Seu ofício era escrever. Tinha compromisso com os editores dos jornais que lhe cobravam uma crônica semanal. Quando inspirado, ele escrevia 4, 5, 6 crônicas de uma só vez e as guardava, distribuindo-as, semanalmente, entre as editorias a que servia. E assim foi durante anos até que se exauriram suas idéias. Nada mais lhe surgia à mente para escrever. Recorreu, algumas vezes, a simplesmente transcrever textos de outros autores, mas dando-lhes o devido crédito e nunca deixando de esclarecer que aquilo se devia à falta de imaginação sua, à falta de idéias. Até que resolveu parar de escrever, comunicando o fato aos jornais todos em que assim fazia. Depois de um tempo percebeu que sua ausência em nada afetou o mundo, o estado, a cidade, seu bairro e que ninguém sequer percebeu que ele deixara de escrever. Voltou a fazê-lo, para alegria dos Editores e indiferença dos leitores. Poderia, ao invés disso, ter-se internado numa clínica para loucos ou exilar-se, ir embora pra Compostela. Poderia, ainda, colocar um anel no dedo, usar um cajado e roupas de mago. Sair pelo meio do mundo inventando anjos, fazendo chover, tirando coelhos da cartola e iludindo o mundo. Mas não. Preferiu voltar a escrever suas crônicas que ninguém lê.
Xico Bizerra.
Parabens Xico. Aproveite bem sua temporada em Porto de Galinhas para descançar, compor belas musicas e escrever belas cronicas.
ResponderExcluirAbraços.
Muito bom o texto,mas... como tudo tem um mas, acredito que o mais importante do ato de escrever é você poder desabafar, poder soltar o que está engasgado. Eu, por exemplo, não escrevo para que gostem, se gostarem, ótimo e se não gostarem, fiz minha obrigação, desabafei. E sabe como é, um homem engasgado pode até morrer!
ResponderExcluir