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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 6 de maio de 2010

DE MÃE PARA MÃE - MENSAGEM ENVIADA POR MUNDIM DO VALE.


Vi seu enérgico protesto diante das câmeras de televisão contra a transferência do seu filho, menor infrator, das dependências da FEBEM em São Paulo para outra dependência da FEBEM no interior do Estado.

Vi você se queixando da distância que agora a separa do seu filho, das dificuldades e das despesas que passou a ter para visitá-lo, bem como de outros inconvenientes decorrentes daquela transferência. Vi também toda a cobertura que a mídia deu para o fato, assim como vi que não só você, mas igualmente outras mães na mesma situação que você, contam com o apoio de Comissões Pastorais, Órgãos e Entidades de Defesa de Direitos Humanos, ONGs, etc... Eu também sou mãe e, assim, bem posso compreender seu protesto. Quero com ele fazer coro. Enorme é a distância que me separa do meu filho. Trabalhando e ganhando pouco, idênticas são as dificuldades e as despesas que tenho para visitá-lo. Com muito sacrifício, só posso fazê-lo aos domingos porque labuto, inclusive aos sábados, para auxiliar no sustento e educação do resto da família...Felizmente conto com o meu inseparável companheiro, que desempenha para mim importante papel de amigo e conselheiro espiritual. Se você ainda não sabe, sou a mãe daquele jovem que o seu filho matou estupidamente num assalto a uma vídeo-locadora, onde ele, meu filho, trabalhava durante o dia para pagar os estudos à noite. No próximo domingo, quando você estiver abraçando, beijando e fazendo carícias no seu filho, eu estarei visitando o meu e depositando flores no seu humilde túmulo, num cemitério da periferia de São Paulo... Ah! Ia me esquecendo: e também ganhando pouco e sustentando a casa, pode ficar tranqüila, viu, que eu estarei pagando de novo, o colchão que seu querido filho queimou lá na última rebelião da Febem. Nem no cemitério, nem na minha casa, NUNCA apareceu nenhum representante destas "Entidades" que tanto lhe confortam, para me dar uma palavra de conforto, e talvez me indicar "Os meus direitos"!

“Direitos humanos devem ser para humanos direitos”.

3 comentários:

  1. O Mundim me enviou esta mensagem há um bom tempo. Com a proximidade do dia das mães estou fazendo a postagem para que rezemos para estas mães, porque não se sabe qual das situações vive maior provação.

    Que Deus alivie o coração de todas as mães e de seus filhos.

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  2. Quando li o artigo do Mundim do Vale, um poeta maior! Pensei logo em dizer alguma coisa, mas o que dizer diante de suas colocações, já que sou um defensor incorrigível dos direitos humanos... O artigo indicava que havia apenas um comentário, e nesse comentário do Morais, ele resume todo o texto: "Que Deus alivie o coração de todas as mães e de seus filhos."(sic)

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  3. Situações difíceis, porém uma das mães ainda pode sentir o cheiro do seu filho, aperta-lhe a mão, enchuga-lhe uma lagrima, dizer que tudo vai ficar bem, lhe abraçar, lembrar juntos de certos momentos, dizer o quanto ele é importante pra ela, preparar uma comida do seu gosto, dizer feliz aniversario, contar novidades, ter alguns netinhos, e sera mae...A outra no entanto viverá de saudades de tudo isso, e lembrara todos os dias das noites de sono acordada, do medo dos engasgos, da agonia de ve-lo soluçar, de sua mãozina apertando seu dedo, do cherinho bom, da aflição de ve-lo cair, de ajuda-lo a levantar, das reunioes escolares, do ciume da primeira namoradinha, da torcida pelo primeiro emprego, das noites acordadas agora esperando que volte de alguma festa, do sossego quando escuta o barulho no trinco da porta, de torcer para que seu time de futebol ganhe o brasileirão, de ficar olhando ele dormir e agradecer a Deus por ele estar ali, de ouvir sua voz e suas confiçoes, de ver seu sorriso e ouvir mãe eu te amo.
    E...nunca pensar que tudo isso sera tera um fim.
    " Boi, boi,boi da cara preta leva o meu filho com um tiro de escopeta".É assim que se deve cantar? De que vale agora os direitos humanos se essa mãe ja não tem mais o seu filho?

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