Pequeno texto de um cordel da nossa autoria.
Nunca gostei de falar
Dos mistérios do além
Mas vale a pena contar
A semelhança de alguém.
Eu vi um preto cantando
Que me fez ficar lembrando
O cantador de Teixeira.
Tão parecida a imagem
Que pensei ser a clonagem
Do poeta Zé Limeira.
Disse que foi Genuíno
Quem derrubou a bastilha
E que Jessiê Quirino
Foi barbeiro de Servilha.
Disse que em Juazeiro
Viu Antônio Conselheiro
Com Padim Ciço Romão.
Que na guerra de Canudo
Acabou-se quase tudo
Só ficou o caldeirão.
Que o velho Papai Noel
Passou na serra gaúcha
Que Caim matou Abel
Foi com ciúme da Xuxa.
Que tostão era torneiro,
Que Vavá foi violeiro,
E Didi tocou forró.
Que jogaram uma copa
Com um time da Europa.
Mas perderam em Mossoró.
Disse que foi Chico Bento
Quem descobriu o Brasil
Chegou aqui num jumento
Dia primeiro de abril.
Assim que desapeou
Vasco da Gama chegou
Trazendo Collor de Melo.
Depois Chico entrou no mato
E viu Monteiro Lobato
Com o pica-pau amarelo.
Disse que em Itatira
A cachaça é muito boa
Que Mocinha de Passira
Foi quem matou João Pessoa.
Que tomou banho em Orós
Com a Rachel de Queirós
E Dimas o bom ladrão.
Que arranjou com Louro Branco
Chapéu, gravata e tamanco
Pra rezar em Conceição.
Falava que o Vaticano
Ficava no juazeiro
E que o papa romano
Já tinha sido romeiro.
Disse que brigou na guerra
Que matou oito sem-terra
De Montese pra Campina.
Depois viajou pra França
Comeu que encheu a pança
Na pensão de Josefina.
Que viu o Chico Pedrosa
Recitar verso em Milão
Mas uma velha dengosa
Fez a maior confusão.
Que o Pinto do Monteiro
Fugiu do seu galinheiro
E foi cantar lá em Granja.
Pegou um cabra inspirado
Voltou de lá apressado
Pra não virar uma canja.
Mundim do Vale
"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".
Dom Helder Câmara
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Parabens Mundim.
ResponderExcluirValeu a prosa com o Ze Limeira.
mais outro belo poema dessa fera
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