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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O CALENDÁRIO INDICA QUE É TEMPO DE COMEMORAÇÃO - Por: Vicente Almeida

Hoje, o Blog do Sanharol completa seu primeiro aninho, mas já parece um adulto, compartilhando informações, ampliando os laços de amizade, e levando aos confins da terra: informações, humor e passatempo, além do incomparável resgate de pessoas e fatos que marcaram época. Sim por que um blog pode ser acessado de qualquer parte do planeta. Estamos on line o tempo todo. Foram 1.251 postagens em 2009 e milhares de comentários.

Vou ajudar a estourar os balões que o nosso Armando Rafael pendurou. É com incomparável alegria, que felicito o meu grande amigo e companheiro Antonio Alves de Morais, pelo primeiro aninho do seu filhote. Igualmente felicito aos seus escritores e leitores, que juntos permaneceram ao longo deste primeiro ano, acreditando no seu trabalho, sugerindo, postando, comentando e contagiando e ampliando essa grande família, e para comemorar este primeiro ano, convido o leitor a vir comigo em um passeio histórico.

Um ano de existência. Mas, como se explica isso? O que é um ano? Quando surgiu a idéia de medir o tempo decorrido? Quais as implicações ocorridas ao longo dos milênios? Que instrumentos foram utilizados? Quais as vantagens?

Vem, entra na minha nave do tempo, vamos ao passado. Vamos viajar e pousar lá no início das civilizações, para tentar entender a origem da contagem dos tempos. Será um passeio rápido, pois a viagem é mental, e você irá de um milênio a outro, na velocidade do pensamento. Ao ler o conteúdo de cada parágrafo, será como se fosse transportado aquele lugar. A nossa nave ou maquina do tempo, é um instrumento simbólico, representando apenas à velocidade com que passaremos de uma era a outra, sem sair da frente desta poderosa geringonça chamada microcomputador. Fique conosco, não vai doer, nem cansar, serão apenas alguns minutos visitando o passado, colhendo deliciosas informações, que certamente serão incorporadas ao seu patrimônio cultural.

Vamos chamar de CALENDÁRIO, a medida de tempo que iremos examinar. Alias essa palavra CALENDÁRIO, vem do latim, calendas, e foi utilizada pelos romanos para indicar o primeiro dia do mês, o dia do pagamento das contas.

Para melhor entender nossa história, vamos esclarecer que ao longo dos milênios, a humanidade desenvolveu diversas formas de contar os dias e agrupá-los para seu melhor entendimento. O objetivo era prever as estações, determinar épocas ideais para plantio e colheitas ou mesmo estabelecer quando deveriam ser comemorados feitos militares, ou realizadas atividades religiosas. Alguns desses calendários continuam em uso até hoje, como o Judeu e o Muçulmano.

Para medir os ciclos, os povos se valiam do comportamento dos maiores astros no firmamento, especialmente a lua e o sol, e às vezes as estrelas mais distantes visíveis em determinadas épocas. Entretanto, defrontava-se com dificuldades, pois, o Ano Trópico, intervalo de tempo em que a Terra leva para completar seu trajeto orbital completo em torno do sol, corresponde a 365,242199 dias.

Como nos calendários o ano é estabelecido em anos inteiros, surge uma diferença (0,242199 dias se o calendário for de 365 dias), que vai se acumulando ao longo do tempo, transformando-se em erro de dias inteiros ou semanas.
Para corrigi-los são incluídos de tempos em tempos, dias extras (29 de fevereiro, em anos bissextos) ou em se tratando do calendário judeu, acrescentam-se meses.

Iniciemos, pois, a nossa viagem fantástica ao passado e vamos estacionar a nossa nave há 13.000 Anos. Precisamente no período Neolítico. Também conhecido como Idade da Pedra Polida, fase da pré-história que ocorreu entre 12 mil e 4 mil anos a.C. Observemos agora os grupamentos humanos passando de nômades para sedentários, e essa evolução, determinou a substituição do extrativismo (Atividade produtiva baseada na extração ou coleta de produtos naturais não cultivados), pela agricultura (Arte de cultivar os campos; cultivo da terra; lavoura; cultura), surgindo daí a necessidade de uma melhor avaliação das estações climáticas a fim de que se soubesse o melhor período para o plantio. Daí a necessidade de dispensar atenção ao ciclo periódico lunar, estabelecendo assim o primeiro Calendário Lunar da história da humanidade. É precisamente desse período o primeiro calendário que se tem notícia, foi gravado num osso há 13.000 anos em Le Placard, na França.

Para muitos povos antigos, como o de Atenas, Jerusalém ou Babilônia, um novo mês era anunciado quando ao anoitecer surgia nos céus a lua crescente, celebrada com tochas e fogueiras. Seguindo essa tradição até hoje, o dia começa ao por do sol para os judeus e não à meia noite.

O mês lunar medido com precisão, tem 29,53059 dias. Isto significa um ano de 354,36708 dias, menor portanto, que o ano solar de 365,242199 dias.
O calendário judeu tem 12 meses lunares, o que resulta em anos de 353, 354 ou 355 dias. Intercalam um mês extra antes do mês Nisan, em anos chamados embolísmicos (Acréscimo de tempo ao ano lunar para que ele coincida com o ano solar), o que resulta em 383, 384 ou 385 dias. Dessa forma, após 19 anos, o ano judeu corresponde ao solar.
O ano de 2010 corresponde ao ano 5770 israelita, cuja contagem teria início na criação do homem.

Para os muçulmanos o calendário começa com a Hégira, saída de Maomé em 622 d.C. de Medina em direção à Meca. É um calendário, como determinou Maomé, exclusivamente lunar, de 12 meses. O ano tem 354 ou 355 dias. Começa, a cada vez, portanto, 10 a 12 dias antes do nosso. O ano 2.010 corresponde ao 1.430 AH (anno hegirae).

Agora, já preparados para nova viagem, deixemos para trás o período neolítico, e rompendo a barreira do tempo na velocidade do pensamento, vamos voltar um pouco e estacionar nossa nave no Egito, há 6.000 anos.

Chegamos, e agora, observamos a diferença cultural entre o povo do período neolítico, e a inteligência egípcia. O Egito foi o primeiro a adotar um calendário solar, ou seja; pela observação do sol, determinou o tempo, utilizando um ano com 12 meses de 30 dias, mais 5 dias adicionais, correspondentes ao aniversário de Osíris, Horus, Isis, Neftis e Set.
Isso foi possível porque podiam observar Sirius, a mais brilhante estrela do céu, ascender perpendicularmente ao sol da manhã uma vez por ano, precisamente na ocasião da cheia anual do Rio Nilo.

Embora constatassem que a duração do ano era de 365 dias e 1/4, seu calendário não foi corrigido para compensar a diferença de 1/4 de dia, senão em 238 a.C.

Feitas as observações do Calendário Solar, no Egito, embarquemos na nossa nave, e agora vamos aportar precisamente no ano 753 a.C. e observar os ensaios do que seria no nosso atual calendário.

Pronto, chegamos e estamos verificando os anais da história, e ela nos fala de uma lenda sobre o Calendário Romano. Diz que foi criado por Rômulo, o fundador de Roma, no ano 753 a.C. ano da fundação de Roma. Esse calendário era lunar e compreendia 304 dias e tinha 10 meses: martius, aprilis, maius, junius, quintilis, sextilis, september, october, november e december.

Mas por volta de 700 a.C. o segundo Rei de Roma, Numa Pompílio, acrescentou dois meses ao início do calendários, Januarius e Februarius, ampliando o ano para 355 dias. Isso fez com que os meses cujos nomes indicavam posição na seqüência do calendário perdessem o sentido original. Setembro, de sétimo, outubro, de oitavo, novembro, de novo e dezembro, de décimo.

Os dias do mês não eram identificados por números como hoje, mas divididos em três partes: calendas, nonas e idos. Daí a expressão idos de março, que corresponde a 15 de março. Calendas era o primeiro dia do mês romano. Dia de acerto de contas.

Como o calendário de 355 dias rapidamente se desalinhava das estações, passaram a ser intercalados meses para correção. Mesmo assim, foi acumulando desvio tão grande, que o imperador Júlio César, ao retornar do Egito, no ano 46 a.C. assessorado pelo astrônomo Sosísgenes, e para unificar os diversos calendários dos povos conquistados, determinou sua reforma, utilizando os conhecimentos egípcios do calendário solar, surgindo assim o Calendário Juliano.

Naquele ano, a fim de promover a sincronização com o ano solar, o calendário é estendido para 445 dias com 15 meses e é conhecido como O ANO DA CONFUSÃO.

Após o ano da confusão, o primeiro dia do mês de março passou a ser 1 janeiro e o total de dias foi aumentado de 355 para 365, com 1 dia extra adicionado a cada 4 anos. Esse dia adicional caia em fevereiro. Não no final desse mês, mas antes do sexto calendas (dias 25), chamado por isso de bis-sexto calendas. Em honra a césares, o senado romano mudou o nome do mês Quintilius para Julius (julho) e Sextilius para Augustus (agosto). O calendário Juliano nasceu, pois em 1° de janeiro de 45 a.C.

Durante os séculos seguintes, coexistiram três formas de nomear os dias do mês, a romana, com calendas, nonas e idos, a numérica, 1° a 28, 29, 30 ou 31 e a mais popular, atribuindo nomes de santos e de festas a cada um.

A Europa cristã, que sucedeu o Império Romano, adotou o calendário de Júlio César e no Concílio de Nicéia, em 325 d.C. determinou a data da Páscoa, o primeiro domingo depois da primeira lua cheia do equinócio da primavera.

Apontada data inexata para o equinócio, não só a Páscoa, mas várias importantes comemorações religiosas cristãs seriam celebradas em dia errado.

Na época do Concílio de Nicéia, em 325 d.C. o equinócio caia em 21 de março. Por volta de 1500 d.C. havia sido trazido pelo calendário para 10 ou 11 de março, um escândalo.

Em 24 de fevereiro de 1582, 1627 anos depois de proclamado o calendário de Júlio César, o papa Gregório XIII assina a bula que dá origem ao Calendário Gregoriano, de 365 dias, 5h 48m20s, em uso até hoje.

A ocasião do equinócio foi corrigida pela eliminação de 10 dias do ano anterior, retornando o evento para 20 de março.

No calendário gregoriano, temos três anos de 365 dias seguidos por um de 366 dias, denominado bissexto. É interessante observar que a cada 400 anos, três anos bissextos são suprimidos. De acordo com esta norma o ano de 1600 e 2000 foram bissextos enquanto que os anos de 1700, 1800 e 1900 foram normais.

Imediatamente aceito nos países católicos, entretanto só foi aceito pela Grã-Bretanha e colônias, em 1752, Japão em 1873, Rússia em 1923 e pela China em 1949.
Algumas nações que adotavam o calendário Juliano, mantinham a comemoração do ano novo em 25 de março, estendendo a festividade até o dia 1º de abril. Entre elas, a Inglaterra e a França.

Com a adoção do Calendário Gregoriano, o ano novo passou oficialmente para 1° de janeiro. Como os menos avisados continuassem a festejá-lo segundo o costume antigo, o dia 1° de abril ficou conhecido como o "dia dos tolos" - ou o "dia da mentira".

Aprimorado e agora universal, nosso calendário ainda traz erros em relação ao ano solar verdadeiro de 25,96768 segundos por ano. Isso significa que em 4.909 d.C. estaremos adiantados um dia inteiro.

Muitos são os calendários adotados pelas diversas civilizações. Mas isto será tema para novas postagens. Inclusive explicando nomes e origem das estações, dos dias, semanas e horas.

Por enquanto, vamos estacionar nossa nave, que está super aquecida e pensar um pouco em todos os lugares por onde mentalmente passamos. Obrigado pela companhia.


18/01/2010

2 comentários:

  1. Vicente.

    Como um cosmopolita voce deu uma volta ao mundo explicando o significado do tempo e sua historia. Temos muito orgulho de contar com autor escritor como voce. Vamos pra frente. Obrigado belo belo relato.

    A.Morais

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  2. Prezado Vicente.

    Um dia se alguem, no futuro, lhe perguntar porque o nome Sanharol saiba que existe essa versão: Antonia de Morais Rego, segunda esposa de Jose Raimundo do Sanharol, quando engravidou do primeiro filho Gabriel de Morais Rego, desejou dar a luz a criança na casa dos pais, na fazenda Timbauba, municipio do Arneiros. Logo na saida, existia um pé de Umburana e num oco, umas abelhas se assanharam e avansaram no cavalo que conduzia Antonia e ela sofreu uma queda e quebrou um braço. Isso por volta de 1850, quando não haviam nenhum meio de atendemento e o calo osseo se formava amarrando-se panos no braço para imobiliza-lo. Mas Totonha que era Feitosa dos Innhamuns era forte e deu continuidade a viagem e Gabriel nasceu na casa dos avós Gabriel de Morais Rego e Mãe Dona. Daí a origem do nome Sanharol para localidade.

    A. Morais

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