica em pirilampo.
Terminou toda a fofoca
Eu não vi um pé quebrado
Não vi nenhuma taboca
Nem também pé encanado.
O que vi foi muita gente,
Que gosta de aguardente
E não dispensa um chafurdo.
Mas se não tou enganado,
Zé Nojento foi clonado
Do poeta do absurdo.
Mundim do Vale
Mundim do Vale, que bonito poema. Bem melhor que os de Zé Limeira. Você não é do Chapadão do Teixeira, na Paraíba, mas é da terra dos Teixeira, de Vázea Alegre. Orlando Tejo, que o diga.
ResponderExcluirUm grande abraço.
Mundim .
ResponderExcluirDepois de abalizada avaliação do Dr. Savio só me resta dizer: Parabens.
A.Morais
Raimundinho, Zé de Lula o grande Zé Nojento sempre dizendo que era primo e pertencia à família Bitu. Meu pai, Raimundo Bitu ouvindo a conversa ai disse: olha Zé!!!!, Eu vou explicar a genealogia do seu parentesco com a família Bitu agora mesmo: Meu pai, José Alves Feito Bitu tinha um jumento preto cruzou com tua mãe ai tu vieste ao mundo, essa é a verdadeira historia do nosso parentesco. Amigo, parabéns pelo excelente poema.
ResponderExcluirZé de Lula é mesmo uma figura!!! Quando estive no Brasil no ano passado, fui a festa de agosto em Várzea Alegre, como não poderia deixar de ser - amo a festa de agosto. E na barraca de Flávio,com alguns amigos já depois de tomarmos umas,Zé de Lula disse: Ei, deixa teu marido e vem casar cum eu que eu tenho dois aposentos..kkkkkkkkkk
ResponderExcluirParabéns Raimundim pelo belo poema!! E, parabéns a todos os colaboradores por todas as postagens.... São causos muito bons. Dou altas gargalhadas com cada um...
Um grande abraço.
Sávio, Klébia, Morais e João Bitu.
ResponderExcluirRespondendo ao poeta sávio eu dig:
Um deles era europeu
Muitos livros ele escreveu
E o mundo reconheceu
Aquele grande valor.
O outro do Cristo Rei
Vocês sabem eu também sei
Que eu mesmo nunca deixei
De falar do seu valor.
Eu conto com todos vocês para cantar os parabéns do blog amanhã.
Abraços.
mundim.
Mundim
ResponderExcluirQuanto mais leio os seus poemas, mais descubro, observo e admiro a sua capacidade de fazer poesias. Parabens.
Deus lhe conserve assim.
Um forte abraço.
Morais
lendo os comentários vi que o blog faz aniversário, aproveito meu comentário para desejar vida longa ao blog. Parabéns!
ResponderExcluirAgora eu gostaria que alguém me informasse, se possível quem é o autor desse cordel matuto. Estou sitando de cor:
Um dia tava deitado
Na minha rede drumindo
E veio um vento danado
No meu zuvido zunindo
O vento com voz berrante
Na maior da zuadera
Iguar os arto falante
Das festas da padruera
fui prestar mais atençao
Iscuitar mais um poquim
Era o radio do seu João
Que agora é meu vizim
O radio era de pia
mais falava cum clareza
Ele agitado dizia:
vá visitar fortaleza!
Arrumei os meu breguesso
Bem ligero na carrera
pensei fazer sucesso
mas foi a maior bestera
apois vocês vão ovir
E depois vão me dizer
Aqui tem coisa pra rir
mas que me fez foi sofrer
meu trumento nem se fala
Começou quando cheguei
Carregaro minhas malas
Junto também meus trambei
Minha rede meu rapé
Também coisa sem valor
Calendaro de muier
E meu titu de eleitor
Ô ladrãozim dizumano
fiquei cá ropa que tava
de drumi levou meus pano
Aquele que eu mais gostava
Feito da saia da rita
Da parte que fica atrás
essa lembrança me irrita
Nunca mais drumi em paz.
Veja só meu dizispero
se poha no meu lugar
Aquele xerim ativo
dele fiquei cativo
Só drumo cum ele do lado
Mas o mal já tava feito
E também ficando tarde
fui pru centro da cidade
Procurar um delegado
pra minha queixa fazer
Chegando lá bem cançado
custaro foi me atender!
Ai vei otra surpreza
chega me dexou foi tonto
Prum atestado de pobreza
Cobraro quinhentos contos!
Équa! fico cum meus cobres
que já está bem poquim
E pra provar que sou pobre
Basta só oiá pra mim
Eu não quero atestado
E em declaração
pra provar que to lascado
E passando privação.
Sai dalí mortim
Tirei o chapéu
Vê que coisa ingraçada!
isso é obra lá do céu.
(...)Apartir daqui, não lembro.
Foi passando uma moça
Daquelas bem bonitinha
O chapeu tava emborcado
ela me deu umas moedinhas
Vou ficar aqui agora
Esperar mais um poquim
quando foi bem sete hora
O chapeu tava cheim!
Pequei todo trocado
dado pela aquele povo
meti no bolso furado
fiquei lizim de novo!
ô cidade irmã do cão!
Aqui pra se inricar
tem que ser mesmo
É ladrão!
E fui andando
Passou uma muier
daquelas bem bunitinha
No cabelo uma fita
parou ficou ispiando...
pergntou: Tu tá a fim
A coisa tá miorando!
Respondi logo: Tô sim!
E fui cum ela passiando
mas em todo quarterão
Um moi de gente ispiando
Uns cuxixava, se ria
Olhando ela dizia:
Esse povo tá é ruendo!
Eu disse é mermo né!
pois eles nem tem muier
pra beijar e abraçar
Me olhava e si ria
meus cabelos arripiou
Foi quando ela
Tacou um beijo no meu cangote
Meus cabelo incriquiou
Do cabelo até o pé
peguei ela na virilha
Essas coisas de custume
Aí meu padim quem diria!
Senti aquele volume!
apois num era um viado
Todo mundo riu de mim
eu tinha sido enganado
cum esse tal de travestim
que eu numsei dizer o nome
Pois isso é fora do normal
Na minha terra
Esses home!
Foram tudo pra capitá!
Oha gente eu gostaria de saber de quem é esse belissimo cordel matuto. Descobri ele na primeira feira cultural de Várzea Alegre, quando era homenageado o nosso ilustre padre vieira.
Francisco Gonçalves de Oliveira
Francisco muito autêntico o poema,
ResponderExcluiré mesmo coisa de sertão. eu da minha parte poso lhe dizer que não conheço o autor. Eu conheço um semelhante da autoria do poeta e apresntador Dilson Pinheiro.
Abraço.
Mundim do Vale.